Na madrugada da última quinta-feira (5), o bitcoin (BTC) rompeu a marca histórica dos US$ 100 mil após a repercussão em torno do anúncio Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, sobre o próximo presidente da Securities and Exchange Commission (SEC) – órgão americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira. O empresário Paul Atkins foi o escolhido para assumir o cargo a partir de janeiro do próximo ano, quando o republicano tomar posse.
A conquista dos US$ 100 mil crava uma nova fase para a maior criptomoeda em valor de mercado, que tem ganhado espaço na carteira dos investidores e reforçado a sua tese de investimento como reserva de valor. Mas a jornada do BTC até aí foi marcada por altos e baixos em meio às expectativas dos investidores em relação a eventos decisivos para o mercado de criptomoedas. O bitcoin iniciou 2024 na faixa dos US$ 40 mil e, em apenas três meses, conseguiu alcançar o patamar dos US$ 70 mil, renovando a sua máxima histórica na época.
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Os avanços refletiam o sucesso do lançamento dos ETFs de bitcoin à vista – fundos que acompanham um índice de referência – nas bolsas de valores dos EUA. Os produtos se tornaram a principal porta de entrada dos investidores institucionais no mercado cripto. Nesta época, os ganhos referentes ao primeiro trimestre reduziram e a cotação do bitcoin oscilou entre as faixas de preço de US$ 50 mil a US$ 70 mil. Mas em novembro, o cenário mudou por completo.
O resultado das urnas das eleições presidenciais garantiu o retorno de Donald Trump à Casa Branca e renovou as expectativas dos investidores para as criptomoedas. A reação se deve às promessas feitas pelo republicano durante a sua campanha eleitoral.
O presidente eleito prometeu flexibilizar a regulação do setor e viabilizar um ambiente favorável para o desenvolvimento da indústria em território norte-americano. “Com a vitória de Trump e os republicanos ganhando espaço na Câmara e no Senado, o ecossistema de criptomoedas está sendo reavaliado com a sensação de que haverá clareza regulatória (nos próximos anos)”, diz Caio Leta, Head of Content and Research da Bipa.
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Com essa expectativa no radar dos investidores, o bitcoin ficou à frente de vários investimentos ao longo do ano quando o assunto é rentabilidade. Segundo dados da Elos Ayta, obtidos a pedido do E-Investidor, o BTC foi o segundo ativo mais rentável do ano. Perdeu a liderança apenas para as ações da Nvidia (NVDA), fabricante de chips que se beneficia com o “boom” do desenvolvimento de soluções com inteligência artificial (IA). A resposta para esse desempenho responsável por colocar a big tech na liderança está nos resultados operacionais da companhia, que superam a cada trimestre as expectativas dos analistas.
No fim de novembro, a Nvidia apresentou o seu balanço referente ao terceiro trimestre fiscal de 2025 e reportou ao mercado lucro líquido de US$ 19,31 bilhões. O volume representa uma alta de 109% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A receita da companhia também quase dobrou em um ano. Como mostramos nesta reportagem, a Nvidia apresentou um volume de US$ 35,08 bilhões no acumulado do período, enquanto as estimativas do mercado era uma receita em torno de US$ 33,17 bilhões.
Quando comparado aos investimentos no Brasil, a distância da performance do bitcoin com os ativos brasileiros é gigantesta. Enquanto o BTC avançou até o momento 135,63%, o Ibovespa – principal índice da B3 – e o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) registraram quedas em dólar 24,91% e de 12%, respectivamente.
A trajetória do bitcoin antes de 2024
Antes da aprovação dos ETFs à vista, o bitcoin enfrentou uma verdadeira montanha russa até ganhar espaço na carteira dos investidores em 2024. Segundo os dados da Elos Ayta Consultoria, desde a criação do bitcoin – em outubro de 2008 – até 2023, os saltos relevantes de preço da mais famosa criptomoeda eram influenciados pelo halving, evento responsável por reduzir pela metade a remuneração dos mineradores de BTC que acontece a cada quatro anos. Já as quedas mais expressivas decorreram de crises no setor de criptomoedas que abalaram a credibilidade do mercado.
Os anos 2020, 2021 e 2022 retrataram bem esse movimento. Durante esse período, a criptomoeda saiu dos patamares de preço inferiores a US$ 10 mil até romper com a barreira dos US$ 60 mil pela primeira vez em abril de 2021. A forte alta refletiu os efeitos do halving que ocorreu em 2020. Logo após a essa guinada, veio o momento de correção dos preços. O ativo digital saiu dos US$ 64 mil para os US$ 29,8 mil, devolvendo mais de 50% da sua valorização durante o intervalo de maio a julho do mesmo ano. Em setembro, houve a recuperação relevante ao passo da criptomoeda quebrar novas barreiras e renovar a sua cotação máxima.
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Já no ano de 2022, o destino do bitcoin foi diferente. O mercado enfrentou um período desafiador, conhecido como “inverno cripto“, com as incertezas em torno da trajetória dos juros nos Estados Unidos e o colapso da FTX, terceira maior exchange do mundo. Os dois eventos foram responsáveis por reduzir o apetite a risco dos investidores e empurrar para baixo a cotação do BTC. “Nenhum mercado duradouro sobe em linha reta. E o bitcoin, ciclo após ciclo, prova isso”, ressalta Beto Fernandes, analista da Foxbit.
Apesar desses períodos que quase colocaram em xeque a credibilidade do bitcoin como um bom investimento, a criptomoeda criada por Satoshi Nakamoto – cuja identidade permanece um mistério – conseguiu acumular uma valorização de 1.206% em um período de cinco anos e ficou no top3 dos ativos mais rentáveis dos mercados globais. A título de comparação, o desempenho superou o da Nasdaq e do S&P500, que registraram durante o mesmo período ganhos em torno de 120,73% e 91,07%, respectivamente.
Os ganhos do bitcoin (BTC) só ficaram atrás das ações da Nvidia e da Tesla (TSLA), que apresentaram valorização de 2.371,61% e de 1.410,03%, respectivamente, nos últimos cinco anos.
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