- Alimentos e energia elétrica foram os principais itens que puxaram novamente a alta da inflação em outubro
- A inflação impacta a vida das pessoas além da alta de preços
- A alta de juros é uma das formas de controlar a inflação, mas retiram parte do dinheiro da economia
A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mostrou novo avanço no mês de outubro. O indicador subiu 0,56%, ante 0,44% em setembro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (8). No ano, o IPCA acumula alta de 3,88% e, nos últimos 12 meses, avanço de 4,76%, mantendo-se acima do teto da meta de inflação, que é de 4,50%.
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O resultado inflacionário do mês ficou acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de alta de 0,54%. O dado de outubro foi ainda o mais elevado desde fevereiro deste ano, e configurou o maior avanço para o mês desde 2022.
O aumento da inflação foi provocado, principalmente, pela conta de luz residencial, que mostrou alta de 4,74% em outubro. No mês, a bandeira tarifária estava no nível vermelho patamar 2, a mais cara de todas, com a cobrança de R$ 7,877 por 100 kWh.
O segundo maior peso no índice foi o setor de alimentos e bebidas, com crescimento de 1,06% no mês. O grande vilão foi o preço das carnes, alta de 5,81%, com destaque para os seguintes cortes: acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%).
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Altas também foram observadas no tomate (9,82%) e no café moído (4,01%). No lado das quedas, destacaram-se a manga (-17,97%), o mamão (-17,83%) e a cebola (-16,04%).
Segundo André Perfeito, economista pela PUC/SP e mestre em economia política pela mesma instituição, além da conta de luz, outros impactos foram sentidos no cotidiano. “Os alimentos pesaram, em especial carnes e alimentos in natura, que refletem as recentes queimadas e secas”, aponta.
Como a inflação limita o poder de compra dos brasileiros
Um IPCA controlado e dentro da meta é visto como algo saudável para uma economia em equilíbrio, para que a alta de preços não pese no bolso da população. No entanto, com o aumento dos preços, é preciso que o Banco Central do Brasil (BC) tome medidas para controlar a inflação, como o aumento dos juros.
Os juros em um patamar elevado retiram parte do dinheiro da economia. Essa quantia passa a ficar em títulos públicos ou na própria poupança, que passam a render mais com os juros elevados. As compras parceladas e os empréstimos também podem ficar mais caros, a depender de como estiver a Selic. Todos esses pontos ajudam a desacelerar a economia para reduzir a inflação.
Para onde vão os juros?
Os dados desta sexta-feira sugerem que a taxa de juros do Brasil, a Selic – atualmente em 11,25% ao ano -, deva ficar elevada por mais tempo do que o esperado. Consequentemente, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, pode terminar a sua gestão escrevendo a terceira carta aberta para explicar o descumprimento da meta.
De acordo com o boletim Focus desta semana, o relatório que reúne projeções do mercado sobre dados macroeconômicos, a Selic deve chegar a dezembro em 11,75% ano. Já a mediana para a inflação de 2024 subiu pela quinta semana seguida, de 4,55% para 4,59%, mantendo-se acima do teto da meta de inflação.
Esse cenário representa uma grande virada em relação à conjuntura esperada em janeiro. No início de 2024, a expectativa era de que os juros continuassem em trajetória de queda e chegassem ao patamar de 9% até o final do ano, com vistas a descer para 8,5% em 2025. Hoje, o consenso aponta para uma Selic de 11,5% no ano que vem, com cortes mais relevantes somente a partir de 2026.
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A reviravolta acontece em função das preocupações do mercado com o cenário fiscal do País. Os agentes econômicos ainda não enxergam medidas que resultem em uma estabilização da trajetória da dívida pública. Pelo contrário, as perspectivas, agora, são de crescimento dos gastos, o que impacta diretamente a inflação.