- Nos últimos dias, investidores da “BeeFund” viveram uma montanha-russa. A suposta plataforma de investimentos em criptomoedas prometia retornos diários de até 12,75%
- Atraídos por esses rendimentos, que em 12 meses levariam a uma fortuna trilionária, diversos usuários investiram na empresa - e agora estão com o dinheiro preso, sem conseguir sacar
- O caso da BeeFund levanta questionamentos sobre como identificar sinais de alerta em uma plataforma de investimentos
Nos últimos dias, investidores da BeeFund viveram uma montanha-russa. A suposta plataforma de investimentos em criptomoedas prometia retornos de até 12,75% ao dia. Atraídos por esses rendimentos, que em 12 meses levariam a uma fortuna trilionária, diversos usuários investiram na empresa – e agora estão com o dinheiro preso, sem conseguir sacar.
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A única “alternativa” dada pela empresa divide opiniões. Sem autorização prévia e em meio a uma onda de reclamações sobre dificuldades nos saques, a plataforma anunciou no dia 18 de outubro que iria transformar os recursos dos investidores em uma nova criptomoeda, chamada “BEEB 2.0”, na proporção de 1 para 1. Para ter acesso a esses ativos, os usuários precisariam ainda abrir conta em uma corretora cripto, a SuperEx, e transferir pelo menos 10 USDT (token lastreado no dólar) para começar a negociar.
Como identificar sinais de alerta em uma plataforma
O caso da BeeFund levanta questionamentos sobre como identificar sinais de alerta em uma plataforma de investimentos. Segundo Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, sempre que o investidor se deparar com promessas de retornos garantidos em ativos de renda variável, é preciso desconfiar.
“Em linhas gerais, essas promessas envolvem ativos ou operações exóticas do mercado financeiro, como bitcoin, forex, day trade em ações ou contratos futuros. Como se o ‘investidor’ financiasse a operação em troca de um percentual dos lucros, tudo isso por meio de contratos frágeis e sem garantias”, afirma Alves.
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A melhor forma de verificar se uma promessa de rendimento é absurda é compará-la com as referências do mercado, como os títulos públicos. O Tesouro Selic, por exemplo, é atrelado à taxa básica de juros Selic e hoje rende cerca de 10,75% ao ano. É um ativo conservador, liquidez diária (possibilidade de resgate a qualquer momento) e com rendimento garantido. Já os títulos atrelados a inflação estão pagando a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) + 6,5%, em média. Os prefixados, por sua vez, pagam em torno de 12,7% ao ano.
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Para efeito de comparação, um dos planos da BeeFund oferecia retorno de 12,75% ao dia com “gestão financeira estável”. “O que for muito além das taxas médias do mercado ou deve ter um risco muito elevado, ou seja, dificilmente poderá dar alguma garantia de retorno, ou foi feito desde o começo para dar errado, como um esquema de pirâmide”, diz Alves.
Também é preciso entender se aquela plataforma possui algum tipo de regulação, seja pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“Minha recomendação para os investidores é de sempre utilizar a taxa Selic como referência. Qualquer ativo que prometa entrega de uma rentabilidade muito superior com certeza possui riscos atrelados a ela e quanto maior for essa diferença somado ao discurso de rentabilidade garantida, mais próxima de uma fraude ou golpe essa oferta está”, afirma Rodrigo Azevedo, economista, planejador financeiro e sócio-fundador da GT Capital.
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