O sócio da Vinci Partners, Gustavo Cortes, avalia que as novas debêntures podem ser a porta de entrada para fundos de pensão aumentarem a exposição ao setor de infraestrutura. “Esse novo tipo de financiamento deve oferecer spreads melhores e atrair mais investidores institucionais do que individuais”, explica durante o Latin America Investment Conference, do UBS BB.
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As novas debêntures de infraestrutura mudam o incentivo tributário do investidor, como ocorre nas debêntures incentivadas, para incentivo para o emissor. A ideia é que com a dedução de imposto, a empresa emissora possa oferecer uma taxa de spread (diferença entre o preço de compra e o preço de venda) mais atrativa. “Os fundos de pensão, por terem benefícios fiscais como investidores, tem mais interesse nessa maior remuneração”, explica Cortes.
A lei das novas debêntures deve favorecer a emissão por empresas maduras ou com grande portfólio de concessões. “É uma emissão que só faz sentido para empresas e projetos que já são geradores de caixa”, afirma Cortes. Isso também deve ser um dos atrativos para os fundos de pensão. “Os títulos devem estar atrelados a empresas com previsibilidade de caixa no longo prazo, como empresas de transmissão de energia ou de saneamento”, avalia o sócio da Vinci.
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“Os fundos de pensão tem mais de R$ 1 trilhão em patrimônio com alocação concentrada em títulos do Tesouro”, destaca o sócio da Vinci. Para ele, o mercado das novas debêntures pode capturar parte desse potencial de investimento, no entanto, ainda deve demorar um ou dois anos para ter a maturidade para atrair os fundos de pensão. “Os fundos de pensão tem dois corolários: liquidez e diversidade e não vai bastar apenas uma ou duas empresas emitindo para criar esse cenário”, afirma.
Emissões no segundo semestre
As emissões das novas debêntures ainda depende de um decreto pra regulamentar quais projetos podem acessar o benefício fiscal. “A lei prevê uma desburocratização tirando a obrigação de um aval ministerial para cada emissão, mas ainda está em aberto como vai funcionar”, explica Cortes. Ao Broadcast, o sócio da Vinci disse que espera as primeiras emissões mais para o segundo semestre deste ano.
“Em um primeiro momento os agentes do mercado, fundos, agências de rating vão se debruçar para entender os riscos e os spreads interessantes para as novas debêntures”, avalia. Cortes, no entanto, acredita que as novas emissões devem deslanchar. “Existe uma expectativa de investimento trilionário em infraestrutura por conta das novas concessões. Os atuais instrumentos não vão dar conta de financiar tudo”, avalia.