As bolsas da Europa fecharam em queda nesta segunda-feira, após novos estresses no setor imobiliário da China injetarem cautela nos mercados globais, ampliada ainda pela escalada global de rendimentos de títulos soberanos e do dólar no exterior. Investidores europeus também acompanharam novo dado apontando enfraquecimento da economia da Alemanha e falas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), incluindo a presidente Christine Lagarde, reforçando a necessidade de juros restritivos por mais tempo.
Leia também
As preocupações sobre a fragilidade da economia da China e juros globais elevados por mais tempo ditaram o clima negativo nas bolsas da Europa desde a abertura. Chefe de Dinheiro e Mercados da Hargreaves Lansdown, Susannah Streeter avalia que este cenário pesou especialmente sobre empresas ligadas a commodities, firmando a Bolsa de Londres no vermelho. No fechamento, o FTSE 100 caía 0,78%, a 7.623,99 pontos, em Londres.
Os temores sobre a China ressurgiram neste final de semana, em face de novos problemas no setor imobiliário. Ontem, a Evergrande comunicou que está impossibilitada de emitir novos títulos, devido a uma investigação da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários chinesa sobre sua subsidiária Hengda Real Estate. Ainda, a China Oceanwide Holdings, outra incorporadora tida como sistemicamente importante, anunciou suspensão das suas negociações na Bolsa de Hong Kong, após tribunal judicial das Bahamas determinar a liquidação das suas operações.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Já a alta nos rendimentos dos títulos públicos teve como base a expectativa de juros restritivos em algumas das principais economias do globo. Em especial, o rendimento do Bund alemão de 10 anos alcançou nível mais alto desde julho de 2011, na máxima intraday a 2,783%, segundo a CNBC, apoiado também pela fraqueza no índice de sentimento das empresas da Alemanha, medido pelo instituto Ifo, que caiu a 85,7 em setembro. Além disso, dirigentes do BCE reforçaram hoje que os próprios juros da zona do euro devem permanecer restritivos por tempo prolongado.
Em testemunho ao Parlamento Europeu, Lagarde afirmou que os dirigentes nunca discutiram redução dos juros e que estes devem seguir elevados pelo tempo necessário até a inflação atingir a meta. Neste sentido, o dirigente Pablo Hernández de Cos defendeu que manter os juros em nível restritivo é essencial para evitar um aperto excessivo ou insuficiente da política monetária, ambos com possíveis reações negativas para a economia europeia.
Ainda nos destaques desta sessão, a ação da Air France-KLM caía 3,65% em Paris, em meio a notícias de que a empresa pediu cerca de 50 aviões do modelo A350s, produzido pela Airbus (-0,74%), segundo reportagem do La Tribune. No fechamento, o CAC40 recuava 0,85%, a 7.123,88 pontos. Entre outros índices, o DAX fechou em queda de 0,98%, a 15.405,49 pontos, em Frankfurt; o FTSE MIB caía 0,68%, a 28.382,19 pontos, em Milão; o IBEX 35 baixava 1,22%, a 9.386,00 pontos, em Madri; e o PSI 20 recuava 0,79%, a 6.119,62 pontos, em Lisboa.