O dólar hoje à tarde registrou uma forte queda após o anúncio do corte de 0,50 ponto percentual nos juros nos Estados Unidos. Mas ganhou fôlego na reta final do dia e, no fechamento desta quarta-feira (18), a moeda americana acabou cotada a R$ 5,4617, uma queda de 0,48%.
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Às 15h40, o câmbio operava numa queda ainda maior: 1,08%, sendo negociado a R$ 5,427. Esse preço do dólar não era visto desde 16 de julho, quando a moeda fechou a 5,4286. O movimento de queda acentuou-se após a decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, de reduzir a taxa de juros para a faixa entre 4,75% e 5%. Pouco antes do anúncio, o dólar chegou a uma mínima de R$ 5,41.
Esse corte nos juros, o primeiro em quatro anos, já era amplamente esperado pelos investidores. Após semanas de especulações sobre o tamanho da redução, o movimento de 0,50 ponto veio em linha com as expectativas majoritárias do mercado. “O comitê ganhou confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2% e julga que os riscos para alcançar suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente equilibrados”, afirmou o Fed em comunicado.
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Apesar da decisão, não houve consenso: a diretora Michelle Bowman defendeu uma redução mais modesta de 0,25 ponto percentual, alinhada com cerca de 45% do mercado, segundo a ferramenta FedWatch.
O coordenador da Comissão de Economia da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec-Brasil), Álvaro Bandeira, diz que, com o corte dos juros, a inflação já caminha em direção à meta, e a coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, deve trazer mais detalhes sobre possíveis ajustes na política econômica, apesar do tom equilibrado do comunicado. “Esse bate e assopra está expresso no próprio comunicado. Acho que veio muito tranquilo [a decisão do corte], os mercados reagindo bem, a Bolsa melhorando, tanto aqui quanto principalmente nos Estados Unidos, taxa de juros caindo mais, câmbio caindo mais, bem dentro do que era esperado”, observa Bandeira.
Para o mestre em economia e líder de conteúdo da Melver, Alexandre Dellamura, não havia outro caminho para o Fed depois que o PCE, indicador de preços utilizado pelo banco americano, subir apenas 0,2% em julho, carregando a inflação para 12 meses em 2,5%. Além disso, segundo ele, havia um receio de que se a redução dos juros não começasse agora, o país poderia entrar em uma recessão. Isso porque os juros estavam no maior patamar em 20 anos. A taxa de desemprego, por exemplo, subiu 0,8% e se encontra em 4,3%.
O mercado agora antecipa mais cortes nos próximos anos, com a expectativa de que os juros caiam mais 0,50 ponto percentual até o final de 2024 e outros 1 ponto percentual em 2025. Com a queda nos juros americanos, o dólar tende a se desvalorizar, pois os ativos de renda fixa dos EUA perdem atratividade, levando investidores a buscar opções de maior risco, como moedas de mercados emergentes e ações. “O mercado brasileiro espera a entrada de dólares, já que a renda fixa americana perde atratividade com a queda dos juros. A maior entrada de dólares desvaloriza a moeda americana e os estrangeiros passam a comprar mais bolsa no Brasil”, diz Dellamura.
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Agora, o foco volta-se para o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro, que anunciará sua decisão sobre a Selic às 18h. A previsão é de uma alta de 0,25 ponto percentual, levando a taxa para 10,75%, o que pode favorecer ainda mais o real após o corte nos EUA.
Pela manhã, o dólar abriu a sessão com uma leve queda de 0,17%, sendo negociado a R$ 5,4791.