A Moody’s, agência de classificação de risco de atuação global, avalia que o setor de geração e distribuição de energia elétrica do Brasil tende a se manter em rota de crescimento nos próximos anos. Em apresentação feita na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), representantes da Moody’s apontaram que há perspectiva de “normalização macroeconômica” na América Latina, cenário em que o mercado brasileiro deve seguir liderando.
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No quadro de notas que buscam guiar os investidores sobre o risco de investimentos, a Moody’s coloca o Brasil entre as melhores notas da região para o setor de energia. No subfator “força econômica”, em que se observa escala, dinâmica de crescimento e PIB, o Brasil está com nota A3, a maior e somente igual à do México. Em ‘força institucional e de governança’, a avaliação do País é a quarta melhor, tendo sido elevada recentemente.
Segundo a diretora da Moody’s Ratings, Cristiane Spercel, a melhora sobre a avaliação de força institucional e governança se deu graças ao avanço do Brasil em políticas adotadas nos últimos anos. “Questões como a independência do Banco Central e melhorias regulatórias”, exemplificou. Com as ponderações, o setor fica com o mesmo patamar da nota de crédito do País, elevada para Ba1 recentemente – apenas um degrau abaixo do nível de investimento.
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Apesar da expectativa geral ser positiva, a agência chama a atenção para fatores que podem prejudicar e ocasionar revisões futuras para o crescimento do setor na América Latina como um todo. “A inflação ainda é uma preocupação, tivemos medidas para conter, mas ainda é um risco. Incertezas políticas podem desacelerar o crescimento. Também a sustentabilidade da dívida é um risco – as métricas de crédito pioraram e ainda estão sob pressão”, explicou Cristiane Spercel.
Outro fator de preocupação citado são os efeitos das desigualdades. “Por conta da inflação e custos de geração, que ficaram mais altos, há a preocupação do governo sobre a capacidade da população de absorver as tarifas. Porém, o setor não tem margem para jogar os preços para baixo e a tendência é de que os custos dos serviços de energia sigam encarecendo”, disse a representante da Moody’s.
Ainda, apontou-se como sensível o fator ambiental. “Apesar de a matriz brasileira ser limpa, há intensificação dos períodos de seca. Por isso, acreditamos que as térmicas seguirão essências para atender o consumo de modo perene”, considera Spercel. Diante da perspectiva de importância das térmicas, a agência de risco disse que é preciso observar a tensão com relação ao curtailment – redução ou interrupção forçada da geração de energia em razão de sobreoferta.