A Arezzo (ARZZ3) e o Grupo Soma (SOMA3) anunciaram um acordo de associação e unificação de seus negócios em documento enviado ao mercado nesta segunda-feira (05). A companhia será comandada de maneira conjunta pelos atuais acionistas da empresa.
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De acordo com o comunicado, os acionistas da Arezzo serão donos de 54% das ações da nova companhia, enquanto os acionistas do Grupo Soma possuirão 46% dos ativos no final da transação.”Com a implementação da Operação, a companhia alcança um faturamento próximo de R$ 12 bilhões e passará a comercializar calçados, bolsas, itens de moda masculina, feminina e infantil, incluindo roupas e acessórios por meio de suas 34 marcas e mais 2 mil lojas, próprias e franquias”, informaram Arezzo e Soma.
Segundo o documento, Alexandre Café Birman será o CEO da nova companhia e Roberto Luiz Jatahy Gonçalves o CEO da business unit de vestuário feminino. Enquanto isso, Rony Meisler permanecerá como CEO da business unit AR&Co e Thiago Hering continuará como CEO da business unit Hering.
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O mercado reagiu de forma diferente para as duas ações. Por volta de 11h54, as ações ordinárias da Arezzo subiam 1,42%, a R$ 63,67. Já os papéis ordinários do Grupo Soma recuavam 0,5%, a R$ 7,67.
Segundo os analistas ouvidos pelo E-Investidor, as duas empresas são boas oportunidades para o investidor. Flavio Conde, analista da Levante, afirma que a fusão é uma junção de forças que se complementam. “A nova empresa terá uma maior abrangência, com vestuário e mais focada no público feminino. Com oportunidade de crescimento no mercado masculino além da Reserva, uma marca de roupa masculina da Arezzo”, explica.
O especialista comentam que não há diferença entre ter as ações da Arezzo e do Soma durante o processo, mesmo que aparente que os acionistas da Arezzo estão sendo beneficiados. “Não haverá uma diluição dos acionistas do Grupo Soma, porque essa junção é apenas uma de ações. Os acionistas da Arezzo estão com um percentual maior porque as ações da Arezzo valem mais. Essa é uma troca justa”, ressalta Conde.
Já Arthur Horta, especialista em investimentos da GTF Capital, explica que o a fusão deve gerar ganhos em sinergias, como o uso de 2.000 lojas. “O uso das fábricas da Hering, que pertence ao Grupo Soma, também poderão ser usadas pela Arezzo, o que gera um ganho maior ainda”, afirma.
No entanto, os especialistas comentam os riscos da operação e alertam que o investidor deve ter ciência deles. “O investidor precisa estar atento a eventuais análises da fusão pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), além de acompanhar se os resultados das companhias após a fusão está acompanhando a expectativa do restante do mercado”, afirma Arthur Horta, da GTF Capital.
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Na visão de Conde, um ponto a ser melhorado é o endividamento de R$ 1,1 bilhão do Grupo Soma e de R$ 450 milhões da Arezzo. Ainda assim, ele comenta que esse endividamento é confortável, visto que Soma tem um patrimônio líquido de R$ 7,6 bilhões e Arezzo tem R$ 2,9 bilhões. Outro ponto que pode ser desafiador é o volume de vendas, algo que para Conde “não é difícil de ser solucionado”.
“O valor dos produtos vendidos são altos, por isso a empresa nova empresa pode encontrar um desafio em realizar as vendas. Nesse caso, as companhias precisam fazer produtos que os potencias clientes queiram muito comprar. Esse é um desafio que as duas empresas estão superando bem, agora precisamos ver se elas manterão o mesmo ritmo juntas”, explica Conde.
Já os especialistas da Ativa Investimentos comentam que a integração dos grupos pode ser trabalhosa e de longo prazo, com necessidade de integrar tecnologia, equipes e Centros de Distribuição (CDs), com possível sobreposição dos CDs e maior custo variável. “O acordo é positivo no curto prazo para o acionista, mas, no médio prazo será desafiador para a integração completa dos grupos”, defendem os analistas da Ativa.
Mesmo assim, a Ativa Investimentos e Levante recomendam compra para as ações das duas empresas. “Vemos essa fusão como muito positiva e mantemos nossa recomendação de compra, mas não temos mais um preço-alvo para o final do ano, pois com a fusão as empresas devem ter um novo papel e vamos esperar os próximos passos para calcular o preço-alvo do novo ativo. Por enquanto, é muito interessante que o investidor tenha uma das duas ações para ter participação na nova empresa”, conclui Conde, da Levante.