O dólar registrou alta nesta quarta-feira (5) e, na máxima do dia, teve a maior cotação em um ano, em R$ 5,30. No fechamento, a moeda americana estacionou em R$ 5,29, o maior patamar desde 5 de janeiro de 2023, quando fechou em R$ 5,35. A perspectiva é de que a moeda continue com tendência de alta no curto prazo, avaliam especialistas.
Nos últimos doze meses, o dólar apreciou 2,2% em termos reais. Em grande parte, esse movimento ocorreu impulsionado pela política monetária nos Estados Unidos, avalia o Itaú BBA. Entre março de 2022 e maio de 2023, a entidade subiu a taxa de juros em 5 pontos percentuais.
Na reunião de maio deste ano, a taxa foi mantida entre 5,25% a 5,50%. O presidente do Fed, Jerome Powell, avaliou que a inflação ainda está alta para uma redução nos juros. A próxima reunião do Comitê do Fed será entre 11 e 12 de junho.
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Outro fator que teve peso sobre a cotação foram as tensões geopolíticas, com guerras no Oriente Médio, entre Rússia e Ucrânia, além de maiores barreiras entre o Ocidente e a China, ainda de acordo com relatório do BBA.
Dólar deve seguir forte, avaliam especialistas
Para Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo LAATUS, o dólar deve seguir forte globalmente, principalmente por conta da expectativa de cortes de juros pelo Banco Central Europeu (BCE). “Muitos investidores que entraram para surfar a onda de alta de juros na Europa vão para os Estados Unidos, onde os juros ainda estão altos”, afirmou.
Nesta quinta-feira, o BCE anunciou corte em 0,25 ponto percentual na taxa de juros, que ficou em 3,75%. O corte já era esperado, após as taxas serem mantidas em níveis recorde desde setembro do ano passado. Já a taxa de refinanciamento foi de 4,50% para 4,25%, e a de empréstimos, de 4,75% a 4,50%.
As empresas exportadoras são as que mais se beneficiam com a alta do dólar, como as dos setores de siderurgia, óleo e gás, proteína animal e celulose. Entre as empresas, Laatus menciona Petros, JBS, Gerdau, Vale e CSN. Já no caso das empresas de varejo que vendem produtos importados, o preço terá de ser repassado para o consumidor.
Cenário interno pressiona real — veja fatores que impactam a moeda no curto prazo
Até o final do ano, o principal fator de pressão sobre o real deve ser a questão fiscal, avalia Laatus: “Existe alguma possibilidade do governo conseguir chegar na questão do déficit zero, o que é bem pouco provável e, dependendo do tamanho do Déficit, pode estressar mais ainda o cenário, afastar mais ainda o investidor e gerar mais fuga de capital, o que tende a pressionar mais o dólar para cima”. Ainda no mercado interno, outro fator é como que o banco central vai levar a política monetária: “Daqui paro final do ano, se tiver corte, pode amenizar um pouco a alta do dólar”.
O especialista lembra que, no segundo semestre, a agenda política pode ser mais esvaziada por conta das eleições municipais. O mercado ainda está atento a outro fator, que é a troca da presidência do Banco Central. O atual presidente, Roberto Campos Neto, tem o cargo até 31 de dezembro deste ano, e alguns nomes já são cotados para sua substituição. Para o final do ano, a Laatus espera que o dólar fique na faixa de R$ 5,20, com oscilações em torno desse patamar.
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Para o final de 2024, a expectativa do mercado é de que o dólar fique em torno de R$ 5,05, de acordo com o Boletim Focus divulgado em 03 de junho. Para Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos, essa previsão é otimista, e para ele o patamar deve estar acima disso. Ainda segundo Viotto: “Bater R$ 5,50 é muito mais fácil do que voltar para R$ 4,80, e a moeda deve chegar nesse patamar no curto prazo”. Ele menciona as pressões internas como principal causa para esse patamar.
Já na avaliação do Itaú BBA, o dólar deve fechar o ano em R$ 5,15. “A nossa expectativa de um dólar forte para frente somada ao ambiente doméstico desafiador nos fez revisar recentemente [a previsão] para R$ 5,15 por dólar (antes R$ 5,00) em 2024 e R$ 5,25 por dólar (de R$ 5,20) em 2025 e a Selic terminal para 10,25 (de 9,75)”, menciona relatório.