Não se trata de uma estratégia única, mas várias serão necessárias para a Azul (AZUL4) evitar chegar ao “Chapter 11”, jurisdição à qual as companhias aéreas têm recorrido para se protegerem de seus credores internacionais.
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A disparada do dólar no segundo trimestre fez as dívidas da companhia aérea aumentarem R$ 3,7 bilhões só entre abril e junho, fechando em R$ 28 bilhões. Em meio aos problemas financeiros, a ação da empresa chegou a despencar mais de 20% na quinta-feira (29), com a Azul avaliada em R$ 1,9 bilhão.
O Broadcast apurou que tanto uma oferta de títulos de dívida no exterior (bonds) quanto uma emissão de ações são considerados neste momento, enquanto, paralelamente, a Azul conversa com os arrendadores de aeronaves e se prepara para discutir cenários com os detentores de títulos de dívida (bondholders). Esse grupo já contratou o PJT Partners para assessora-los, disseram fontes.
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O ponto de partida da estratégia seria uma nova emissão de bonds para liquidar suas dívidas com arrendadores de aeronaves e bondholders, prosseguir nas tentativas de fusão com a Gol (GOLL4) e buscar liquidez no mercado de ações, com sua dívida já organizada.
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A Azul trabalha desde o começo do ano com o Citigroup e a Guggenheim Securities para avaliar as oportunidades de fusão com a Gol, que deram uma esfriada por causa dos problemas enfrentados pela Azul. O Itaú BBA deve se juntar ao Citi em uma eventual oferta de ações.
A ponta principal no quebra cabeças da Azul são os arrendadores de aeronaves, que receberam ao redor de US$ 570 milhões em títulos conversíveis em ações na reestruturação de compromissos feita com esses credores no segundo semestre de 2023. Esses títulos começam a vencer este ano. Ainda em 2024, a Azul tem o vencimento de US$ 105 milhões em bonds que foram emitidos em 2017.
A Azul foi a única empresa aérea brasileira a não reestruturar suas dívidas sob proteção da Justiça e para muitos do mercado esse é o motivo de ainda enfrentar dificuldades financeiras. A Gol é a que mais recentemente recorreu ao Chapter 11 e com a qual a Azul já negocia uma fusão. A Latam saiu da recuperação judicial nos Estados Unidos em 2022, dois anos após ter entrado com o pedido.
Negociações da Azul com credores
Na conferência de resultado do segundo trimestre, o diretor financeiro da Azul, Alex Malfitani, afirmou que a companhia está engajada em conversas bilaterais com seus credores, principalmente os arrendadores. Assim como apoiaram o plano de reestruturação da Azul de 2023, a expectativa é contar novamente com o apoio delas pela frente, disse o executivo.
Uma das possibilidades, explicou Malfitani, é uma estrutura para uma emissão de bonds, tendo a Azul Cargo como garantia, o que permitiria captar até US$ 800 milhões. Fontes do mercado dizem que a Cargo é um dos únicos ativos que a empresa ainda tem livre para oferecer a credores como garantia a novos empréstimos.
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Pelo cronograma de dívidas, a Azul tem R$ 660 milhões vencendo este ano e R$ 985 milhões em 2025. A maior parte dos vencimentos dos próximos quatro anos, R$ 5,4 bilhões, ocorrerá em 2028. A situação da Azul, que já não era tão favorável, se agravou com a desvalorização do real frente ao dólar de 11,7%, que jogou sua alavancagem para 4,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no segundo trimestre. A dívida bruta fechou o período em R$ 28,1 bilhões.
Em um comunicado na tarde da última quinta-feira (29), a Azul informou que desenvolveu um novo plano estratégico para melhorar sua estrutura de capital e liquidez, em resposta aos desafios econômicos atuais. Veja os detalhes na reportagem:
A companhia aérea disse, no comunicado, que está em negociações com seus principais acionistas para otimizar a estrutura de capital. A empresa cita ainda a possibilidade de emitir dívida, mencionando a capacidade de US$ 800 milhões de captação com o uso da Azul Cargo.
A companhia menciona também a aprovação de lei que facilita o acesso das companhias aéreas a linhas de crédito com apoio do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac). No entanto, os R$ 5 bilhões previstos para a linha a todas as companhias aéreas são vistos como irrisórios para o tamanho dos problemas da empresa. A Azul ressalta que está “mantendo diálogos” com a Gol, sobre possíveis parcerias ou fusões com a companhia.
* Com informações do Broadcast
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