Mesmo com o acordo de arbitragem entre Boeing e Embraer (EMBR3) tendo ficado aquém das expectativas – foi determinado em US$ 150 milhões, contra uma faixa esperada de US$ 200 milhões a US$ 300 milhões por analistas -, o BTG Pactual (BPAC11) considerou “um acordo agridoce melhor do que nenhum acordo”.
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“Apesar dos desafios enfrentados pela Boeing nos últimos anos, chegar a uma resolução e concordar com um pagamento significativo é um desenvolvimento positivo”, escreveram Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, em relatório. A quantia a ser paga corresponde a 2% do valor de mercado da Embraer.
“Mantemos nosso call de alta para o ERJ (Embraer), considerando seu momentum favorável de lucros, caminho claro para a desalavancagem e a retomada do pagamento de dividendos no próximo ano”, escrevem. “Com ações sendo negociadas com múltiplo de 9 vezes o EV/Ebitda previsto para 2025, reiteramos nossa recomendação de compra.”
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Para os analistas, o fato de a arbitragem ter sido conduzida em sigilo deixou o mercado com informações limitadas sobre o valor potencial de reembolso. A estimativa média entre os investidores, de US$ 200 milhões a US$ 300 milhões, era consistente com o cálculo do BTG referentes às despesas de US$ 241 milhões da Embraer para separar e reintegrar sua divisão de aviação comercial após o fracasso do acordo com a Boeing. “Dessa forma, os US$ 150 milhões ficam aquém dessa expectativa média implícita”, escrevem.
Como o BTG não incluiu nenhuma expectativa de pagamento em seu modelo, qualquer quantia deve ser vista como uma vantagem.
Para o banco, a arbitragem foi apenas um dos muitos eventos que os investidores estão observando no companhia. Outros fatores incluem o sucesso das campanhas comerciais, a participação em feiras e anúncios de parcerias, entre outros.
Além disso, na visão dos analistas, o setor de aviação oferece atualmente um ambiente positivo em todos os seus principais segmentos, já que o comercial está se beneficiando da falta de capacidade de fabricação, o que ajuda a Embraer a ganhar terreno globalmente; o segmento executivo tem uma carteira de pedidos recorde; no segmento de defesa, a prioridade está na promoção do avião de carga militar KC-390; espera-se que o segmento de serviços e suporte acelere o crescimento após a abertura de uma nova unidade de manutenção em Portugal.
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“A Embraer está sendo negociada atualmente com múltiplo de 9 vezes o EV/Ebitda previsto para 2025, um desconto de 23% em relação a seus principais pares globais, o que nos leva a manter uma perspectiva de alta”, escrevem.