A B3 (B3SA3) teve um resultado “negativo e sem brilho”, com um lucro menor causado pelo aumento das despesas operacionais e redução das receitas, disseram os analistas de Itaú BBA, BTG Pactual e BB Investimentos em relatórios nesta sexta-feira (23).
Leia também
A B3 reportou um lucro líquido recorrente de R$ 1,05 bilhão no quarto trimestre de 2023, queda de 8,2% na comparação o com lucro de R$ 1,15 bilhão do mesmo período de 2022. A receita líquida da companhia recuou 2,8%, indo de R$ 2,30 bilhões para R$ 2,24 bilhões. Já as despesas somaram R$ 1 bilhão, crescimento de 10% na comparação com os 976, 5 milhões do ano anterior.
Segundo os analistas do Itaú BBA, a redução no faturamento com negociações de ações foi o grande motivo para a queda das receitas da empresa. O volume médio diário negociado (ADTV) de R$ 24,3 bilhões foi 24,8% inferior ao quarto trimestre de 2022. ” O declínio pode ser atribuído a menos dias de negociação e a uma margem de receita ligeiramente inferior”, afirmam Pedro Leduc e sua equipe, que assina o relatório.
Publicidade
Já os analistas do BB Investimentos comentam que o patamar elevado da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, até contribuiu para essa redução de negociações de ações, mas o grande problema para a companhia ainda está nos juros dos Estados Unidos. Afinal, com o retorno proporcionado pelas taxas americanas em patamares elevados, os investidores internacionais procuram aplicar seus recursos na maior economia do mundo.
“Ainda que o corte da taxa de juros no Brasil tenha seguido o ritmo esperado para o trimestre, as incertezas quanto às decisões sobre a taxa de juros americana continuaram impactando o segmento de Ações e Instrumentos de renda variável. Cabe ressaltar a sazonalidade comparativa do ano anterior influenciada pelo período eleitoral”, explicam Luan Calimério e William Bertan, que assinam o relatório.
Os analistas do BTG reclamaram do aumento de despesas, que aconteceu por causa dos custos da operação da plataforma Desenrola – que a B3 desenvolveu para o programa de renegociação de dívidas do governo federal – e da consolidação da compra da Neurotech, anunciada em novembro de 2022.
“Além disso, o reajuste salarial anual, com acordo coletivo, impactou todo o trimestre, e a B3 pagou algumas despesas esperadas apenas em 2024 e 2025, principalmente relacionadas a contribuições decorrentes da regulamentação, o que ajudou a aumentar ainda mais as despesas da empresa”, argumenta Eduardo Rosman e sua equipe.
O que esperar das ações da B3?
Os analistas do BTG Pactual e do Itaú BBA não recomendam compra dos papéis da dona da Bolsa de Valores por acreditar que a ação ainda oferece riscos que não compensam para o investidor.
Publicidade
Segundo o BTG, a B3 continuou apresentando dados decepcionantes de negociações na Bolsa em janeiro. “Essa combinação de volumes ruins com nenhum contrapeso claro em custos poderia gerar resultados negativos adicionais e uma forte pressão do mercado sobre a empresa”, afirma Rosman e sua equipe.
Por causa disso, o BTG acredita que o investidor pode optar por outras empresas mais interessantes no setor financeiro voltado para investimentos, como a XP (negociada na Nasdaq). “Preferimos jogar o ciclo de queda de juros por meio de outros nomes com mais potencial de crescimento, como XP, BR Partners (BRBI11), Vinci e Pátria”, explicam os analistas.
O BTG tem recomendação neutra para B3 com preço-alvo de R$ 16,50, alta de 30,4% na comparação com o fechamento de quinta-feira (22). O Itaú BBA também tem recomendação neutra para B3 com preço-alvo de R$ 16, uma potencial alta de 26,5% em relação ao fechamento de quinta.
Por outro lado, o BB Investimentos recomenda compra para a ação com preço-alvo de R$ 15,50, uma provável alta de 23,3% em relação ao último fechamento. Os analistas entendem que a companhia segue apresentando resultados desfavoráveis em seu negócio principal (renda variável), porém a estratégia de diversificação tem sido relevante para compensação de receitas e se mostrado mais significativa a cada resultado.
Publicidade
“Assim, acreditando em um cenário mais favorável e na retomada do volume de negócios no mercado de capitais e até incorporarmos os resultados do quarto trimestre em nosso modelo reiteramos nossa recomendação de compra para B3”, concluem Calimério e Bertan, do BB Investimentos.