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Educação Financeira

10 filmes e documentários da Netflix que todo investidor deveria ver

Além de momentos de lazer e distração, as produções transmitem lições sobre como conduzir um negócio

10 filmes e documentários da Netflix que todo investidor deveria ver
A marca da Netflix num aparelho de TV (Foto: Mike Blake/Reuters)
  • Em tempos de distanciamento social, quando passeios, bares e baladas precisaram ser praticamente cortados, a Netflix se tornou um dos passatempos preferidos dos brasileiros
  • Mais do que boas comédias ou dramalhões, o serviço de streaming também oferta uma série de documentários próprios
  • Além de momentos de lazer e distração, as produções transmitem lições sobre como conduzir um negócio

(Murilo Basso, Especial para o E-Investidor) – Que a Netflix é um dos passatempos preferidos dos brasileiros não é novidade para ninguém, ainda mais em tempos de distanciamento social, quando passeios, bares e baladas precisaram ser praticamente cortados em virtude da pandemia da covid-19.

Mais do que boas comédias ou dramalhões, o serviço de streaming também oferta uma série de documentários próprios, no formato de longa metragem ou de série documental, que podem ser considerados essenciais para os empreendedores. Além de momentos de lazer e distração, as produções conseguem transmitir importantes lições sobre como conduzir – ou, mais ainda, como não conduzir – um negócio.

Confira as escolhas do E-Investidor:

1. Desserviço ao consumidor (2019)

A sabedoria popular já diz que “o barato sai caro”. Não é exagero afirmar que essa é a ideia principal por trás da minissérie documental “Desserviço ao Consumidor”, lançada em 2019 pela Netflix.

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O objetivo é mostrar como a propaganda enganosa e a negligência na produção de produtos populares podem trazer consequências gravíssimas aos usuários. Numa época em que o consumo é todo fast, a série demonstra como a busca das empresas por lucro se configura, muitas vezes, em práticas criminosas.

A produção é dividida em quatro partes, cada uma abordando um segmento específico. Na primeira, o alerta é sobre as estratégias de marketing ligadas à indústria dos cosméticos, que geram uma sensação de urgência nas consumidoras e acabam fomentando um mercado de produtos falsificados contaminados com substâncias inimagináveis. No segundo episódio ficamos sabendo sobre a “febre do vape”, os cigarros eletrônicos que estão viciando adolescentes em nicotina.

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A série também mostra como fabricantes de móveis populares lançam mão de uma fachada sustentável para maquiar danos ao meio ambiente e bem como empresas gigantescas descartam embalagens teoricamente recicláveis em aterros ou praias do Sudeste Asiático. São exemplos para empreendedor nenhum seguir!

2. O Código Bill Gates (2019)

Bill Gates não é um dos homens mais ricos do mundo à toa. Ele revolucionou o mundo quando criou, ao lado de Paul Allen, a valiosa Microsoft, mas também é responsável por uma série de benfeitorias sociais realizadas por meio da instituição filantrópica que criou com sua esposa, Melina, a Fundação Bill e Melinda Gates.

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“O Código Bill Gates” é uma minissérie documental que tem como objetivo promover ao telespectador uma “jornada pela mente de Bill Gates”. Dividida em três partes, a produção aborda qual é a missão de vida de Gates (melhorar as condições de saneamento em nações em desenvolvimento), as relações que moldaram a vida do empreendedor, em especial sua amizade com Allen, e sua consciência de urgência para fazer do mundo um lugar melhor.

3. Na Rota do Dinheiro Sujo (2020)

Quando se fala em corrupção, é quase que automático associar a prática ao Poder Público. O que a série, que tem como um de seus realizadores o documentarista vencedor do Oscar Alex Gibney, busca mostrar são casos de corrupção corporativa nos Estados Unidos, em que os empresários se organizam em uma espécie de  quadrilha, mas de forma mais sutil. O sistema faz vista grossa e aos olhos do grande público os esquemas passam batidos.

Cada capítulo se dedica a uma história. O escândalo de emissões de poluentes da Volkswagen, conhecido como Dieselgate, que envolveu uma série de fraudes para reduzir as emissões de gases poluentes de alguns motores da fábrica em testes regulatórios, e até o império do atual presidente dos EUA e candidato à reeleição, Donald Trump, que estaria envolto em conflitos e transações suspeitas, são alguns dos casos abordados.

A produção já está em sua segunda temporada, com seis episódios cada, e acaba, em alguma medida, sendo uma crítica à ganância do “capitalismo selvagem”, que busca o lucro a qualquer custo, mesmo que isso signifique prejudicar muita gente pelo caminho. Aos empreendedores, fica a lição de que ética nos negócios nunca é demais.

4. Indústria Americana (2019)

Documentário vencedor do Oscar em 2020 e primeiro filme da produtora do casal Barack e Michelle Obama, a Higher Ground Productions, o documentário mostra o choque entre duas culturas que possuem diferenças significativas na hora de trabalhar: a norte-americana e a chinesa.

Um bilionário chinês decide abrir uma fábrica de vidro em Ohio, onde antes ficava uma planta da General Motors. A novidade cai como que uma dádiva sobre os locais e ex-funcionários da montadora, profundamente afetada pela crise de 2008. O empresário decide contratar dois mil norte-americanos, bastante ligados a uma tradição sindicalista, para trabalhar no empreendimento, onde o clima inicial é de otimismo. Aos poucos, porém, a tensão cresce quando o abismo entre as tradições chinesa e norte-americana em relação ao trabalho vai ficando evidente. Os norte-americanos, por exemplo, são classificados como “preguiçosos” pelos chineses, acostumados a longas jornadas e poucas folgas por mês.

Aos empresários, as lições mais importantes que o documentário deixa são de flexibilidade, vez que chefiar uma equipe não é uma receita de bolo – afinal, lida-se com vidas humanas – e sobre a importância da comunicação. Ser o mais claro possível e dialogar com chefes e colaboradores é meio caminho andado para criar um bom ambiente de trabalho.

5. The China Hustle (2017)

A crise de 2008 nos Estados Unidos teve origem na reversão de elevação do preço dos imóveis no país, três anos antes, mesmo período em que a inadimplência do segmento subprime de financiamento hipotecário – crédito de segunda linha concedido a clientes considerados de risco – ultrapassava 10% e tanto imóveis novos quanto usados começam a encalhar. O que o documentário original da Netflix, lançado em 2017, mostra é que as manobras financeiras fraudulentas não acabaram com o estopim da crise.

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O filme mostra como, entre 2008 e 2016, banqueiros norte-americanos usaram pequenas empresas na China para enganar mais investidores e como analistas de investimento descobriram que companhias chinesas que abriram capital na Bolsa de Valores eram, na verdade, fraudulentas. Grandes resultados, que nunca chegaram, eram anunciados. Talvez a pergunta que melhor resuma o documentário seja “até onde vai a ganância?”. Para investidores, o documentário se trata de um abrir de olhos sobre como não existe retorno milagroso.

6. Fyre Festival: Fiasco no Caribe (2019)

A história por trás de “Fyre Festival: Fiasco no Caribe” é tão absurda que parece até roteiro de ficção. um festival em uma ilha paradisíaca nas Bahamas com a proposta de ser luxuoso e exclusivo. Lanchas, jatinhos, bangalôs individuais, comida e bebida da mais alta qualidade e grandes nomes da música.

Na organização, o (suposto) aval de um artista bastante conhecido, o do rapper Ja Rule. O evento foi divulgado por influenciadoras de alcance mundial, como as modelos Kendall Jenner, Bella Hadid e Hailey Baldwin. Se tudo tivesse certo, com certeza o marketing em cima do Fyre Festival seria considerado um case de sucesso. Os ingressos chegavam a US$ 100 mil.

No primeiro fim de semana do festival, contudo, foram constatados problemas de segurança, alimentação, hospedagem, assistência médica e no contrato com os artistas que deveriam se apresentar. Lembra dos bangalôs individuais? Eram tendas para refugiados. As refeições assinadas por chefs estrelados? Sanduíches pré-embalados recheados com alface, tomate e duas fatias de queijo.

A perda estimada para os investidores foi de mais de US$ 24 milhões. O organizador, Billy McFarland, foi condenado a seis anos de prisão por fraude e hoje se encontra detido em uma prisão federal de baixa segurança no estado de Ohio. Lição? Nunca prometa o que não pode cumprir! Além disso, organização é tudo.

7. Chef’s Table (2016)

Talvez seja meio clichê dizer, mas a verdade é que “Chef’s Table” é uma daquelas peças culturais que passam “lições para a vida”. A série tem seis temporadas, sendo que cada episódio é dedicado a um chef considerado inovador – e tem até brasileiro na lista, o paulista Alex Atala, a quem é dedicado um episódio na segunda temporada.

Mais do que pratos deliciosos e sobremesas de encher os olhos, a produção, que já foi indicada a oito prêmios Emmy, fala sobre resiliência, combate ao preconceito, quebra (e, ao mesmo tempo, respeito) de tradições e sobre usar uma influência para causar um impacto benéfico na comunidade onde se vive. Aos empreendedores, ficam os ensinamentos sobre autenticidade, paixão e inovação, já que, se não tivesse ousado e arriscado, esses cozinheiros não teriam chegado ao patamar onde estão hoje.

8. Drogas: Oferta e Demanda (2020)

A fim de compreender a origem e o verdadeiro impacto do tráfico de drogas, uma ex-agente da CIA, Amaryllis Fox, investiga, de forma minuciosa, o dinheiro que está por trás de seis substâncias ilícitas.

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Cada episódio da minissérie documental foca em um tipo de entorpecente: cocaína, drogas sintéticas, heroína, metanfetamina, maconha e opióides. Amaryllis aborda desde a colheita da matéria-prima até o consumo final em países que ficam, literalmente, do outro lado do mundo em relação ao local onde a droga é produzida. A série também mostra como os cartéis definem os preços dos entorpecentes e controlam o mercado. Chama a atenção o fato de, nos EUA, o preço da cocaína tem se mantido estável há décadas, um fenômeno que não se repete em nenhum outro lugar do mundo.

Apesar de tratar de um tema sensível e polêmico, o documentário mostra como as pessoas envolvidas nesse mercado tomam decisões econômicas embasadas na lógica e, muitas vezes, em estudo.

9. Salvando o Capitalismo (2017)

Economista e professor universitário, Robert Reich trabalhou nos governos dos presidentes norte-americanos Gerald Ford, Jimmy Carter e Bill Clinton, quando foi secretário do Trabalho. Na produção, ele expõe suas ideias a respeito do capitalismo e da desigualdade de renda. Para traçar esse caminho, Reich entrevista americanos que integram a chamada classe média do país com o objetivo de discutir problemas que o capitalismo e o livre mercado têm causado ao país. Interessante que, apesar de democrata, ele conversa com pessoas com diferentes posicionamentos políticos.

Ainda que Reich não dê, efetivamente, uma fórmula mágica para “salvar o capitalismo”, o documentário cumpre bem o papel de ser uma aula introdutória sobre o funcionamento do livre mercado em solo americano. Trata-se de uma produção que fica ainda mais atrativa em tempos de eleições presidenciais no país, quando a economia ganha ainda mais foco.

10. Print the Legend (2014)

A temática da inovação é, sem dúvida, o que norteia essa produção da Netflix, que aborda a corrida pela liderança no mercado de impressão 3D. Para vencer essa maratona, é preciso criatividade e eficiência. A otimização de processos também é fundamental para conquistar o mercado. O olhar para lacunas de mercado também é demonstrado em “Print the Legend”, vez que os empreendedores percebem que o segmento de impressão 3D era muito restrito a grandes negócios, o que encareceria as impressoras. Alcançar a população em geral, com um equipamento de baixo custo, foi visto como oportunidade.

Um trunfo da produção é mostrar, além de competição com outras empresas, como se dão as relações pessoais nas próprias companhias – spoiler: muitas se desgastam.

É importante, nesse sentido, que os empreendedores compreendam que por mais que haja empresários que alçam voos sozinhos, a maioria esmagadora da inovação é feita mediante troca de experiências, conversas e, eventualmente, brigas. Por mais que, no caso do documentário, o foco seja numa tecnologia considerada revolucionária, ainda é o suor humano que acaba fazendo as grandes corporações serem o que são.

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