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Eleições nos EUA: gestora vê risco para o Brasil se Trump for eleito que pode até anular futuras decisões do Banco Central

Em carta mensal antecipada pelo E-Investidor, TAG Investimentos avalia que vitória do republicano criará ambiente desafiador para mercados emergentes

Eleições nos EUA: gestora vê risco para o Brasil se Trump for eleito que pode até anular futuras decisões do Banco Central
Donald Trump, eleito para um novo mandato nos EUA. (Imagem: Alan Santos /PR)
  • Caso seja eleito, as propostas do ex-presidente podem elevar a inflação dos EUA e interromper o ciclo de queda de juros americanos
  • A dinâmica econômica cria um ambiente adverso para os mercados emergentes ao reduzir o apetite a risco dos investidores estrangeiros
  • Esses efeitos podem ampliar as chances do mercado brasileiro entrar em um cenário de dominância fiscal

Uma possível vitória de Donald Trump, candidato à presidência pelo partido republicano, nas eleições dos Estados Unidos pode piorar o risco fiscal do Brasil, que já enfrenta uma crise de credibilidade desde o início do ano. Segundo a TAG Investimentos, gestora com R$ 13 bilhões em ativos, as propostas do ex-presidente para o seu mandato podem aumentar o déficit fiscal dos EUA na ordem de US$ 2 trilhões. O volume é suficiente para pressionar a inflação da economia norte-americana, frear o ritmo de corte de juros no país e criar um ambiente desafiador para os mercados emergentes.

Donald Trump promete tarifas de importação lineares de 10% em todo mundo e tarifas extras em países como China, além de devolver os imigrantes ilegais para seus países. Tanto a questão tarifária quanto a migratória são inflacionárias. Talvez impedindo o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) de continuar a cortar as taxas de juros“, informou a TAG Investimentos em carta mensal de novembro, obtida em primeira mão pelo E-Investidor.

Apesar dos seus efeitos, as propostas devem impulsionar o crescimento da economia americana e o desempenho das bolsas de valores, especialmente as ações dos setores financeiros, saúde, doméstico e petróleo. O dólar também ficaria mais forte nesse cenário e haveria elevação da curva de juros dos Estados Unidos.

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para o Brasil, o resultado seria o inverso, visto que o fluxo do capital estrangeiro iria ficar concentrado no mercado norte-americano devido ao seu baixo risco e retornos elevados. “Tudo o que o Brasil não necessita, em um momento de crise de credibilidade, é de um cenário externo adverso aos emergentes”, ressalta a TAG, no documento.

Que riscos o Brasil corre se Trump for eleito?

A nova dinâmica econômica dos EUA em um segundo governo Trump pode ampliar as chances do mercado brasileiro entrar em um cenário de dominância fiscal, quando as ações do Banco Central (BC) para controlar a inflação se tornam ineficazes em um ambiente de altos déficits e dívida pública crescente. Segundo a TAG Investimentos, a decisão do BC em elevar a Selic para o patamar de 10,75% ao ano em setembro não ajudou a reduzir as projeções para o câmbio e a inflação nos próximos dois anos. Houve, na verdade, uma piora das perspectivas.

“Pode significar que estamos nos aproximando da situação de dominância fiscal, quando o mercado entende que mais juros piora a inflação, ao invés de melhorar”, ressaltaram os gestores em carta. Essa lógica acontece porque, sem um disciplina fiscal, o mercado exige retornos financeiros maiores dos títulos públicos que, por sua vez, elevam a dívida pública do Brasil. No entanto, se o governo emitir mais títulos para buscar recursos no mercado financeiro, o investimento pode deixar de ser atrativo devido à elevação de risco do País. Nessas situações, os investidores recorrem ao dólar, como forma de proteger o seu patrimônio, que se aprecia contra o real e eleva a inflação.

“Cremos que talvez ainda seja cedo para falar em dominância fiscal. Porém, desde o começo do Plano Real estamos no ponto mais próximo (deste estágio), pois nosso ponto de partida, em termos de endividamento, já é muito alto”, acrescentou a gestora em documento. A preocupação do mercado financeiro com o futuro da economia tem pressionado o governo federal por medidas de cortes de gastos para restaurar a credibilidade fiscal do País.

Como mostramos nesta reportagem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros integrantes do governo deram inúmeras declarações indicando que o Poder Executivo prepara medidas para equilibrar as contas públicas. Enquanto não há uma previsão para a divulgação das propostas, o dólar engata um ritmo de alta refletindo o receio dos investidores com o ambiente doméstico. No pregão desta quinta-feira (31), a moeda americana encerrou com uma alta de 0,31%, cotada a R$ 5,7811 – veja os detalhes aqui.

As incertezas sobre os desdobramentos da agenda econômica do Brasil tornam, na avaliação da TAG Investimentos, o Tesouro IPCA+  como o melhor ativo para proteger o patrimônio em meio ao risco fiscal. Confira as projeções da gestora:

Cenário de ajuste fiscal Cenário de ajuste inflacionário
  • NTNB (Tesouro Inflação) ganha em termos nominais e reais
  • NTNB (Tesouro Inflação) ganha em termos nominais e reais
  • Préfixado ganha em termos nominais e reais
  • Préfixado ganha nominalmente e perde em termos reais
  • Pós-fixado ganha em termos reais, porém Selic cai
  • Pós-fixado perde em termos reais, mesmo com Selic alta
  • Crédito ganha em termos reais e nominais, Selic cai
  • Crédito perde em termos reais com aumento da dispersão de resultados
  • BRL (Real) se aprecia, buscando patamar ao redor de R$ 5 ou menos
  • BRL (Real) se deprecia, no limite até parabolicamente
  • Bolsa ganha em termos reais e nominais
  • Bolsa ganha em termos nominais e empata em termos reais
  • Imóvel ganha em termos reais e nominais
  • Imóvel ganha em termos nominais e empata em termos reias
Fonte: TAG Investimentos

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