- Finanças desequilibradas apontam para escolhas que não estão surtindo o efeito desejado, o que gera frustração.
- O principal impacto do equilíbrio financeiro é a confiança de que as contas serão pagas, de que os projetos serão concretizados e de que é possível vislumbrar um futuro com segurança e com conforto.
- A organização é o primeiro passo para conseguir traçar o que é possível fazer dentro do planejamento financeiro.
A saúde financeira está diretamente ligada à saúde mental. Finanças desequilibradas normalmente apontam para escolhas que estão gerando frustração.
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Na avaliação de Paula Bento, sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP© pela Planejar, a saúde mental “tem tudo a ver com dinheiro porque a falta dele traz preocupações. Quando a pessoa se sente desorganizada ou não tem controle das suas finanças, isso com certeza gera impacto no emocional”.
Gustavo Cerbasi, especialista em inteligência financeira e sócio da plataforma SuperRico, explica que trabalhar no planejamento no sentido de orientar sobre as estratégias de organização é realizar “um trabalho preventivo de saúde mental, aumentando o grau de tranquilidade, de confiança e de previsibilidade das pessoas. Assim, elas se tornam mais tranquilas e isso se reflete em todos os aspectos da vida”.
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O principal impacto do equilíbrio financeiro é a confiança de que as contas serão pagas, de que os projetos serão concretizados e de que é possível vislumbrar um futuro com segurança e com conforto.
Essa confiança traz motivação e “pessoas motivadas se tornam também pessoas que produzem melhor, se relacionam melhor, que não estão preocupadas com contas que serão pagas em atraso ou com projetos que estão sendo desfeitos por causa de algum tipo de desequilíbrio. A relação é direta”, reforça Cerbasi.
Equilíbrio financeiro
Para Bento, conquistar o equilíbrio financeiro não é uma tarefa difícil desde que haja consciência. Ela revela que ter algum tipo de controle das entradas e saídas daquela pessoa ou família é o ponto principal para atingir esse estado financeiro.
Em complemento, o especialista mostra que no planejamento em geral, a premissa do equilíbrio é utilizada para montar qualquer estratégia. Ou seja, o planejamento parte do pressuposto de que, para construir poupança a longo prazo, a pessoa também precisa realizar projetos de curto prazo – como pequenas viagens, cursos, reformas de casa, etc.
Cerbasi comenta que é interessante encontrar certo equilíbrio entre trabalho, lazer e recompensas, procurando garantir uma verba para lazer. “Nesse caso, o lazer tem um papel essencial não apenas de um consumo prazeroso, mas também para servir como uma espécie de colchão diante de imprevistos”, comenta.
Como lidar com a inadimplência
De acordo com o Serasa, em agosto de 2023 o Brasil contava com mais de 70 milhões de cidadãos em situação de inadimplência. Nesse caso, a saúde mental pode ser uma das áreas mais afetadas na vida dessas pessoas. Para os especialistas, o inadimplente precisa fazer um levantamento de todas as suas dívidas, além de verificar renegociações e até mesmo permanecer sem crédito por um período determinado.
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A sócia da HCI Invest ressalta que não existe “receita de bolo” para todo tipo de inadimplente. Contudo, a intenção de se organizar é para que ele consiga fazer esse equilíbrio financeiro, quitando em algum momento essa dívida à vista ou com desconto. Isso porque atualmente, pagar dívidas parceladas é “um processo muito desafiador, dado os juros das renegociações”.
O sócio da SuperRico ainda qualifica a situação como um “desequilíbrio temporário”, ou seja, organizar uma agenda completamente focada na solução da inadimplência que atue em três frentes: corte radical de gastos, sacrifícios de aumento de renda e analisar todas as possibilidades de formação de caixa. “Dessa forma, o projeto resulta em dívidas liquidadas ou equacionadas a um preço muito mais baixo”, explica.
A importância da organização
Por fim, eles comentam dicas práticas para auxiliar na organização financeira do dia a dia. Bento revela que anotar quais são as entradas e saídas é o primeiro passo para conseguir traçar o que é possível fazer dentro do planejamento.
Ela também sugere trabalhar com teto de gastos, para entender quanto, em certo período de tempo e considerando sua situação financeira, uma pessoa acha que seria viável pagar em cada item do seu planejamento. Sem deixar de colocar gastos com o lazer. “A ideia é que a pessoa comece a tomar decisões financeiras mais qualitativas, melhorando a qualidade da decisão e também do planejamento”, afirma.
Cerbasi, por sua vez, complementa ao dizer que as ferramentas usadas para ajudar nesse planejamento precisam se adequar ao conhecimento, capacidade e disposição que cada pessoa tem de fazer esse controle. O profissional ainda recomenda dois tipos de oportunidades: plataformas de aplicativo de organização financeira e conversar com algum planejador financeiro.
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“A partir do momento que a pessoa tem um acompanhamento do seu padrão de gastos, normalmente a mudança de comportamento é muito intensa. A consciência gera desconforto e o desconforto gera a ação que nós precisamos para a mudança”, destaca.