Veja as estimativas dos analistas para a ação do Nubank (Foto: Divulgação/Nubank)
O Nubank(ROXO34) reportou um lucro líquido de US$ 487,3 milhões no segundo trimestre de 2024, uma alta de 116,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando a empresa lucrou US$ 224,9 milhões. Para os analistas do UBS BB, Genial Investimentos e BB Investimentos, o resultado do Nubank foi forte e positivo, mas com alguns pontos que merecem atenção.
O UBS BB elogiou o lucro do banco, que ficou 17% acima das expectativas. “O grande destaque do trimestre vai para a redução de custos relacionado aos riscos dos empréstimos. Já a maioria das outras métricas de qualidade de ativos registraram deterioração sequencial”, explicam Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Beatriz Shinye, que assinam o relatório do UBS BB.
Os analistas do UBS BB comentam que viram algumas tendências operacionais negativas no trimestre que podem limitar a reclassificação – como tendências negativas destacamos a pequena expansão sequencial em clientes usando PIX, ou uma desaceleração material no crescimento de empréstimos para os clientes pessoas físicas.
A carteira de crédito em dólar do Nubank foi de US$ 18,9 bilhões no segundo trimestre de 2024. Uma queda de 3,5% na comparação com o primeiro trimestre de 2024, o que mostra a desaceleração dita pelo UBS BB. Já os analistas da Genial Investimentos comentam que do lado positivo, o Nubank apresentou um número de clientes novamente em forte expansão, encerrando o segundo trimestre de 2024 com 104,5 milhões de clientes, alta de 24,8% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os analistas do BB Investimentos disseram o Nubank teve números positivo com uma rentabilidade muito elevada. O banco reportou um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês) de 28,4% no segundo trimestre. O número é muito maior que os das demais empresas do setor. O Itaú, por exemplo, teve um ROE de 22,4% no segundo trimestre de 2024. Já o Banco do Brasil teve um ROE de 21,7%. Bradesco e Santander tiveram uma rentabilidade abaixo de 20%.
“Os destaques positivos, em nossa visão, ficaram por conta do recorde de receitas e lucro líquido, bem como da Margem Financeira, que avançou tanto no conceito Líquida (NIM), quanto Líquida Ajustada ao Risco, sinalizando o momento incrementalmente mais favorável das safras recentes de crédito”, aponta Rafael Reis, que assina o relatório do BB Investimentos.
Inadimplência cresce, mas faz parte do plano do Nubank
Por outro lado, o analista comenta que a alta da inadimplência é algo que pode assustar o investidor. O Nubank viu o indicador subir de 5,9% no segundo trimestre de 2023 para 7% no segundo trimestre de 2024. Com a alta da inadimplência as Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) chegou a US$ 759,8 milhões, alta de 28,7% na comparação com os US$ 590,4 milhões do segundo trimestre de 2024. As provisões são o dinheiro separado pelo banco para cobrir os calotes dos clientes.
O especialista, no entanto, lembra que a inadimplência de 15 a 90 dias recuou na comparação entre o primeiro trimestre de 2024 e o segundo trimestre de 2024. O indicador foi de 5% entre janeiro e março deste ano para 4,5% entre abril e junho de 2024. Essa queda ajudou a companhia a reduzir as provisões na comparação trimestral. Os números recuaram dos US$ 830,7 milhões no primeiro trimestre de 2024 para os US$ 759,8 milhões no segundo trimestre de 2024, uma queda de 8,53%.
“O Nubank suaviza de certa forma preocupações crescentes quanto à recente escalada de sua inadimplência. Não apenas a inadimplência curta mostrou recuo, mas quando considerado o custo do crédito, a margem financeira, na verdade, se expande, reafirmando que a fintech não se propõe a estar no jogo de inadimplência baixa, mas de balancear riscos condizentes com rentabilidade adequada sobre suas linhas e seu público alvo”, aponta Rafael Reis do BB Investimentos.
Investidor deve comprar as ações do Nubank após resultado forte?
Embora o consenso é de que o resultado foi positivo e forte, os analistas do UBS BB e do BB Investimentos se dividem sobre o que o investidor deve fazer com as ações da companhia. A equipe do UBS BB diz que a fintech que se tornou um grande banco digital está com uma boa estratégia de querer focar na alta renda e tem apresentado números atrativos.
No entanto, os analistas dizem a ação da companhia está sendo negociada a 22 vezes o preço sobre o lucro estimado para 2025. Ou seja, o papel é visto pelo UBS BB como caro para o investidor. Por causa disso, o banco tem recomendação neutra para a ação do Nubank cotada em Nova York. O preço-alvo para o ativo é de US$ 13,50 para os próximos 12 meses, o que equivale a uma alta de 6,21% na comparação com o fechamento de terça-feira (13), quando a ação encerrou o pregão a US$ 12,71.
Já os analistas do BB Investimentos recomendam compra para a ação em Nova York e para o Brazilian Depositary Receipt (BDR) do Nubank no Brasil. O preço-alvo para a ação nos EUA é de US$ 15,60 para o fim de 2025, alta de 22,7%. Já o preço-alvo para o papel no Brasil é de R$ 13,80, crescimento de 12,7%. Segundo o analista, a recomendação acontece mesmo após a consolidação da visão “virada de chave” do Nubank do crescimento para a rentabilidade. Essa fase ajudou a direcionar, de forma mais contundente, o forte desempenho das ações nos últimos 12 meses.
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“O movimento não foi sem volatilidade, já que o roxinho, por se tratar de uma ação de crescimento, e com carteira de crédito mais concentrada, responde de forma mais sensível tanto a sobressaltos na curva de juros, quanto a noticiários que sugerem maior inadimplência em suas principais linhas. O investidor deve estar preparado para essas adversidades caso compre a ação”, explica Rafael Reis do BB Investimentos.
Ainda que tenha visto o resultado como positivo, a Genial afirma que não tem preço-alvo e recomendação para o Nubank (ROXO34) pelo fato da empresa não fazer parte de sua base de cobertura.