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Três gigantes do setor elétrico que podem encher o bolso do investidor com dividendos

Segmento nobre no setor de energia para quem busca ganho com proventos reúne empresas que pagam mais de 6% ao ano; confira as recomendações

Três gigantes do setor elétrico que podem encher o bolso do investidor com dividendos
(Imagem: Envato Elements)
O que este conteúdo fez por você?
  • As empresas deste segmento são responsáveis por transportar a eletricidade gerada nas usinas até os centros de distribuição de consumo
  • Como é um setor estratégico na infraestrutura energética, as transmissoras são um investimento importante para quem busca renda passiva no longo prazo
  • As companhias de transmissão de energia operam sob concessões do governo, geralmente com prazos de 30 anos, e desta forma os investidores têm uma previsibilidade de receita por um longo período

Para o investidor que procura por dividendos consistentes e previsíveis, o setor de transmissão de energia elétrica se apresenta como um importante aliado. As empresas deste segmento são responsáveis por transportar a eletricidade gerada nas usinas até os centros de distribuição de consumo. Se trata de um setor estratégico na infraestrutura energética de qualquer país que reúne algumas características que fazem das transmissoras um investimento importante para quem busca renda passiva no longo prazo.

A principal característica é que empresas de transmissão de energia operam sob concessões do governo, geralmente com prazos de 30 anos, e desta forma os investidores têm uma previsibilidade de receita por um longo período, explica Bruno Oliveira, analista CNPI do Projeto Vida de Acionista. Além disso, a receita permanece protegida da volatilidade no consumo de luz ou pelo preço da energia, como ocorre em geradoras e distribuidoras. No negócio das transmissoras, a remuneração acontece ao manter disponíveis as linhas que levam energia do ponto A ao ponto B. É uma receita fixa, conhecida como Receita Anual Permitida (RAP) e reajustada anualmente pela inflação.

“Isso significa que a receita das transmissoras é praticamente garantida enquanto a concessão estiver vigente”, afirma Oliveira. O analista também destaca que o segmento tem baixo risco operacional e que os ativos exigem pouca manutenção após sua instalação. Desta forma, o maior investimento nas transmissoras ocorre na construção das linhas de transmissão, mas depois os custos são reduzidos, favorecendo mais lucros e dividendos.

Com essas caraterísticas, transmissoras conseguem ter um fluxo de caixa estável e previsível, ter margens de lucro elevadas e distribuir dividendos robustos. Atualmente três companhias na Bolsa de Valores brasileira podem ser consideradas transmissoras puras, porque atuam apenas neste segmento, são estas: Taesa (TAEE11), Isa Cteep (TRPL4) e Alupar (ALUP11).

Taesa

A Taesa possui 44 concessões, 5 delas em construção. Em relação a receita, 55% dela está indexada ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) e 45% está atrelada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para as transmissoras é mais interessante ter a receita atrelada ao IPCA, que costuma se mostrar como um índice mais estável e previsível. Contudo, concessões antigas geralmente são indexadas ao IGP-M.

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No entanto, a Taesa tem um desafio de se movimentar para não ver a sua receita futura cair. Rafael Ratto, analista do AGF, lembra que a partir de 2030, ocorrem os vencimentos das concessões vinculadas ao IGP-M, que representam mais da metade da receita total da Taesa. É por este motivo que a companhia participa ativamente dos leilões e pode até mesmo se movimentar via fusões e aquisições para repor tal receita.

Contudo, a intensa movimentação também pode representar um risco para a companhia. Segundo Bernardo Viero, analista da Suno Research, os leilões estão bastante concorridos e ao ir com apetite demais, a Taesa pode acabar aceitando receitas muito baixas frente aos investimentos que precisam ser feitos nos novos projetos. O risco seria assumir projetos poucos rentáveis e que destroem valor.

O endividamento da Taesa também está em nível considerado elevado por investidores, no patamar de 4 vezes a dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), embora a companhia alegue que se encontra em um patamar de endividamento condizente com o planejado e compatível com a consistente geração de caixa da empresa. Para os analistas, o endividamento está relacionado ao momento da companhia, que está investindo, mas lembram que a empresa se manteve pagando bons dividendos neste período. Eles entretanto, reforçam que a dívida não pode continuar aumentando para não acabar punindo os dividendos no longo prazo.

E justamente para reduzir o endividamento, que neste ano a Taesa fez alterações na sua política de dividendos. Antes, a transmissora remunerava seus investidores com o lucro líquido IFRS (ou lucro líquido ajustado), que costuma apresentar um “bônus” porque muitas vezes reconhece valores que nem sequer entraram no caixa da empresa ainda. Agora, porém, a Taesa passou a usar o lucro líquido regulatório, que é mais próximo do lucro efetivo da empresa. A proposta é pagar no mínimo 75% desse resultado em 2024. Já para 2025, a distribuição ficaria entre 90% e 100%.

Para Viero, dada a situação do vencimento das concessões, a postura de alterar a política foi correta porque dá mais flexibilidade à gestão. “Além disso, não existe restrição para o máximo, a depender do cenário, a Taesa pode seguir optando por pagamentos elevados”, pontua. Trocar o resultado IFRS pelo regulatório também deve servir para regular melhor os próximos dividendos com a realidade do negócio, segundo o analista da Suno Research. Viero aponta que no passado a Taesa se viu obrigada a distribuir dividendos divergentes da geração de caixa apenas por aspectos contábeis.

Apesar da retomada dos dividendos em 2025, há quem duvide se os proventos terão sustentabilidade a partir de 2026. É o que destaca Victor Bueno, analista da Nord Research, que acredita que a empresa deve continuar fazendo mais investimentos com certa urgência e, para isso, precisará de recursos.

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Contudo, na prática, a Taesa segue remunerando bem seus investidores. Ratto, do AGF, lembra que a transmissora já anunciou este ano R$ 2,86 por unit (TAEE11), o que seria equivalente a um dividend yield (retorno em dividendos) acima de 8% ao investidor. A empresa irá pagar R$ 0,65 por unit em 27 de novembro.

A Taesa geralmente paga os seus acionistas nos meses de maio, agosto, novembro e dezembro. Veja abaixo projeções dos analistas consultados para os dividendos da Taesa nos próximos 12 meses:

Empresa Dividend yield projetado próximos 12 meses Quem analisa?
Taesa (TAEE11) 6,90% Projeto Vida de Acionista
Taesa (TAEE11) 9% Nord Research
Taesa (TAEE11) 6,50% Suno Research
Taesa (TAEE11) 10,90% AGF
Taesa (TAEE11) 6,50% GuiaInvest

Isa Cteep

A Isa Cteep (TRPL4) possui 35 concessões de transmissão, das quais 7 estão em construção. Segundo Bueno, da Nord, 90% destas concessões tem receita corrigida pelo IPCA, enquanto 10% são indexadas a outros índices de inflação.

Bueno destaca que o vencimento médio das concessões está em 2045, mas algumas têm prazos longos de até 2053. Desta forma, a companhia não precisará repor a receita destas concessões tão cedo. Contudo, existem outros desafios. Um deles é o fim da receita vinda pela RBSE (Rede Básica Sistema Existente), uma indenização paga a algumas transmissoras, que acabará no ciclo 2028/2029. Com isso as receitas da Isa Cteep podem ter uma redução drástica a partir de 2028, com risco de queda temporária dos dividendos.

A companhia também está se movimentando para repor esta receita por meio de leilões e de aquisições. Ratto, do AGF, destaca que o momento atual da Isa Cteep é de grandes investimentos. Para os próximos 4 anos, estão previstos investimentos de R$ 15 bilhões, sendo R$ 5 bilhões em reforços e melhorias e R$ 10 bilhões nas 7 concessões em construção, que devem agregar R$ 1 bilhão de RAP (Receita Anual Permitida) para a companhia, minimizando assim os impactos da redução de RBSE.

Embora esteja sempre atenta a novos leilões para poder repor a receita da RBSE, a Isa Cteep se mostra conservadora na sua estratégia e não arremata lotes de transmissão a qualquer custo, lembra Bueno. A busca ocorre por taxas internas de retorno (TIR) muito atrativas. “A tendência é que consiga reverter a perda da RBSE”, afirma o analista da Nord.

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Apesar de também estar fazendo investimentos, o endividamento da Isa Cteep é mais controlado do que a Taesa, de 2,46 vezes dívida líquida/Ebitda. “Isso prova que a companhia está preparada para realizar os investimentos necessários para solucionar os impactos da RBSE em seu resultado”, comenta Ratto. A companhia também  se mostra transparente com o mercado, nas suas divulgações de resultados costuma apresentar como a receita tem evoluído sem a RBSE, diz.

Em relação a dividendos, Oliveira lembra que o estatuto social da Isa Cteep prevê uma distribuição de no mínimo 25% do lucro líquido ajustado do exercício. Mas a companhia tem como prática pagar pelo menos 75% do lucro líquido regulatório sob a forma de dividendos ou juros sobre capital próprio (JCP). Atualmente, a empresa está fazendo apenas um anúncio de proventos por ano.

Veja abaixo projeções para os dividendos da Isa Cteep nos próximos 12 meses:

Empresa Dividend yield projetado próximos 12 meses Quem analisa?
Isa Cteep (TRPL4) 6,80% Projeto Vida de Acionista
Isa Cteep (TRPL4) 8% Nord Research
Isa Cteep (TRPL4) 7,70% Suno Research
Isa Cteep (TRPL4) 8,30% AGF
Isa Cteep (TRPL4) 8% GuiaInvest

Alupar

Na Alupar, a maior exposição também está no IPCA, com 62% da Receita Anual Permitida atrelada ao índice de inflação oficial do País. Já 29% da RAP está indexada ao IGP-M e 9% em ativos internacionais, dolarizados e atrelados ao PPI (índice de preços ao produtor), explica Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest.

Em relação ao vencimento das suas concessões, a Alupar se encontra em uma posição confortável, com apenas 18% da sua receita anual permitida vencendo entre 2030 e 2032, lembra Viero. O prazo médio de vencimento das suas concessões chega próximo de 20 anos e mais de 10% da sua receita se encontra em modelos de concessão perpétua adotados na Colômbia e no Chile. Segundo Viero, a postura da gestão da Alupar tem sido buscar ativos no exterior para desviar, assim, da elevada concorrência observada nos leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Embora não haja urgência de renovar nenhuma concessão ou arrematar novos lotes para repor receita, a companhia ainda precisa fazer investimentos para implementar os seus novos empreendimentos, o que pode acabar limitando distribuições de dividendos elevadas no curto prazo, sinaliza Biz. Contudo, uma vez que os novos projetos entrem em operação, a companhia poderá aumentar o volume das distribuições.

O endividamento está controlado e saudável, no patamar  de 3,3 vezes dívida líquida/Ebitda. “A Alupar é uma companhia que tem se mostrado disposta a equilibrar proventos, com endividamento e crescimento do negócio”, avalia Viero, da Suno.

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Já em relação a proventos, Biz explica que a empresa estabelece  na sua política remunerar os investidores com dividendos de no mínimo 50% do lucro líquido regulatório. A frequência de pagamentos é trimestral.

Veja abaixo projeções de dividendos para Alupar nos próximos 12 meses:

Empresa Dividend yield projetado próximos 12 meses Quem analisa?
Alupar (ALUP11) 6% Nord Research
Alupar (ALUP11) 3,50% Suno Research
Alupar (ALUP11) 6,30% GuiaInvest

Qual é a melhor ação de transmissão de energia?

Para Oliveira, do Projeto Vida de Acionista, e Bueno, da Nord Research, a melhor alternativa atualmente fica com a Isa Cteep, que oferece um endividamento mais controlado e dividendos mais sustentáveis.

Ratto, do AGF, enxerga oportunidade tanto em Isa Cteep quanto em Taesa, por conta da previsibilidade de receitas vinculadas a contratos de longo prazo, corrigidos pela inflação, o que assegura uma crescente e robusta geração de caixa para as companhias.

Na Suno, Viero acredita que o momento de investir em transmissoras puras já passou e que as empresas estão bem precificadas. Para o analista, outros segmentos do setor elétrico oferecem oportunidades mais interessantes com potencial de crescimento, por exemplo em companhias como Neoenergia (NEOE3), Eletrobras (ELET3; ELET6) e Engie (EGIE3).

Já Biz, pensando nos dividendos no curto prazo, acredita que a Isa Cteep seja a transmissora que vai atingir o maior dividend yield, superando os 8%. Mas para o longo prazo e observando o vencimento das concessões na Taesa e o fim da RBSE na Isa Cteep, a preferência do analista fica com Alupar.

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