- Ainda é cedo para dizer quais setores e papéis da Bolsa vão ser impactados – positiva ou negativamente – pela aprovação da reforma tributária
- Mas analistas já veem alguns indicativos de quais podem ser os possíveis impactos
- Na ponta positiva, bancos, indústria. Na negativa, commodities, bebidas e serviços
Pior para o setor de serviços, melhor para o industrial. Bancos vão passar batido. Possível impacto nas gigantes da mineração, da siderurgia e na… Ambev (ABEV3)? Ainda é cedo para dizer quais setores e papéis da Bolsa vão ser impactados – positiva ou negativamente – pela aprovação da reforma tributária.
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A simplificação dos impostos brasileiros estava em discussão há mais de três décadas. Agora, a reforma finalmente vai sair do papel após ser aprovada com folga nos dois turnos de votação na Câmara, na madrugada desta sexta-feira (7).
O texto prevê, sobretudo, o fim dos impostos federais Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o estadual Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o municipal Imposto sobre Serviços (ISS). No lugar, entram dois Impostos de Valor Agregado (IVA) e um Imposto Seletivo, que incidirá sobre produtos danosos à saúde e ao meio ambiente.
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No geral, a proposta é vista com bons olhos pelo mercado financeiro, que entende que a reforma caminha na direção da simplificação tributária, o que pode melhorar o ambiente de negócios e investimentos do País.
Impacto nas empresas da Bolsa
Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimentos, explica que essa primeira etapa da reforma, mais ligada aos tributos de consumo, não tem nenhum impacto para os setores ou investimentos na Bolsa. A mera simplificação do sistema será positiva para todas as empresas.
Ainda assim, pelo que vem sendo discutido, Conde vê o setor industrial como um dos menos impactados, já que uma parte dos impostos que era cobrado na “origem”, ou seja na indústria, agora ficará no “destino”, no varejo e em serviços. “Mas é muito cedo para falar e para precificar nas ações”, destaca.
- Veja também: Como nova regra tributária impacta os investimentos
Como a proposta prevê alíquotas diferenciadas, outros setores também estarão sujeitos a outro tipo de impacto. Isso porque um dos novos tributos criados, o Imposto Seletivo, prevê uma tributação maior em produtos ou serviços considerados nocivos à saúde ou ao meio ambiente
“Empresas de transportes, mineração e siderurgia, e petróleo, gás e petroquímicos, por exemplo, podem ser determinadas a pagar um Imposto Seletivo adicional por exercerem eventualmente atividades que são prejudiciais ao meio ambiente”, explica Rachel de Sá, chefe de economia da Rico. “Produtores de bebidas alcoólicas também podem pagar um imposto específico por seu produto ser prejudicial à saúde.”
Isso vai afetar as ações da Ambev (ABEV3)? Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, não ficou claro ainda como o Imposto Seletivo vai atingir as empresas. “Pode ser negativa para Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4), CSN (CSNA3), alguma parte da AMBEV. Empresas que podem ser parte na pecuária, as metalúrgicas, tudo que é fábrica também pode ser mais pressionada sobre esse aspecto. Mas não ficou muito claro”, diz.
As exceções
O texto da reforma tributária deixa de fora dois setores representativos da Bolsa: os bancos e a construção civil.
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Rachel de Sá explica que o setor financeiro não deve entrar no novo modelo tributário com base no IVA, dada a complexidade na apuração e na diferenciação entre operações de crédito e serviços de intermediação financeira. “Esperamos que o setor não enfrente grandes alterações no comparado com o modelo de tributação atual”, destaca a chefe de economia da Rico.
As ações dos grandes bancos, consideradas um dos ativos mais resilientes da Bolsa, podem até ser beneficiadas. “Os bancos vão se beneficiar dessa reforma tributária por ter uma alíquota diferenciada, mas também por todo o reflexo de desburocratização econômica. Bradesco (BBDC4), Itaú (ITUB4) eu vejo como bons nomes”, diz Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital.
Mas quanto a isso não há consenso. Gustavo Cruz, da RB Investimentos lembra que esses benefícios podem se manifestar mais num primeiro momento: “A segunda parte da reforma vai mirar bastante o setor financeiro”, afirma.
Já o setor Imobiliário, por ser muito heterogêneo – envolve aluguéis, compra e venda, incorporações, construção civil, loteamentos, administração – , também não acomodaria bem um tratamento único. Por isso, é outro que ficou nas exceções previstas no projeto da reforma tributária.
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