O desenvolvimento do mercado de crédito local pode implicar no aumento de eventos de crédito nos próximos anos, uma vez que haverá mais emissores e de diferentes setores atuando. A avaliação é de Antonio Correa, gestor de crédito da Icatu Vanguarda.
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“Enxergamos uma evolução. Entramos num ciclo virtuoso de liquidez no mercado secundário, mais gestores e emissores participando, o que é uma notícia boa para o alocador e para o cliente, pois tem mais potencial de geração de alfa e de maneira diversificada. Mas tem uma consequência natural. Poucos anos atrás os emissores recorrentes eram de setores com fluxo de caixa altamente previsíveis, mas agora cada vez tem mais setores menos óbvios, mais cíclicos. Então é natural que em um mercado mais ‘profundo’ vão ter mais casos de crédito”, afirmou Correa, durante painel do “Encontro com gestores”, promovido pela Icatu na quinta-feira (30).
Mas após os eventos de crédito deste ano, com o estresse gerado por papéis como Americanas (AMER3) e Light (LIGT3), o gestor avalia que as empresas vão iniciar 2024 mais preparadas, o que deve render “uma qualidade de carteira de crédito melhor.” “Vamos ter muita oportunidade de giro de carteira, pois tem muita emissão primária represada”, acrescenta Correa.
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Por enquanto, ele vê mais oportunidades no mercado secundário. “As emissões primárias são de emissores que são do primeiro tier (nível) de qualidade, e como tem tido muita demanda por esse tipo de ativo, os spreads (prêmios) voltaram muito rápido, em muitos casos até abaixo do que estavam antes de Americanas. Então talvez haja menos dinheiro para ganhar no primeiro tier do que um pouco abaixo, e digo duplo A ou A”, afirma.
Para Alexandre Muller, sócio e gestor responsável pelos fundos de crédito privado da JGP, os spreads dos papéis de crédito vêm convergindo desde o início do ano, mas é preciso fazer a ressalva sobre a dispersão estatística. “Hoje a discussão no mercado de crédito está associada à dispersão. O mercado está mais amplo e as oportunidades estão misturadas lá dentro”, diz Muller, destacando que isso é “bom para o gestor tentar diferenciar a carteira”.
Com foco na seleção de ativos e prazos, Stefan Castro, gestor de crédito da Absolute Investimentos, está “construtivo” com o mercado de crédito em 2024. “Mas tem que estar muito ‘casado’ com o cenário econômico”, observa.