Os retornos dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) avançaram nesta segunda-feira (4), enquanto investidores consolidam apostas em cortes de juros nos EUA mais à frente do que inicialmente precificaram. O mercado está na expectativa por dados de emprego locais e falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, previstos para esta semana, que poderão trazer insights sobre o futuro da política monetária americana.
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Às 18h (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 4,598%, o da T-note de 10 anos avançava a 4,216% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,354%.
O monitoramento do CME Group mostrava, no fim desta tarde, que o cenário mais provável é que o Fed comece a cortar juros até junho. Entretanto, essa probabilidade caiu de 73,4% na sessão passada para 63,8% hoje. Oscilando, a aposta majoritária para a magnitude dos cortes ao longo de 2024 mudou, passando de 100 pontos-base para 75 pontos-base.
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Em comunicado hoje, o presidente da distrital do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, destacou que a inflação está em queda rumo à meta de 2%, mas alertou que é prematuro declarar vitória. Bostic afirmou que somente sentirá que é o momento apropriado para cortar juros quando estiver confiante no progresso da desinflação – ecoando o que outros dirigentes já haviam indicado nas últimas semanas. Os comentários do banqueiro central de Atlanta exemplificam o que o economista-chefe do Santander, Stephen Stanley, identificou como uma “mudança na retórica do Fed”.
Stanley lembra que, em dezembro passado, Powell havia sugerido que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) havia discutido cortes de juros na reunião daquele mês – “uma gafe de comunicação que levou os mercados a concluírem que o Fed começaria a se mexer no início de 2024”, falou o analista.
Mas, “na sequência dos tórridos dados econômicos de janeiro, as autoridades do Fed começaram a discutir cada vez mais a necessidade de serem ‘pacientes’ antes de declararem vitória sobre a inflação”, comentou Stanley. “Além disso, a atividade econômica sólida dá ao FOMC o luxo de esperar, uma vez que limita o risco baixista (nomeadamente, de desencadear uma recessão) de manter as taxas altas demais por tempo demais.”