O Bradesco (BBDC4) encerrou o segundo trimestre de 2024 com lucro líquido recorrente de R$ 4,716 bilhões, um resultado 4,4% maior que o do mesmo intervalo do ano passado, e 12% acima do registrado no quarto trimestre de 2023.
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O crescimento dos resultados do banco veio principalmente da queda das provisões contra a inadimplência. O número é fruto do controle da inadimplência, resultado de ajustes na originação de crédito e na cobrança de empréstimos. A concessão de crédito também acelerou em relação aos trimestres anteriores. Veja os detalhes nesta matéria.
Análises do balanço do Bradesco
XP
A XP Investimentos avalia que o Bradesco apresentou resultados positivos e acima de suas expectativas no segundo trimestre.
Em relatório, os analistas Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre destacaram como pontos positivos o avanço o crescimento da carteira de crédito e o crescimento do NII (receita líquida de juros) com clientes após três trimestres em queda, além da redução do custo de crédito.
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“Apesar dos níveis ainda deprimidos, acreditamos que o banco apresentou resultados consistentes apontando para uma trajetória positiva”, eles escreveram, ressaltando a melhora dos indicadores de qualidade de crédito. “O banco parece pronto para retomar o crescimento gradual com confiança.”
Por outro lado, os analistas disseram que, apesar dessa recuperação apontar para o início de uma trajetória positiva para o Bradesco, eles ainda veem desafios pela frente e mantêm uma perspectiva cautelosa.
Itaú BBA
O Itaú BBA avalia os resultados de Bradesco como positivos no segundo trimestre do ano, reportando um lucro líquido reportado de R$ 4,7 bilhões, um aumento de 12% em relação ao trimestre anterior e 7% acima das previsões do BBA.
“Os resultados do segundo trimestre indicam que o Bradesco está no caminho certo para aumentar a atividade comercial e restaurar a rentabilidade”, destacam os analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, em relatório.
Os profissionais apontam que o desempenho operacional da empresa está avançando, com uma alta de 2,5% nos empréstimos em relação ao trimestre anterior e 5% maior na receita líquida de juros (NII) de Clientes.
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O banco avalia que a qualidade do crédito melhorou em 50 pontos base (bps), liderada por Pequenas e Médias Empresas (PMEs), que elevaram ligeiramente os índices de cobertura para 170%. As receitas de serviços também aumentaram 5% em relação ao trimestre anterior, lideradas por taxas relacionadas ao crédito e mercados de capitais.
Os resultados de seguros enfrentaram comparações difíceis e eventos climáticos no Rio Grande do Sul, levando seus resultados a caírem 4% ao ano. Na avaliação do Itaú BBA, o total de despesas gerais e administrativas foi o ponto negativo do trimestre, aumentando 8% em relação ao trimestre anterior e 11% ao ano em “outras” despesas.
“O capital de Nível 1 caiu 10 pontos-base para um ainda saudável 12,6%, dado os movimentos adversos da curva e o crescimento do portfólio”, destacam os analistas, apontando que o guidance (projeção) foi mantido inalterado, com o mix de produtos indicando que os lucros trimestrais continuarão a aumentar ao longo do ano para alcançar cerca de R$ 18 bilhões.
Embora as receitas tenham correspondido às previsões, aumentando 5% em relação ao trimestre anterior, o Itaú BBA avalia que as provisões para crédito caíram 7% em relação ao trimestre anterior, levando a um resultado final acima do esperado.
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O Itaú BBA mantém uma recomendação market perform (o equivalente a neutra) para Bradesco, com preço-alvo de R$ 15,50, o que representa um potencial de valorização de 22% sobre o fechamento da última sexta-feira (2).
Goldman
O Goldman Sachs avalia que a receita líquida de juros do Bradesco e a qualidade dos ativos reportados no segundo trimestre mostraram tendências positivas. O banco espera que os resultados sejam bem recebidos pelo mercado, dadas as expectativas ainda baixas e as tendências de melhoria na receita líquida de juros do cliente e na qualidade dos ativos.
Em relatório, os analistas Tito Labarta, Tiago Binsfeld, Beatriz Abreu e Lindsey Shema apontam que o lucro líquido recorrente alcançou R$ 4,7 bilhões, registrando um aumento de 12% em relação ao trimestre anterior e de 14% em comparação ao ano anterior. Esse resultado superou as expectativas do Goldman Sachs em 10%.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) subiu para 11,7%, marcando o nível mais elevado desde o terceiro trimestre de 2022, comparado a 10,5% no primeiro trimestre deste ano. A redução nas provisões, que diminuíram 7% trimestralmente e ficaram 16% abaixo das estimativas do Goldman Sachs, contribuiu significativamente para esse desempenho. Este resultado foi impulsionado por um contexto em que a qualidade dos ativos melhorou, evidenciado pela queda da taxa de créditos não performados (NPL) para 4,3%, uma redução de 60 pontos-base (bps).
A receita líquida de juros ficou ligeiramente abaixo da previsão da casa, principalmente devido à receita líquida de juros de mercado mais fraca, enquanto a receita líquida de juros do cliente aumentou 5% trimestralmente, com os empréstimos aumentando no trimestre, particularmente empréstimos para Pequenas e Médias Empresas (PMEs).
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O banco avalia ainda que as taxas estavam modestamente acima das expectativas, compensando seguros mais fracos, e as despesas estavam em linha. O Goldman destaca ainda que embora a receita líquidas de juros do cliente tenha melhorado, a receita líquida de juros de mercado segue sob pressão.
O Goldman Sachs mantém uma recomendação de compra paras ações preferenciais do Bradesco, com preço-alvo de R$ 14, o que representa um potencial de valorização de 10,7% sobre o fechamento da última sexta-feira (2). Para a American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) de Bradesco, o preço-alvo de é de US$ 2,70, o que representa um potencial de valorização de 22,2% sobre o fechamento da última sexta.
Safra
O Safra avalia como positivo para o balanço do segundo trimestre do Bradesco divulgado mais cedo, destacando que além de apresentar receitas maiores, a companhia entregou uma forte originação no segmento de Pequenas e Médias Empresas (PMEs), que impulsionou a receita líquida de juros (NII) e as margens financeiras líquidas (NIMs), revertendo a tendência de queda após seis trimestres.
Em relatório, os analistas Daniel Vaz, Silvio Dória e Gabriel Pucci apontam que a qualidade dos ativos foi melhor do que o esperado, confirmando a expectativa do banco de uma melhora no portfólio do banco, com uma queda de 50 pontos-base (bps) em NPL-90.
“Vemos o banco apontando para melhores tendências à frente, o que deve apoiar nossas estimativas atuais e representar um risco de alta potencial para os números de 2025 e retorno sobre o patrimônio líquido (ROE)”, destacam os analistas.
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O banco avalia que os destaques do resultado apresentado por Bradesco foram o capital de giro, hipotecas e empréstimos pessoais. Em qualidade de ativos, a formação de NPL de 90 dias ficou em 5,6%, recuo de 56 pontos-base na base trimestral, criando R$ 8,312 milhões de novos créditos não performados (NPLs).
O Safra manteve uma recomendação outperform (o equivalente a compra) para as ações preferências de Bradesco, com preço-alvo de R$ 16, o que representa um potencial de valorização de 26% sobre o fechamento da última sexta-feira.
Ativa
A Ativa Investimentos definiu o resultado do Bradesco no segundo trimestre como “bastante positivo” e disse que o lucro líquido veio 8% acima de suas projeções.
“O trimestre foi marcado pela melhora no produto bancário, no qual o Bradesco não só voltou a crescer mais consistentemente sua carteira, como o spread (diferença entre o preço de compra e o preço de venda) melhorou após consecutivos trimestres de queda”, escreveu o analista Pedro Serra, em relatório. Ele definiu a margem financeira líquida do banco como o destaque positivo do trimestre, “um importante indicativo para frente e que dá maior confiança no processo de recuperação de rentabilidade do banco”.
“Vale ressaltar que o resultado do Bradesco não é só positivo no trimestre, é principalmente no qualitativo, nos parece um fim do movimento risk off (aversão a risco) da carteira enquanto a qualidade segue melhorando, o que dá maior confiança nos próximos resultados do banco”, ele acrescentou.
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A Ativa Investimentos manteve sua recomendação para as ações do Bradesco (BBDC4) como neutra, com preço-alvo de R$ 17, o que representa um potencial de valorização de 34,4% com base no fechamento de sexta-feira.
*Com informações do Broadcast