Os juros futuros fecharam a sexta-feira (4) em alta, alinhado ao avanço do retorno dos títulos do Tesouro dos EUA, após a divulgação do relatório de emprego nos EUA em setembro. O documento esfriou ainda mais as apostas de novo corte de 50 pontos-base no juro pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) este ano, ao mostrar um mercado de trabalho mais apertado, com criação de vagas bem acima do previsto, queda na taxa de desemprego e pressão nos salários.
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À tarde, o avanço das taxas ganhou força com ajustes de posição antes da divulgação do Boletim Focus, na segunda-feira, que poderá trazer nova piora nas estimativas de inflação.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 12,37%, de 12,27% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027, em 12,42% (de 12,33%). O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 12,46%, de 12,40%. No balanço da semana, as taxas subiram em bloco, apesar da decisão da Moody’s de elevar a nota de crédito do Brasil.
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As taxas curtas hoje subiram mais do que as longas, a exemplo do que se viu na curva de rendimento dos Treasuries. O yield da T-Note de dez anos chegou a 3,98% nas máximas à tarde, abrindo em torno de 12 pontos, enquanto o da T-Note de 2 anos disparava mais de 20 pontos, a 3,92%.
“Mudou a precificação ou percepção dos agentes em relação à política monetária nos EUA, por isso sobe mais o curto do que o longo. Quase não tem mais expectativa de corte de 50 pontos”, explica o economista-chefe do banco BMG, Flávio Serrano. Pela ferramenta do CME Group, havia 98,9% de probabilidade de redução de 25 pontos na próxima reunião. Para o restante de 2024, apostas na redução total de 50 pontos subiam a 75,8%, contra 43,6% no fim da tarde de ontem.
O desenho da curva foi moldado pela reação ao relatório de emprego, que trouxe no payroll criação de 254 mil vagas em setembro, ante previsão de 140 mil. A taxa de desemprego caiu de 4,2% para 4,1% e os salários subiram 0,4%, acima da previsão de 0,3%. Rafael Perez, economista da Suno Research, lembra que na semana o relatório Jolts e o relatório ADP já vinham mostrando a resiliência do mercado de trabalho, “que deve ser o fiel da balança para a magnitude dos cortes de juros do FOMC nas próximas reuniões”.
“Os dados de inflação mostram um cenário cada vez mais controlado, com os principais índices próximos da meta de 2,0%. Vale ressaltar que os dados de hoje diminuem o risco de uma recessão e confirmam cada vez mais o cenário de pouso suave da economia norte-americana”, afirma.
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Fatores internos entraram mais em cena no mercado de juros a partir do meio da tarde, ajudando a levar as taxas curtas para as máximas da sessão. Players estariam se antecipando à pesquisa Focus na segunda-feira, que poderá trazer ajuste de alta nas medianas de IPCA, como já sinalizado pelas revisões de grandes instituições divulgadas hoje.
Entre elas a XP Investimentos, que ao revisar sua projeção para 2024 de 4,4% para 4,6% já vê a inflação acima do teto da meta de 4,5%. Para 2025, a previsão foi revista de 4,0% para 4,1%. Santander (4,1% para 4,4%) e Itaú (4,2% para 4,4%) também elevaram seus números de IPCA este ano. Para 2025, o Santander reduziu sua projeção de 4,0% para 3,9% e o Itaú elevou, de 4,1% para 4,2%.