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“Imposto do pecado”: como ficam as ações da Ambev com a Reforma Tributária?

A proposta prevê uma sobretaxa para os produtos considerados nocivos à saúde e ao meio-ambiente

“Imposto do pecado”: como ficam as ações da Ambev com a Reforma Tributária?
Foto: Envato Elements
  • A Reforma Tributária pode ser votada em primeiro turno nesta quinta-feira (6) às 18h na Câmara dos Deputados
  • O projeto prevê simplificar o sistema tributário brasileiro com a substituição dos cinco principais tributos por apenas dois
  • No entanto, os detalhes sobre o texto ainda seguem em negociação no Congresso

As ações da Ambev (ABEV3) podem ser impactadas com a aprovação da Reforma Tributária que prevê uma sobretaxa, definida como “imposto seletivo”, para os produtos e serviços considerados nocivos à saúde e ao meio ambiente.

Embora a classificação dos itens ainda não esteja definida, os especialistas apontam que o Congresso deve incluir as bebidas alcoólicas nesta categoria, o que pode ser prejudicial para os papéis da fabricante de bebidas. No entanto, os analistas apontam que ainda é cedo para dimensionar o peso da medida na performance das ações.

A previsão é que o texto da reforma tributária seja votado em primeiro turno na Câmara dos Deputados na noite desta quinta-feira (6). O objetivo central busca simplificar o sistema tributário do País. Por isso, o texto prevê a extinção de cinco impostos para dar espaço apenas para dois: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).

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A ideia é que o IBS substitua o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos Estados e o Imposto sobre Serviços (ISS) dos municípios, enquanto o CBS ficará responsável por unificar os impostos federais PIS, Cofins e IPI. As alíquotas dos tributos ainda não foram definidas, mas as estimativas do governo apontavam para um percentual de 25% como a ideal para manter a atual carga tributária.

No entanto, o projeto estabelece uma sobretaxa, definida como “imposto seletivo” ou “imposto do pecado”, como também é popularmente conhecida. A previsão é que esse tributo seja aplicado para os itens considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Segundo Marco Monteiro, sócio da área tributária do Veirano Advogados, a definição sobre quais produtos e serviços que estão sujeitos ao imposto seletivo deve acontecer por meio de uma lei complementar.

As bebidas alcoólicas e cigarros são os principais itens que devem ser enquadrados como imposto seletivo. “Em teoria, podemos ter uma série de outros bens e serviços tributados, como os jogos de apostas. O relatório cita um exemplo da União Europeia que tributa veículos automotores mais poluentes. Os alimentos ultraprocessados e com alto teor de açúcar também podem ser enquadrados”, avalia Monteiro.

Nesta perspectiva, a Ambev pode ser uma das empresas da bolsa mais afetadas pela proposta. Segundo a Genial, como o segmento de bebidas alcoólicas representa a maior parte da receita, pode haver um impacto relevante para a receita da empresa. “É justamente o foco da empresa já que o segmento de não alcoólicos representa menos de 10% do seu faturamento”, informou a Genial, em relatório.

Já a XP avalia que é preciso aguardar ainda os desdobramentos das negociações da Reforma Tributária e da lei complementar que deve definir os produtos e serviços que podem se enquadrar no imposto seletivo. Na avaliação da corretora, não há como prever o impacto do tributo sobre os resultados da empresa.

Por enquanto, a XP mantém sua recomendação de compra do papel com um preço-alvo de R$ 18,70 por avaliar que a companhia deve “enfrentar um sólido momento de ganhos pela frente” e por estar sendo negociada múltiplos baixos. Para 2024, as estimativas da XP apontam para um Preço sobre Lucro (P/L) 14,9x P/L, enquanto a média de oito anos da companhia para esse múltiplo é de 20,2x P/L.

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