O Goldman Sachs disse em relatório nesta terça-feira (22) que o euro pode cair até 10% em relação ao dólar, num cenário em que Donald Trump imponha tarifas generalizadas e corte de impostos domésticos se vencer a eleição presidencial dos Estados Unidos. Caso sofresse essa desvalorização, a moeda ficaria cotada abaixo de US$ 1 – algo que não acontece desde novembro de 2022.
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Em nota, o analista do Goldman Sachs, Michael Cahill, sinalizou que uma eventual tarifa de 10% dos Estados Unidos sobre todas as importações e uma taxa de 20% sobre produtos chineses, combinada com cortes de impostos internos, podem fazer com que o dólar suba acentuadamente e o euro caia de 8% a 10%, de acordo com reportagem da Reuters.
As medidas de Trump provavelmente levariam a uma aceleração da inflação, implicando taxas de juros significativamente mais altas nos Estados Unidos do que na Europa, o que aumentaria o apelo da moeda americana. “Esperamos que a resposta mais forte em dólares venha de uma vitória republicana, o que abriria a porta para maiores aumentos de tarifas em combinação com cortes de impostos domésticos”, indicou Cahill à Reuters.
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Por outro lado, uma vitória democrata, com a eleição de Kamala Harris, geraria possivelmente uma queda inicial do dólar, à medida que os mercados reavaliariam a perspectiva de mudanças mais drásticas nas tarifas.
Os impactos das eleições dos EUA para a zona do euro
Em nota divulgada na segunda-feira (21), Jari Stehn, economista-chefe do Goldman Sachs na Europa, explicou que um novo mandato de Trump poderia ter implicações importantes para a economia da zona do euro devido às mudanças que traria na política comercial dos Estados Unidos, assim como nas medidas internas americanas. Já uma vitória de Kamala provavelmente manteria o “status quo” nesses aspectos.
Tarifas de importação mais altas aumentariam significativamente as incertezas em torno da política comercial, o que pesaria no crescimento da zona do euro. “Estimamos que uma tarifa de 10% em todos os setores reduziria o Produto Interno Bruto (PIB) da região em cerca de 1%, com efeitos mais negativos na Alemanha do que no restante da área do euro, dada sua maior abertura e dependência da atividade industrial”, afirmou Stehn.
Segundo o economista disse à Reuters, o resultado das eleições americanas também poderia gerar renovadas pressões de segurança e defesa para a Europa. Atender à exigência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de gastar 2% do PIB em defesa e compensar uma possível redução no apoio militar dos Estados Unidos à Ucrânia poderia custar à União Europeia cerca de 0,5% do PIB por ano.
Enquanto isso, o alívio fiscal no país norte-americano poderia elevar a atividade da zona do euro em cerca de 0,1%. No entanto, o impacto líquido sobre as condições financeiras provavelmente seria moderado, já que um euro significativamente mais fraco compensaria o efeito das taxas de longo prazo mais altas, em linha com os movimentos que ocorreram após a eleição de Trump em novembro de 2016.
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Até o momento, o euro acumula queda de 3,02% em relação ao dólar em outubro, à medida que investidores se posicionam para tarifas mais altas após uma potencial vitória do candidato republicano nos Estados Unidos.