O investidor pessoa física tem o hábito de olhar para a rentabilidade acumulada nos últimos 12 meses dos fundos antes de tomar decisões. Como os veículos do segmento de crédito aproveitaram boas oportunidades de alocação no ano passado e o “efeito Americanas (AMER3) e Light (LIGT3)” logo será “apagado” do recorte temporal, os maiores retornos observados recentemente devem resultar em um aumento de captações. A avaliação é de Marcelo Pacheco, diretor de investimentos (CIO, na sigla em inglês) da BB Asset.
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Segundo Pacheco, o ano de 2023 foi um dos mais difíceis para o mercado de crédito. Antes mesmo da revelação da fraude da Americanas, que ele destaca como um evento “gravíssimo”, os juros altos e o nível de alavancagem das empresas já eram pontos de atenção. Depois houve o evento de Light, que foi “bem mais grave”, na avaliação do executivo, dada a escolha da gestão da companhia em fazer uma manobra para o pedido de recuperação judicial. “O mercado começou a olhar quem estava mais alavancado pois, se todo mundo fosse por esse caminho, acabaria o mercado de crédito”, disse Pacheco, durante painel do BTG CEO Conference, nesta terça-feira (6).
O CIO da BB Asset afirma que essa sequência gerou uma onda de venda dos ativos no mercado e resgates nos fundos de crédito que durou até o final de abril. Na gestora, Pacheco afirma que houve um entendimento de que não se tratava de um evento sistêmico e que, com muito caixa, conseguiram aproveitar o cenário como uma oportunidade de alocação.
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“Então, em maio, havia perspectiva de queda da Selic à frente e uma situação fiscal mais clara. Ao mesmo tempo, percebemos empresas buscando solução para estrutura de capital via equity, vimos vários follow on em sequência. Essa combinação fez com que entrássemos no segundo semestre com perspectivas positivas e era claro que tínhamos uma oportunidade”, afirma Pacheco.
A abertura dos spreads (diferença entre o preço de compra e o preço de venda), com papéis AAA pagando juros muito altos, sem deterioração dos ratings de crédito se materializou em rentabilidade dos ativos, segundo o executivo. Ele destaca que o IDA-DI, que mede a rentabilidade de debêntures, já superou o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) em 12 meses. Dados da Anbima mostram que o acumulado do índice está em 15% no período, ante 12,78% do CDI.
Como os eventos de Americanas e Light foram em janeiro e fevereiro do ano passado, em breve o efeito que tiveram na rentabilidade dos fundos será “limpo” do recorte de 12 meses, o que deve atrair o investidor pessoa física.