- Com o segundo ajuste na taxa Selic de forma consecutiva, o rendimento da poupança continua em 0,5% ao mês, mais a taxa referencial (TR)
- Se o investidor busca rentabilidade e segurança, os ativos de renda fixa são alternativas mais interessantes
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decidiu nesta quarta-feira (18) elevar a Selic em 0,50 ponto porcentual na segunda alta em 2024. Com a decisão, a taxa básica de juros sobe para o patamar de 11,25% ao ano. A medida reflete a preocupação dos membros do colegiado com o equilíbrio das contas públicas e as perspectivas de alta da inflação no médio prazo. Com a Selic ainda em patamares de dois dígitos, os rendimentos dos ativos de renda fixa continuam atrativos para os investidores, exceto os da poupança.
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Isso acontece porque, desde 2012, após decisão do BC, a rentabilidade da aplicação mais popular do País varia conforme o patamar da taxa básica de juros. Quando Selic estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança corresponde a 70% da Selic mais a taxa referencial. No entanto, quando a taxa de juros estiver acima de 8,5% a.a, a rentabilidade muda e passa para 0,5% ao mês mais a taxa referencial (TR).
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Ou seja, o retorno líquido atual da poupança vai permanecer na faixa de 7,35% ao ano. Com base nessa realidade, uma aplicação de R$ 1 mil na caderneta de poupança deve oferecer um retorno de apenas R$ 73,50 em 12 meses.
Caso o correntista decida manter um valor de R$ 10 mil durante o mesmo período, o investidor teria um lucro de R$ 735. A remuneração continua aquém de outras modalidades de investimentos e com riscos semelhantes. Se o investidor decidir aplicar o mesmo valor no título do Tesouro Selic 2027 (SELIC + 0,0630%), por exemplo, o retorno líquido seria de R$ 1.049,86.
Veja quanto rende de R$ 1 mil a R$ 50 mil na poupança com a Selic a 11,25%
Aplicação | Rentabilidade bruta | Retorno líquido |
R$ 1 mil | 7,35% | R$ 1.073,50 |
R$ 5 mil | 7,35% | R$ 5.367,50 |
R$ 10 mil | 7,35% | R$ 11.049,86 |
R$ 25 mil | 7,35% | R$ 26.837,50 |
R$ 50 mil | 7,35% | R$ 53.675,00 |
Fonte: C6 Bank |
Onde investir com a Selic a 11,25% ao ano?
O risco fiscal em meio às incertezas sobre a capacidade do governo em cumprir com as metas fiscais e a projeção de alta da inflação nos próximo meses sustentam a decisão do Copom em elevar mais uma vez a taxa básica de juros. E a expectativa é que mais um ajuste semelhantes aconteça até o fim do ano. Isso porque as estimativas do mercao apontam para uma Selic a 11,75% em dezembro deste ano, segundo os dados mais recentes do Banco Central (BC).
Com essa projeção de nova elevação da Selic, os brasileiros que desejam sair da poupança para outros investimentos em busca de maior rentabilidade devem dar prioridade aos títulos públicos como primeira opção. “O Tesouro Selic acompanha a nossa taxa de juros, possui liquidez e oferece segurança ao investir em nível de risco de crédito”, diz Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank. Além disso, mesmo com a cobrança do Imposto de Renda (IR), o produto ainda entrega uma rentabilidade maior do que a poupança.
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Segundo uma simulação do C6 Bank, em uma aplicação de R$ 1 mil no Tesouro Selic, o investidor tem lucro de R$ 1.104,99 em um ano, enquanto na poupança esse retorno chega a R$ 73,50 durante o mesmo período. A outra opção consiste em alocar os recursos em certificado de depósito bancário (CDBs), que são títulos de renda fixa emitidos por bancos para captar recursos.
Frias ressalta que esse produto costuma ter rentabilidade atrelada ao CDI, que acompanha a taxa de juros e possui nível de risco próximo ao dos títulos públicos devido à proteção do Fundo Garantidor de Cresto (FGC) – instituição sem fins lucrativos criada para assegurar ao investidor até R$ 250 mil por CPF caso o emissor do CDB dê calote no pagamento. “Então, é uma garantia a mais para o investidor contra o risco de crédito para esse investimento”, ressalta a planejadora financeira do C6 Bank.
As letras de crédito, como os LCIs e LCAs, também são opções para os investidores que buscam rentabilidade acima da poupança. Assim como os CDBs, esses investimentos possuem cobertura do FGC.
Já Rodrigo Azevedo, economista, planejador financeiro e sócio da GT Capital, aconselha aos investidores incluir títulos públicos atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com vencimentos mais longos. “O CDI real médio dos próximos 12 meses deverá ser superior às taxas de juros real dos títulos de inflação de curto prazo”, diz o especialista. Por esse motivo, avalia os títulos do tesouro IPCA com vencimento para os anos de 2035, 2045 e 2055 como opções mais interessantes do que a poupança.