O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a Vale (VALE3), afirmando que, atualmente, a empresa não tem um dono definido. Segundo Lula, a companhia se assemelha a um “cachorro com muitos donos: ou morre de fome ou morre de sede”. As declarações do presidente ocorreram após a empresa anunciar a escolha de Gustavo Pimenta como seu próximo presidente, que assumirá o posto em 1º de janeiro.
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“A Vale, que tinha uma diretoria, eu sabia quem era o presidente, a gente sabia quem era. Hoje, nessa discussão que a gente está, de fazer um acordo para receber o dinheiro de Mariana, o dinheiro que prometeram para o povo, você não tem dono. Uma tal de corporate que não tem dono, é um monte de gente com 2%, monte de gente com 3%”, disse Lula em visita ao Centro de Operações Espaciais Principal (COPE-P) da Telebras nesta terça-feira (27).
“É que nem cachorro de muito dono, morre de fome ou morre de sede, porque todo mundo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou”, acrescentou o petista. “É importante que essas empresas tenham nome, cara, identidade, porque assim o povo tem a quem cobrar.”
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As declarações de Lula vieram após a mineradora anunciar, na noite de segunda-feira (26), em fato relevante, a escolha de Gustavo Pimenta como seu próximo presidente.
O executivo foi eleito de forma unânime pelo Conselho de Administração, “ao fim de um rigoroso processo de seleção suportado por uma empresa de padrão internacional, em conformidade com o Estatuto Social da Vale, políticas corporativas, regulamento interno do colegiado e legislações aplicáveis”.
O anúncio de Gustavo Pimenta encerra uma disputa que gerou, além de uma lista oficial de candidatos, uma corrida paralela entre nomes ligados ao governo Lula, com apoio das alas representadas pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia). A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3), também analisou o currículo de um possível candidato.
O discurso de Lula nesta manhã foi marcado por fortes críticas ao modelo de privatização de empresas estatais. Ele mencionou que, em muitas ocasiões, tentaram privatizar a Petrobras (PETR3; PETR4)“ao invés de tratá-la como uma empresa de orgulho do País, como uma das coisas mais extraordinárias”, comentou.
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“Quando há dificuldade de privatizá-la, eles começam a vender ativos separados e vão tentando desmontar o corpo: eu vendo um braço, eu vendo uma perna, vendo uma orelha, vendo os dentes. Ou seja, quando você volta, você percebe que a empresa está totalmente desmontada e não cumprindo mais aquele seu papel”, emendou.
Para Lula, o que falta no Brasil é que as autoridades e o governo tenham “o mínimo de brio” para preservar o patrimônio nacional. “Ter o mínimo orgulho de ser brasileiro e pensar um pouco nesse país, pensar um pouco naquilo que o Estado pode oferecer para o bem-estar da sociedade, para a soberania da sociedade”, disse.
Na fala, o chefe do Executivo também mencionou a privatização da Sabesp (SBSP3), que ocorreu em julho deste ano. A privatização da Vale (VALE3), a maior oferta de ações da história do setor de saneamento, movimentou R$ 14,8 bilhões. Lula comentou que “nunca apareceu empresário para fazer saneamento básico nas palafitas de Salvador”. “Eles [empresários] só querem fazer onde já tem uma estrutura feita pelo governo e está dando lucro”, completou.
* Com informações do Broadcast
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