O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve divulgar a definição da taxa básica de juros da economia, a Selic, na noite desta quarta-feira (31). A expectativa do mercado é de manutenção da taxa básica de juros em 10,50% ao ano. Segundo informações do Broadcast, o comunicado do BC deve vir em um tom duro para alertar o governo sobre uma provável alta de juros, o que impacta diretamente o Magazine Luiza (MGLU3).
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Na visão de Hudson Bessa, professor de finanças e mercado financeiro da FIPECAFI, a varejista depende de muito de crédito para financiar as suas comprar e as suas vendas, já que, com a taxa de juros em um patamar elevado, isso dificulta a venda e a receita das empresas. Para Bessa, algumas companhias do setor fizeram dívidas para investir no marketplace. Na época, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que mede o juros que a empresa deve pagar pelo empréstimo, estava em 2% ao ano em média. Hoje o CDI está perto de 10,50%.
“Por causa disso, as empresas estão com uma despesa financeira alta por causa do endividamento. Do lado da receita, a receita não se realiza, visto que a taxa de juro está a alta e prestação dos produtos para os consumidores ficam altas também, o que atrapalha as vendas de empresas como o Magazine Luiza (MGLU3)“, aponta Hudson Bessa.
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Ele lembra ainda que a queda das taxas de juros devem demorar para acontecer. Isso porque o risco Brasil está elevado no momento devido à questão fiscal e a “batalha entre o presidente Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto”.
O que fazer com as ações do Magazine agora?
Em meio às novidades e ao cenário macroeconômico, os analistas se dividem sobre o que o investidor deve fazer com MGLU3. A equipe do BB Investimentos reconhece as dificuldades que a empresa possui com os juros em um patamar elevado. Isso porque a taxa básica de juros da economia, a Selic, está em 10,50% e o mercado estima que o Banco Central deve manter o indicador nesse mesmo nível até o fim de 2024.
No entanto, as especialistas reforçam que o Magalu conseguiu reverter sua situação ruim dos últimos anos. A companhia passou a ter uma margem de lucratividade maior e teve um lucro líquido de R$ 212,2 milhões entre outubro e dezembro de 2023, o que ajudou a reduzir o prejuízo do fim do ano. Em 2022, o Magazine Luiza reportou um prejuízo líquido de R$ 499 milhões. Em 2023, o prejuízo foi 96% maior, de R$ 979 milhões.
No primeiro trimestre de 2024, a empresa reportou outro lucro de R$ 27,9 milhões. Para as analistas do BB Investimentos, o destaque do trimestre foi o aumento da posição de caixa e, principalmente, a alta da rentabilidade da varejista. A margem Ebitda (proporção do lucro em relação à receita líquida da empresa, expressa em porcentagem) cresceu 2,5 pontos porcentuais na comparação anual, indo de 4,9% para 7,4%.
As analistas também apontam a alta de 2,6 pontos percentuais da margem bruta, que mede a rentabilidade da companhia, que foi de 27,3% no primeiro trimestre de 2023 para 29,9% em igual período de 2024, com outro ponto de virada da empresa da família Trajano.
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“Entendemos que a companhia tem apresentado bons números e uma estratégia consistente com foco no aumento de lucratividade e margens, não apenas de vendas”, dizem Georgia Jorge e Andréa Aznar, que assinam o relatório do BB Investimentos.
Por isso, as analistas estão otimistas com a ação e calculam um preço-alvo de R$ 36,80 para as ações do Magalu até o fim de 2024. A cifra equivale a uma potencial alta de 232,12% na comparação com o fechamento de terça-feira (30), quando a ação encerrou o pregão a R$ 11,08.
O que esperar do balanço do Magazine Luiza no 2T24?
O Itaú BBA reconhece que a empresa conseguiu mudar seu quadro financeiro no balanço do primeiro trimestre de 2024. O banco está com um olhar otimista até em suas estimativas para o balanço da empresa do segundo trimestre. Em relatório publicado no dia 2 de julho, os especialistas dizem acreditar que a companhia deve reverter o prejuízo líquido ajustado de R$ 199 milhões para um lucro de R$ 2 milhões no segundo trimestre de 2024.
Essa melhora, segundo os especialistas, deve acontecer com a evolução da receita líquida da varejista. O banco estima um crescimento de 5,4% na receita líquida na comparação entre o segundo trimestre de 2024 e o mesmo intervalo em 2023. O montante deve ir dos R$ 8,57 bilhões para R$ 9,03 bilhões.
Na visão do BBA, o crescimento deve ser impulsionado pelas Vendas das Mesmas Lojas (SSS, na sigla em inglês), que devem crescer cerca de 15% na comparação entre o segundo trimestre de 2024 e o segundo trimestre de 2023. As vendas das mesmas lojas é um indicador que mede quanto uma mesma loja, que existe a mais de 12 meses, vendeu a mais ou a menos que o mesmo período do ano anterior.
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“Nós também esperamos que a rentabilidade do Magalu, medida pela margem bruta, cresça 2 pontos porcentuais na comparação entre o segundo trimestre de 2024 e o segundo trimestre de 2023. O indicador deve ir de 28.8% para 30.8%”, dizem Thiago Macruz e sua equipe, que assinam o relatório do Itaú BBA.
Ainda assim, o Itaú BBA classifica a ação do Magalu como market perform, desempenho dentro da média do mercado, que é equivalente a recomendação neutra, calcula um preço-alvo de R$ 15 para a ação do Magalu para fim de 2024, o que implica na alta de 35,4% em relação ao fechamento de terça-feira (30), quando o papel encerrou o pregão a R$ 11,08.
Por que o Itaú BBA não recomenda compra para as ações do Magazine Luiza?
Em outro relatório divulgado no fim de junho, os especialistas comentam o motivo para a recomendação neutra. A equipe do Itaú BBA reconhece a melhora do resultado financeiro da varejista nos últimos dois trimestres. No entanto, eles dizem que preferem esperar por um ponto de entrada melhor na ação. Isso porque o faturamento da companhia ficou abaixo do esperado no primeiro trimestre de 2024.
“Atualmente vemos as ações negociadas a um prêmio de 50% sobre a média do setor varejista. Entretanto, reconhecemos haver um risco ascendente para as nossas estimativas no caso de tendências de receita menores do que o previsto, levando potencialmente a maiores ganhos de endividamento (alavancagem)”, explicam Thiago Macruz e sua equipe.
Ou seja, cabe ao investidor decidir se prefere seguir as estimativas do BB Investimentos e comprar a ação ou se prefere ir de acordo com o Itaú BBA e não realizar nenhuma compra de Magazine Luiza (MGLU3) na carteira.
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