Quase a totalidade dos gestores de multimercados macro (94%) acredita que o Banco Central (BC) deve manter a taxa básica de juros em 10,50% na próxima quarta-feira (19), dia de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Além disso, eles projetam que o ciclo de queda da Selic já chegou ao fim. Nesse cenário, houve uma redução das posições aplicadas (que apostam na queda) de juros no Brasil, conforme pesquisa “Pré-Copom” da XP.
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“Em relação ao posicionamento dos gestores no mercado de juros, no Brasil observamos uma redução substancial nas posições aplicadas em juros [-18 pontos porcentuais]”, para 75% dos gestores, descreve o levantamento. “A principal mudança é o instrumento, com foco maior em juros reais em vez de nominais [fruto dos receios relativos ao fiscal e seus impactos na inflação].”
Na renda variável, sob avaliação de um [ambiente de piora macro local], a XP observa uma sequência de reduções nas posições compradas (que apostam na alta) na Bolsa brasileira, saindo de 85% em março, para 71% em maio e agora 65% em junho. “Os ruídos advindos de Brasília, uma maior desconfiança com o desempenho da economia local e juros ainda altos seguem reduzindo o apetite por maior risco em bolsa”, avalia a XP.
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Por outro lado, os dados mais fortes da economia global e os avanços tecnológicos – como a inteligência artificial (IA) – seguem sustentando mais otimismo e maior consenso em posições compradas em bolsa internacional, de acordo com a pesquisa. O porcentual de gestores comprados em bolsas internacionais cresceu 23 pontos porcentuais desde o início do ano, chegando a 70% neste mês. Ainda, na renda fixa, houve “aumento relevante de posições aplicadas em juros globais (+23,79 pp)”, indicando maior apetite por cortes de juros do que hoje precificado pelo mercado.
No câmbio, a pesquisa mostra que houve uma intensificação das posições compradas em dólar versus outras moedas, de 88,89% em maio para 94,44% em junho. “Na visão dos gestores, o ambiente mais favorável globalmente (principalmente as surpresas de dados americanos mais fortes) e juros mais altos por mais tempo trazem um tom mais positivo ao dólar”, descreve a XP. Em relação ao real houve certa estabilidade, com 37% dos gestores comprados em real, de 38% na pesquisa anterior.
A pesquisa foi feita entre os dias 05 e 12 de junho e foram consultadas 33 gestoras que possuem mandatos multimercados macro. Clara Sodré, analista de fundos da XP, é a responsável pelo levantamento.