Para a Ativa Investimentos, o novo Plano Estratégico 2024-2028 que o presidente da Jean Paul Prates prometeu divulgar na próxima sexta-feira (24) será “essencial para o comportamento das ações” da Petrobras (PETR4). Justamente por isso que a corretora pede atenção do investidor mais ao aspecto qualitativo do plano do que por seu tamanho, que ronda a casa dos US$ 100 bilhões, conforme fontes disseram ao Broadcast, há duas semanas.
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“Ter conhecimento do montante a ser investido ao longo dos próximos anos é fundamental para o investidor ter ciência da geração de caixa que a empresa conseguirá alcançar ao longo do próximo quinquênio”, destaca a Ativa, lembrando que, em linhas gerais, quanto maior o investimento, menor a capacidade imediata de gerar recursos livremente e maior o escrutínio do mercado quanto à assertividade dos investimentos para que estes valores possam incrementar a geração de caixa futura a partir da sua execução.
Tendo em vista a destinação de US$ 78 bilhões a investimentos do plano 2023-2027, o mercado aguarda um valor maior para este novo plano. “Mas valores excessivos podem repercutir negativamente para as ações da empresa”, avalia a Ativa.
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Em conversa com analistas ainda em agosto, Prates comentou que possivelmente cerca de 10% deste valor seria adicionado ao novo plano em função da correção de valores, como inflação e aumento de custos de execução do setor.
Diante disso, a corretora passou a trabalhar com um plano de US$ 85 bilhões a US$ 90 bilhões. Há duas semanas, fontes ouvidas pelo Broadcast apontavam que o novo plano poderia ultrapassar os US$ 100 bilhões. “O que enxergamos como negativo, sobretudo se o porcentual atrelado a segmentos onde a companhia não tem comprovado know-how aumentar substancialmente”, pontua.
Além disso, ainda conforme a Ativa, saber se o plano manterá a companhia investindo majoritariamente onde tem expertise e condições de extrair maiores taxas de retorno reais “é importante para que os investidores mantenham a confiança no potencial de geração de valor por parte da empresa”.
Atualmente, segundo a corretora, 83% dos recursos estão alocados em exploração e produção, segmento onde a Petrobras, ao longo dos últimos 15 anos, obteve notável distinção perante os pares.
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“É sabido que, neste novo plano, Petrobras sairá de uma condição quase totalitária de pesquisa e desenvolvimento em Renováveis para uma posição mais ativa. Para isso, criou até uma Nova Diretoria e vêm assinando memorandos de entendimento como uma série de empresas internacionais. “Desta forma, é inegável que a nova avenida de recursos tomará parte considerável do novo plano, mas quanto maior esta mais a ação poderá repercutir negativamente dado a probabilidade de obtenção de boas taxas de retorno se tornar mais questionável”.
Dividendos
A remuneração do investidor de Petrobras, novamente, estará em jogo, uma vez que a distribuição de proventos respeita a fórmula: 45% da geração de caixa operacional menos os investimentos. “Assim, quanto maiores os investimentos, menores os dividendos regulares a serem pagos pela empresa”, pondera a Ativa, complementando que após criar uma reserva estatutária, que pode diminuir substancialmente a distribuição de dividendos extraordinários já em 2023, a imposição de valores muito grandes a investimentos pode fazer o mercado novamente questionar a alocação estratégica da empresa.
Dado as mudanças na economia global, como o ressurgimento da inflação, o aumento da demanda por petróleo no pós-pandemia e a existência de conflitos, o setor vem convivendo com dinâmicas de mercado voláteis, que tornam a execução de capex (capital expenditure, em inglês, que designa o montante de dinheiro despendido na aquisição de bens de capital de uma determinada empresa) mais desafiadora, afirma a equipe de research da Ativa.
“Neste sentido, Petrobras vem tendo dificuldades em executar integralmente o que se propôs a fazer nos últimos anos e a assunção de maiores valores ao plano de investimentos pode aumentar o questionamento dos investidores quanto à capacidade de execução”, destaca, lembrando que os desafios existem até mesmo em áreas em que a companhia domina, como em E&P. Há alguns dias a empresa diminuiu seu guidance de investimentos de 2023 nessa área, de US$ 16 bilhões para US$ 13 bilhões.
“Em suma, se a companhia teve de revisitar seu plano atual em uma área que conhece, as chances de vir a obter alguma frustração nos valores apontados pelo novo plano (para menos como também para mais) não deve ser negligenciável. Quanto maior a ambição do plano, maior o potencial de frustração”, conclui.
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