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Como essa gestora usa a IA para diversificar a carteira de investimentos

Empresa usa modelos matemáticos e inteligência artificial para avaliar cenários. Confira

Como essa gestora usa a IA para diversificar a carteira de investimentos
Fernando Santos, Camila Fairbanks e Renato Ometto: os cérebros por trás da IA da Quantique. (Imagem: Quantique)
  • Estratégia quantitativa usa modelos matemáticos para avaliar cenários 
  • Gestora busca idiossincrasias de mercado, ao verificar as melhores opções de risco-retorno para o fundo

É certo que a inteligência artificial (IA) pode facilitar a vida de muitos profissionais, inclusive do mercado financeiro, mas seria possível bater o mercado com ela? Para o pessoal da Quantique, sim. A máquina pode ser utilizada em favor da diversificação.

 A gestora está chegando ao mercado com a estratégia quantitativa, que usa modelos matemáticos para avaliar cenários. “Nossa estratégia complementa qualquer tipo de portfólio, pois não agrega risco direcional. Procuramos geração de alfa e melhor risco-retorno”, diz Fernando Santos, sócio fundador da casa. 

O “alfa”, o qual o profissional se refere, consiste em uma medida de desempenho que representa o retorno adicional ou excedente da carteira de investimentos em relação ao seu índice de referência, que no caso da Quantique é o Certificado de Depósito Interbancário (CDI). 

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Santos explica que a estratégia abrange diferentes formas de aplicar o processamento de dados em favor dos investimentos, desde automação de um modelo até o uso de redes neurais avançadas. No caso da Quantique, a ideia é usar modelos matemáticos, estatísticos e machine learning (aprendizado de máquina) para buscar e interpretar comportamento de ativos de forma sistemática. 

Sem risco direcional

Os dados utilizados são de todos os mercados emergentes e desenvolvidos. Com eles se busca o valor relativo em todas as classes de ativos, sem tomar risco direcional. “Nunca vamos estar posicionados mais em Bolsa, moedas ou juros. Procuramos distorções  de mercado, comprando e vendendo de maneira que o risco direcional seja zerado”, diz. 

Santos define essa estratégia como uma busca por  incoerências de mercado, ao verificar as melhores opções de risco-retorno para o fundo. “Uma empresa que está com todos os fatores externos que se relacionam com ela positivos, mas seu preço não reflete esse movimento, mostra uma idiossincrasia, e isso dá resíduos no preço”, diz o gestor, mostrando o momento de entrada (ou saída) da Quantique. “Estimamos o tempo médio de reversão desse resíduo, tendo, dessa forma, a perspectiva de retorno para cada ativo.”

A gestora, que ainda não começou a captação de clientes, foi idealizada por Fernando Santos, egresso de J.P Morgan e Citadel nos Estados Unidos. Outros nomes da linha de frente são Camila Fairbanks e Renato Ometto, ambos com atuação em 3G Capital e Constellation.

Confira a seguir a opinião de Santos sobre alguns pontos de mercado:

Posicionamento no cenário

Nossas posições refletem os preços dos ativos dentro do consenso médio de analistas. A gente não se posiciona direcionalmente em nenhuma classe de ativos. Olhando para o portfólio não dá para dizer que estamos mais ou menos otimistas. Buscamos refletir o que é esperado e o impacto.

Resgates de fundos

Acontece porque houve perda de riqueza grande e, com isso, os investidores ficam mais conservadores. Todas as classes de ativos tiveram perdas, mas nós não agregamos risco direcional. Ao diversificar o risco, o investidor passa a correr o risco de portfólio que é inferior por ter diversificação. É um risco que gera mais alfa (superar o índice de referência) do que beta (volatilidade).

Cenários para 2024

O poder de previsibilidade está baixo, são muitas incertezas no cenário geopolítico. Nos nossos modelos não tentamos prever cenários, mas reagimos às informações que existem tentando ver se os preços de hoje correspondem com as probabilidades.

Selic em queda e Bolsa de lado

Podemos citar os problemas geopolíticos, guerras de Israel e Rússia. A incerteza nunca é boa para o mercado, que fica mais defensivo. Outro ponto são os juros americanos, com redução mais lenta do que o previsto, e isso traz impactos negativos.

Os juros em novo piso

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) procura colocar na balança inflação versus crescimento. Por isso coloca os juros mais pressionados para fazer o balanceamento. E enquanto os juros estiverem altos nos EUA, o mercado brasileiro estará relativamente menos atrativo.

O problema fiscal brasileiro

O Brasil precisa de um controle fiscal mais rigoroso, mas isso não tem sido feito. Existe uma tendência de gastar mais, mas a conta chega.

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