Dados de arrecadação federal em dezembro e consolidados de 2023 também são esperados, além da participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento para apresentar o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto), que teve a vigência prorrogada até o fim de 2028.
Na enxuta agenda internacional, o índice de confiança do consumidor da zona do euro é o destaque, após a decisão de juros do Banco do Japão, além de balanços nos Estados Unidos de 3M, Procter & Gamble (P&G), General Electric e Netflix.
Os mercados internacionais operam sem direção única. Os futuros das bolsas em Nova York rodam perto da estabilidade, e os mercados europeus indicam perdas leves, enquanto os juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) longos sobem.
O dólar perde para seus pares principais, com expectativas por balanços de empresas estadunidenses e pelo índice de confiança do consumidor na zona do euro.
Na Ásia, a bolsa de Tóquio foi exceção e caiu, após o Banco do Japão (BoJ) deixar sua política monetária inalterada e a taxa de depósitos em -0,1% ao ano.
Já a moeda local, o iene, se fortaleceu ante o dólar e o juro do título do governo japonês (JGB, pela sigla em inglês) de 2 anos avançou a 0,055%, atingindo o maior nível desde 27 de dezembro, após o presidente do BoJ, Kazuo Ueda, dizer que a instituição irá considerar interromper o relaxamento monetário se sua meta de inflação de 2% for atingida de forma sustentável.
Na China, o tom positivo prevaleceu, na esteira de relatos de que o gigante asiático está preparando um grande pacote para ajudar seus mercados de ações, que acumularam fortes perdas em pregões recentes.
Segundo a Bloomberg, autoridades da China planejam mobilizar cerca de 2 trilhões de yuans (US$ 278 bilhões), principalmente das contas externas de estatais chinesas, para comprar ações no mercado doméstico por meio da aliança com a Bolsa de Hong Kong. Outros 300 bilhões de yuans em recursos locais também seriam usados para investir em ações.
No Brasil
A indefinição do rumo das ações no exterior, principalmente em Nova York, pode trazer volatilidade à bolsa local em manhã com alta de 1,42% do minério de ferro, mas queda do petróleo e com investidores atentos ao risco fiscal.
Dados de arrecadação do governo e a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira (22), devem repercutir.
O ministro disse que o assunto de uma eventual revisão da meta de déficit zero traçada para 2024 não foi discutida recentemente com o presidente Lula, mas pontuou que “houve desidratação” das medidas apresentadas pelo governo ao Congresso.
Do lado da receita, o ministro voltou a defender a revisão da desoneração da folha de pagamentos, de forma gradual, e disse esperar uma decisão a respeito até a próxima semana.
Segundo ele, os presidentes Lula, da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), “não pareceram refratários a dialogar reoneração”, após ruídos no mercado por temores de que o debate sobre a desoneração provoque uma antecipação na decisão de rever a meta fiscal.
Haddad disse não temer problemas na tramitação da agenda econômica no Congresso em 2024 e reiterou ser necessário ter cautela com os benefícios fiscais, que precisam ter limites de prazo e contrapartidas definidos em lei.
Ao ser questionado sobre a agenda de corte de gastos, defendeu começar a discutir custos “pelo andar de cima”. Sobre o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), Haddad disse que Lira, o deputado Felipe Carreiras e membros do seu futuro gabinete discutiram em 2022 um limite total para o Perse, de R$ 20 bilhões, e não um acordo temporal.
Lira rebateu o ministro: “Ele não combinou comigo. Combinou R$ 25 bilhões com o Congresso.” No radar ficam ainda os detalhes da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, publicada no Diário Oficial
da União, com veto de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares, mas garantindo um fundo eleitoral
recorde de R$ 4,9 bi para a eleição municipal deste ano.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), atribuiu o veto “unicamente” à diferença entre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estimado e o realizado. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, vai concluir de onde vão ser retirados esses vetos nos próximos dias, disse o relator do Orçamento de 2024, deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP).
Agenda
Os dados da arrecadação federal em dezembro e o consolidado de 2023 serão divulgados às 10h30. De acordo com o Projeções Broadcast, a mediana do mercado indica arrecadação de R$ 224,75 bilhões em dezembro e de R$ 2,312 trilhões, com aumento nominal em torno de 4% ante 2022. O Tesouro faz leilão de NTN-B e de LFT, às 11 horas.
O ministro Fernando Haddad, participa de evento sobre Reporto, às 15 horas. O presidente Lula concede
entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador (8h). O conselho de administração da Caixa Econômica Federal deve analisar indicações de sete novos vice-presidentes para o banco.
No exterior, estão programados a prévia de janeiro do índice de confiança do consumidor da zona do euro, às 12 horas, e balanços nos EUA, como de 3M, Procter & Gamble (P&G) e General Electric, antes da abertura dos mercados à vista em Nova York, e Netflix, após o fechamento. No Japão, à noite, serão publicados os PMIs composto, de serviços e industrial, preliminares de janeiro (21h30).