Há um tom ligeiramente mais otimista entre os CEOs de empresas de saúde, já que o setor já superou a parte mais difícil da sua trajetória de recuperação, com o foco agora voltado para o crescimento da receita, repensando estratégias comerciais e alocando mais capital para planos de expansão, avalia o BTG Pactual após a conferência de CEOs da América Latina 2024, realizada pelo banco em Nova York.
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Em relatório, os analistas Samuel Alves e Yan Cesquim avaliam que as discussões abrangeram uma ampla gama de tópicos, como perspectivas de crescimento, recuperação da rentabilidade, desalavancagem, alocação de capital e regulamentação.
Análises do BTG para o setor de saúde
Hapvida (HAPV3)
Após conversas com o CEO da Hapvida, Jorge Pinheiro, o CFO Luccas Adib e o IRO Guilherme Nahuz, o BTG avalia que após anos desafiadores, a empresa alcançou sua meta de redução da sinistralidade (MLR) e agora está na fase final de integração de fusões e aquisições, seguindo o planejado. A companhia segue como a ‘top pick’ do BTG Pactual no setor de saúde.
Na avaliação do banco, o foco está começando a se voltar para a agenda de crescimento, com expectativas de alcançar um ponto de inflexão em breve. A perspectiva de crescimento orgânico é agora mais positiva do que em interações anteriores.
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O banco avalia que as discussões regulatórias recentes trouxeram otimismo, com a possibilidade de planos de saúde apenas ambulatoriais expandindo significativamente o mercado potencial e facilitando o acesso a serviços de saúde de qualidade.
Além disso, revisões técnicas podem melhorar o equilíbrio de certos portfólios de planos individuais e promover um ambiente de negócios mais favorável. “Apesar do aumento nas reivindicações legais e provisões, relacionado a mudanças regulatórias desfavoráveis, a empresa acredita na possibilidade de mitigar esses impactos através da diluição de custos e ajustes de preços”, apontam os analistas do BTG.
Rede D’Or (RDOR3)
Quanto a Rede D’Or, a percepção é de que a companhia mantém uma visão positiva sobre os seus lançamentos de hospitais, com sete previstos para este ano e mais cinco em 2025, e sobre o aumento de leitos operacionais. “Eles estão otimistas com o segmento de seguros, esperando crescimento impulsionado por reajustes menores nos preços dos planos de saúde e veem espaço para melhoria nas margens de seguros, com uma MLR alvo de 79-83%”, aponta o BTG.
Sobre a recente joint venture (JV) com Bradesco (BBDC4), mencionaram que estão avaliando projetos de expansão que podem ser incluídos, além dos hospitais de Taubaté e Ribeirão Preto. Apesar de prosseguirem com o crescimento orgânico, o capex (investimento) deve reduzir gradualmente, avalia o BTG.
Para o banco, com a companhia apresentando tendências positivas de fluxo de caixa livre (FCF) e melhorias no ciclo da SulAmérica, a Rede D’Or terá maior flexibilidade na alocação de capital, o que pode incluir fusões e aquisições, projetos de expansão e/ou aumento da remuneração dos acionistas. O banco mantém uma recomendação de compra para as ações da empresa.
Fleury (FLRY3)
Na avaliação do banco, Fleury continua orientando um crescimento da receita de um dígito alto ano a ano no médio prazo, refletindo ganhos de participação de mercado em todos os segmentos, ajudados por um crescimento mais forte em Lab to Lab (L2L) e ‘novos elos’.
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“Apesar do crescimento mais forte em segmentos não principais, Fleury está confiante em ganhos de margem, refletindo ganhos de sinergia adicionais com a Pardini e maior alavancagem operacional em B2B e ‘novos elos'”, aponta o BTG.
Na avaliação do banco, a agenda de fusões e aquisições (M&A) permanece intacta e deve continuar focada no negócio principal e, em menor grau, potencialmente em novos segmentos. BTG mantém recomendação de compra para a empresa.
Outras empresas
O BTG avalia que Oncoclínicas (ONCO3) ainda está passando por uma fase de transição, com a expectativa de que os próximos trimestres sejam marcados por disciplina de capital, desalavancagem e crescimento mais lento da receita. Para isso, no entanto, o banco avalia que o pipeline (mapa das etapas que compõem o processo de vendas de uma empresa) de M&A e outros planos intensivos de capital devem permanecer em modo de espera.
Quanto a Qualicorp (QUAL3), o banco avalia que os executivos da companhia se mostraram preparados para alocar mais capital para sua estratégia comercial e, assim, buscar um ponto de inflexão em sua afiliação Affinity.
Após Blau reduzir sua dependência de vendas de imunoglobulina (IG) e alfaepoetina, e assim reduzir sua exposição ao segmento público, o banco avalia que a companhia está confiante em entregar um sólido crescimento da receita, superando o mercado farmacêutico institucional no setor de saúde.
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* Com informações do Broadcast