Todo ano apresenta alguma dificuldade, mas em 2023 o que mais os gestores tomaram foram dribles dos obstáculos e das incertezas que foram aparecendo. Por conta desse cenário, o sócio e gestor da Verde Asset, Luiz Parreiras, define este ano como “o ‘Garrincha’ para os mercados, referindo-se ao jogador de futebol que ganhou notoriedade na década de 1960 como ponta-direita e driblador.
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“Todo ano é difícil, e 2023 é o ano do ‘Garrincha’ para os mercados. A gente entrou no ano achando que as economias americana e global iam desacelerar, mas a China estava reabrindo. Tínhamos acabado de trocar o governo no Brasil, primeiro com muita preocupação, depois menos. Em março teve a quebra de bancos nos Estados Unidos e tudo parecia se encaminhar para ter a tal recessão e começar a reverter a alta de juros, mas veio o verão no hemisfério Norte e uma retomada de pujança econômica que ninguém esperava. As economias globais passaram o ano todo dando ‘olé’ nas expectativas dos investidores e isso tornou o trabalho de construir portfólio e de projetar cenários para 6 ou 12 meses à frente mais difícil”, afirmou Parreiras, durante painel do “Encontro com gestores”, promovido pela Icatu nesta manhã.
Segundo o gestor, esses foram alguns dos pontos que justificam o período de dificuldade não só dos fundos multimercados, mas dos outros ativos. “No Brasil, o conforto do juro muito alto mascara as outras coisas, mas praticamente todos os demais investimentos que as pessoas fizeram ao longo do ano provavelmente não tiveram uma performance excepcional”, diz.
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Em meio a essa dificuldade, a gestora tem buscando “manter a disciplina” enquanto não há uma tendência definida para os mercados. “Estamos em um mundo onde a volatilidade aumentou estruturalmente, com mais incerteza política e econômica. Então quando o mercado vai muito para um lado, a gente tenta ir um pouco para o outro, fugir dos consensos, pois isso tem se tornado muito perigoso”, afirma Parreiras. “Queremos equilíbrio até ter um pouco mais de clareza de ‘empurrar’ para um lado ou outro.”
Para Tiago Fernandes, sócio e gestor da SPX Capital, apesar do ano de “dribles macroeconômicos” para os investidores, agora é possível visualizar algumas posições construtivas. Ele diz que a SPX trabalha com posição aplicada (que aposta na queda) em juros globalmente e tem otimismo com economias como Estados Unidos, México e Brasil. “O Brasil melhorou ante emergentes porque tem muita gente fazendo besteira. Nossas reformas estruturais não são revolucionárias, mas melhoram [o cenário]. Teve uma evolução nas contas externas, um fundamento melhor para a moeda. É um Brasil ok”, afirma o gestor.