- O presidente Luís Inácio Lula da Silva demitiu na terça-feira (14) Jean Paul Prates do cargo de CEO da Petrobras
- A notícia repercutiu de forma negativa no mercado diante do receio do aumento de interferência política na gestão da empresa
- Apesar da crise de governança, a estatal continua sendo uma alternativa interessante para os investidores com foco em dividendos
A saída repentina de Jean Paul Prates do comando da Petrobras (PETR3/PETR4) nesta semana aumentou as especulações do mercado sobre uma possível redução dos dividendos nos próximos anos. Com o desejo do governo em acelerar os projetos de investimento, a tendência é que o lucro da empresa reduza e impacte no volume de proventos distribuído aos acionistas. Mesmo com essa possibilidade no radar, as ações da petroleira podem ser um caminho interessante para os investidores que buscam viver de renda passiva.
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Essa é a avaliação de Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos. Para ele, o dividend yield (DY) da Petrobras deve ficar próximo de 12% ao ano, patamar já considerado acima da média das empresas brasileiras, caso o novo comando da Petrobras atenda os pedidos do governo e acelere a execução dos projetos fora do core business da estatal, como as obras de refinarias e investimentos na indústria naval.
“Pelas declarações de pessoas ligadas ao governos, a ideia é retornar os investimentos na Petrobras e diminuir um pouco os dividendos. Particularmente, não acho que irão pôr um fim aos dividendos extraordinários, mas devem limitá-los”, diz Sobreira.
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O Bradesco BBI e a Ágora Investimentos também possuem uma perspectiva similar. Embora reconheçam a intenção do governo em aumentar os investimentos da Petrobras, ambos ressaltam que a política de distribuição de dividendos da estatal não deve ser alterada nesta nova gestão. A avaliação está ancorada na resistência que o governo enfrentará caso deseje realizar alguma mudança, sendo uma delas a Lei das Estatais, como mostramos nesta reportagem.
Viver de renda com os dividendos da Petro
A avaliação dos agentes do mercado permite ao investidor estabelecer um planejamento de investimento com o objetivo de ganhar uma renda passiva com os dividendos da estatal. Com base no histórico dos últimos cinco anos, a simulação de Sobreira, realizada a pedido do E-Investidor, mostrou que os aportes mensais de R$ 500 em ações da Petrobras durante 11 anos devem se transformar em um patrimônio de quase R$ 200 mil.
Ao levarmos em consideração o dividend yield (DY) dos últimos 12 meses, esse valor seria o suficiente para garantir uma renda mensal de R$ 3 mil ao investidor. Agora, se manter a periodicidade das aplicações por mais três anos, pode conseguir um “salário” de R$ 5 mil com os investimentos na Petrobras. Segundo Sobreira, esse planejamento se torna viável porque a estatal tem apresentado bons indicadores operacionais nos últimos trimestres.
Veja quanto você precisa investir em Petrobras para ter uma renda mensal de R$ 3 mil
Ações | DY atual | Tempo de investimento | Patrimônio necessário |
PETR4 | 19,07% | 10 anos e 9 meses | R$ 188,8 mil |
PETR3 | 18,35% | 11 anos e 2 meses | R$ 196,2 mil |
Fonte: Fábio Sobreira, Analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos |
Veja quanto você precisa investir em Petrobras para ter uma renda mensal de R$ 5 mil
Ações | DY | Tempo de investimento | Patrimônio necessário |
PETR4 | 19,07% | 13 anos e 4 meses | R$ 314,6 mil |
PETR3 | 18,35% | 13 anos e 10 meses | R$ 327 mil |
Fonte: Fábio Sobreira, Analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos |
Veja quanto você precisa investir em Petrobras para ter uma renda mensal de R$ 10 mil
Ações | Dividend Yield | Tempo de investimento | Patrimônio necessário |
PETR4 | 19,07% | 17 anos | R$ 629,3 mil |
PETR3 | 18,35% | 17 anos e 8 meses | R$ 654 mil |
Fonte: Fábio Sobreira, Analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos |
“Os números da Petrobras estão excelentes com um ROE (retorno sobre patrimônio) de 35% e com uma margem de lucro líquida de 25%”, afirma o analista da Rocha Opções de Investimentos. No entanto, a realidade atual exige que o investidor fique atento à volatilidade do petróleo e a interferência do governo na gestão da companhia. Esses dois fatores podem impedir a entrega de bons resultados nos próximos anos.