A Prio (PRIO3) enfrenta uma série de desafios em sua produção, desde junho, devido à paralisação de vários poços e atrasos nas aprovações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), informam os relatórios dos analistas do Goldman Sachs e do Itaú BBA. Segundo eles, a produção no campo de Frade e no cluster Polvo & Tubarão Martelo foi diretamente impactada por essas paralisações, afetando negativamente a produção total da empresa.
Nesta quinta-feira (4), após o fechamento do mercado, a Prio disse que a produção média de junho foi de aproximadamente 88 mil barris de óleo equivalente por dia (kboed), uma leve queda de 1% em relação ao mês anterior. A produção no campo de Frade totalizou 46 kboed, uma queda de 1% em relação ao mês anterior, ainda afetada pela paralisação do poço ODP3 em maio, que aguarda a aprovação do Ibama para iniciar a recompletação.
O cluster polvo e tubarão martelo registrou uma produção de 14 kboed, uma queda de 7% devido à interrupção de produção no poço TBMT-10H, que está atualmente sob investigação para possível retomada. Esse cluster, diz a empresa, ainda é impactado pela paralisação da produção no poço TBMT-8H ocorrida em maio, também aguardando aprovação do Ibama.
Segundo analistas do Itaú BBA, apesar desses desafios, a produção em Albacora Leste aumentou 3% em relação ao mês anterior, o que ajudou a compensar parcialmente a queda na produção de outros campos. A produção média do segundo trimestre deste ano, aponta relatório do banco, foi de cerca de 90 kboed, representando um aumento de 2% em relação ao trimestre anterior, embora cerca de 5% abaixo da estimativa da Goldman Sachs para o período.
Os analistas do Goldman Sachs afirmam que o Ibama opera com disponibilidade limitada, o que tem levado a atrasos nas licenças e outras aprovações necessárias para manutenção, gerando riscos negativos para as estimativas de produção nos próximos trimestres. A Prio também observou que, devido a essa incerteza, há uma visibilidade limitada sobre quando as operações do instituto poderão retomar seu ritmo normal.
Apesar desses desafios, os analistas do Goldman Sachs mantiveram a recomendação de compra para a empresa de petróleo e gás, mas com a expectativa de que o momentum permaneça fraco até que o Ibama retome um ritmo normal de trabalho.
O que aconteceu com a Prio?
Paralisação de poços: vários poços, como o ODP3 no campo de Frade e os poços TBMT-8H e TBMT-10H no cluster polvo e tubarão martelo, estão paralisados ou tiveram produção interrompida. Isso afeta diretamente a produção total da empresa.
Atrasos nas aprovações do Ibama: a Prio diz que está aguardando a aprovação do Ibama para realizar recompletação nos poços paralisados. A limitação operacional do órgão, possivelmente devido a uma greve, está atrasando essas aprovações, o que impede a retomada e manutenção das atividades de produção.
Impacto na produção: a produção média do segundo trimestre de 2024 ficou cerca de 5% abaixo da estimativa da Goldman Sachs. Embora a produção de junho tenha sido relativamente estável, a interrupção em alguns poços impactou negativamente os números, segundo os estrategistas.
Riscos futuros: devido à incerteza sobre quando o Ibama retomará um ritmo normal de trabalho, há riscos negativos para as estimativas de produção da Prio para os próximos meses, o que pode afetar a performance financeira e operacional da empresa neste trimestre.
Lucro da Prio cai 2% no 1T24
A Prio reportou um lucro líquido de US$ 217,7 milhões no primeiro trimestre de 2024 (1T24), representando uma diminuição de 2% em comparação ao mesmo período do ano anterior (1T23), conforme divulgado ao mercado no dia 7 de maio. A empresa atribuiu essa redução nos lucros a problemas operacionais com o compressor de gás em Frade e uma falha no gerador em Albacora Leste. A receita total da Prio no trimestre foi de US$ 639,4 milhões, um aumento de 13% em relação ao mesmo período de 2023.
O Ebitda da Prio no 1T24 (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou US$ 477,8 milhões, um crescimento de 32% em comparação com o ano anterior. A margem Ebitda subiu 10 pontos percentuais no resultado do 1T24 em comparação ao ano anterior, chegando a 79%. O Ebitda ajustado, que exclui efeitos não recorrentes, cresceu 23% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$ 477,6 milhões.
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A margem Ebitda ajustada alcançou 79% no período, refletindo um aumento de 5 pontos percentuais na mesma base de comparação. O custo de extração, conhecido como lifting cost, caiu cerca de 21% em comparação ao 1T23, segundo a petrolífera. Ao final do trimestre deste ano, a dívida líquida da Prio era de US$ 975 milhões, uma redução de aproximadamente US$ 70 milhões em relação ao primeiro trimestre de 2023. A alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda ajustado, encerrou o período em 0,6 vez, 0,1 ponto percentual menor que no trimestre imediatamente anterior, quando estava em 0,7 vez.