O ano de 2024 não tem sido amigável para o investidor que tomou mais risco. O principal índice da Bolsa de Valores, o Ibovespa, recua 2,3% no acumulado do ano até o fechamento desta terça-feira (15). Já o dólar dispara 16,5% no ano, indo de R$ 4,85 para 5,65 no fechamento de terça-feira. Para Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset, existe um jeito de fazer o Ibovespa ter um novo rali e o dólar cair. A forma para isso acontecer seria o governo fazer um ajuste forte e relevante nos gastos públicos.
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De acordo com Funchal, o Brasil está passando por um momento muito positivo no cenário externo, com o corte de juros nos EUA e em outras economias desenvolvidas, o que deve trazer um bom fluxo de capital para o país. Na visão dele, o único ponto que faltaria seria um ajuste das contas públicas, para, assim, o Brasil decolar com a alta da Bolsa e a queda do dólar.
Ele lembra que notícias circulam no mercado de que o governo pretende anunciar um pacote de redução de gastos após as eleições municipais – tudo dependerá, segundo Funchal, da proporção do corte a ser anunciado. “Agora depende do quão relevante será esse corte. Hoje, o grande problema do governo são os gastos obrigatórios, que têm crescido muito. O governo precisa apresentar cortes de gastos nessa linha das despesas obrigatórias”, diz o executivo da gestora do Bradesco ao comentar sobre o que pode fazer o Ibovespa subir.
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Segundo Funchal, a forma como o governo deve comunicar e trabalhar com esse problema pode impactar na recepção do mercado desse novo ajuste e na credibilidade do governo em relação a essa pauta. O gestor não quis trazer uma projeção para Bolsa e dólar, mas disse que, se o governo atacar a raiz do problema, o investidor brasileiro que opera em real pode se dar bem.
“O governo precisa atacar frontalmente o excesso de gasto obrigatório para poder mover o orçamento. Se o governo não ganhar credibilidade, o mercado continuará sofrendo com o câmbio desvalorizado. É difícil fazer uma projeção para o dólar, mas, se o corte for no gasto obrigatório, a gente fortaleceria a nossa moeda”, aponta o gestor em evento da Bradesco Asset na B3.
Enquanto o Ibovespa não decola e juros se mantêm em um patamar alto, o gestor comenta que 2025 tende a ser mais uma vez o ano da renda fixa. Ele diz que isso até pode mudar, mas reforçou que dependeria de corte de gastos do governo.