Os brasileiros costumam acompanhar de perto o Ibovespa para monitorar o desempenho do mercado de renda variável no Brasil. Para Jerson Zanlorenzi, Head of Sales Trading and Distribution do BTG Pactual, essa não é, no entanto, a melhor prática.
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“O Ibovespa não é um bom o índice para gente comparar se está ganhando ou não com a Bolsa brasileira”, disse o especialista durante o Congresso Internacional da Planejar, que ocorre nesta terça-feira (15) em São Paulo.
Na opinião de Zanlorenzi, o principal índice da B3 tem uma forte concentração de papéis da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3;PETR4), em detrimento de outras ações, o que pode criar distorções na análise do indicador.
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Para o responsável pela mesa de derivativos e produtos estruturados do BTG, mesmo com as incertezas fiscais e as dúvidas em relação às políticas econômicas do governo, o cenário é de oportunidade para a Bolsa brasileira, que está “muito barata” e negociando abaixo da média histórica, em sua visão.
Zanlorenzi explicou que esse desconto surgiu, principalmente, a partir da saída de capital estrangeiro no Brasil no último ano. Os investidores internacionais enxergavam um forte prêmio de risco para estar alocado em ativos de renda fixa nos Estados Unidos, com os juros altos no país, enquanto as perspectivas para os índices acionários de lá seguiam positivas – cenário de tempestade perfeita para qualquer ativo que não fosse americano.
Agora, com preços abaixo da média histórica, o contexto é de oportunidade para quem deseja investir na Bolsa brasileira. “A grande missão é mostrar isso para o cliente. O brasileiro gosta de renda variável, gosta dessa experiência, faz parte da nossa cultura. Por isso, é importante sempre mostrar as opções existentes no mercado”, destacou Zanlorenzi.
Outro fator positivo, para ele, tem sido o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Entre 2019 e 2023, o PIB nacional teve uma média de crescimento anual de 2,3% ao ano, enquanto essa taxa estava em torno de 1,2% ao ano entre 2014 a 2023. O aumento do indicador também tende a influenciar positivamente no desempenho das empresas brasileiras.
“Quando você olha para investidores de renome, o crescimento do patrimônio deles foi construído com base no desempenho das grandes empresas”, ressaltou Zanlorenzi.
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Mesmo com o cenário de incertezas fiscais, o especialista acredita que o brasileiro está vencendo o preconceito com o mercado de renda variável, tendência que deve seguir nos próximos anos. “Acho que dentro de 5 anos o mercado vai se modernizar cada vez mais”, finalizou.