A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI reforçaram, em relatório conjunto, a recomendação neutra para as ações de uma elétrica que tem se destacado no pagamento de dividendos: a CPFL (CPFE3). As casas também indicaram o preço-alvo de R$ 38,50 para os papéis em 2025.
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Para os analistas Ricardo França, da Ágora, e Francisco Navarrete, do BBI, que assinam o relatório, a empresa continua sendo uma companhia de alta qualidade dentro do setor de energia elétrica, com governança sólida, operações em sua maioria “impecáveis” e geração de dividendos atraentes para investidores em busca de renda.
De forma geral, os especialistas consideram que os ativos de distribuição da CPFL enfrentam menos desafios para atingir os crescentes requisitos de qualidade dos reguladores. Isso ocorre pela engenharia de alta qualidade e por fatores geográficos, com os ativos localizados nas regiões mais ricas do Sudeste e Sul do Brasil, o que ajuda a empresa a gerar menores perdas de eletricidade e recebíveis de dívidas incobráveis em comparação com as concessões de distribuição nas regiões Norte e Nordeste.
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Os analistas, porém, destacam um ponto de atenção: a exposição da companhia à geração eólica. Como tem ocorrido com outros players com ativos nesse segmento no Brasil, a CPFL tem visto um declínio acentuado na produção devido ao baixo fluxo eólico em andamento e, mais recentemente, a algumas limitações. Uma das dificuldades foi o fato de que os ativos de energia eólica da CPFL tiveram um fator de carga de cerca de 31% no segundo trimestre de 2024.
O fator de carga, em resumo, representa um indicador que mede o quanto a energia é uniformemente consumida em comparação à demanda. O BBI estima que os números do terceiro trimestre não devem melhorar tanto e podem ficar em torno de 30%. “Daqui para frente, assumimos uma recuperação apenas até 2028, quando novas linhas de transmissão devem ajudar a aliviar parcialmente o problema geral de redução para ativos de geração solar e eólica”, afirmam os analistas.
Independentemente dessas questões, a CPFL conseguiu continuar pagando dividendos relativamente altos. Segundo as estimativas da Ágora e do BBI, esse cenário deve se manter. “Por exemplo, vemos seu rendimento de proventos em 2024 e em 2025 em 9,4% e 8,2%, respectivamente”, indicam as casas em relatório.
A tendência saudável de lucros e dividendos impulsionou, porém, a compressão da TIR (taxa interna de retorno) na qual as ações da CPFL são negociadas, pois os investidores em busca de renda permanecem comprometidos com os papéis.
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Os analistas calculam que ação negocia atualmente com uma TIR implícita real de aproximadamente 8,0% , prêmio de 1,60 ponto percentual em relação aos títulos de renda fixa NTN-B (Tesouro IPCA+), mas 4,20 pontos percentuais abaixo da Energisa (ENGI11) e 2,40 pontos percentuais a menos que a Equatorial (EQTL3). As casas têm recomendação neutra e de compra para essas empresas, respectivamente.
“Embora pensemos que os fundamentos sólidos da CPFL, incluindo alavancagem relativamente baixa e dividendos mais altos, podem justificar um prêmio, achamos que nesse nível de preço uma compressão adicional da TIR é improvável e, portanto, vemos a ação com preço justo”, destacam os analistas.