Fundamentos sólidos e preços atraentes das empresas listadas na Bolsa brasileira são fatores que devem ser ofuscados em 2025 por um cenário macroeconômico ainda desafiador, avalia a XP, que tem visão neutra para as ações brasileiras no próximo ano.
Leia também
“Nós temos uma visão neutra para as ações brasileiras em 2025. Pelo lado positivo, as ações brasileiras permanecem com preços (valuations) descontados, e os fundamentos das empresas estão sólidos, como pode ser visto por níveis recordes de retorno de caixa para os acionistas e lucros sólidos. Por outro lado, vemos riscos de revisões de lucro para baixo para 2025 devido aos juros em níveis mais elevados”, afirma a casa em extenso relatório.
A XP explica que os desafios macro permanecem no Brasil, com uma inflação crescente e expectativas inflacionárias desancoradas, que devem levar o Banco Central a aumentar os juros de forma significativa.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
“A dinâmica fiscal permanece a principal fonte de preocupação para os investidores, e o pacote fiscal anunciado recentemente pelo governo não reduziu as preocupações – muito pelo contrário. Assim, nós vemos desafios em termos de fluxos para as ações brasileiras em 2025, dado que os investidores domésticos devem seguir aumentando a alocação em renda fixa, enquanto os investidores estrangeiros provavelmente não aumentarão fluxos com o real se desvalorizando rapidamente”, afirma no relatório.
A XP destaca que a Bolsa brasileira foi novamente uma das piores do mundo em termos de performance em 2024. Em dólar, as ações brasileiras estão caindo 24%, um desempenho muito abaixo das ações globais (MSCI World, +18%) e dos mercados emergentes (EEM, +6%). O México também teve um ano muito negativo, caindo 28%, o que não é bom para a América Latina, dado que o Brasil e o México são os mercados mais relevantes da região.
Além disso, ressaltam que historicamente juros mais altos não são favoráveis para as ações brasileiras: desde o ano 2000, o retorno médio do Ibovespa durante ciclos de alta de juros tem sido de -7,26% em reais (-12% em dólares). Excluindo o ciclo de alta de juros durante a pandemia (2021-2022), é de -10,88% (-14% em dólares).
“Após a turbulência recente do mercado e a perda de credibilidade da dinâmica fiscal no Brasil, o mercado já está precificando uma Selic terminal próxima a 15%, o equivalente a um aumento de 4 p.p.”, afirma.
Publicidade
Para a XP, o valuation das ações brasileiras permanece relativamente baixos, com um P/L (preço/lucro) de 8,2 vezes. Além disso, o retorno sobre patrimônio líquido (ROE) permanece saudável em 14%. A corretora destaca, no entanto, que os juros futuros de longo prazo em termos reais estão agora próximos a 7%, o maior nível desde 2015-16, o que deve continuar pressionando os valuations e o potencial de valorização. “Como resultado, reduzimos nossa estimativa de valor justo do Ibovespa para o final de 2025 de 150 mil para 145 mil pontos, de modo a levar em consideração o cenário de juros mais elevados”, afirma.
Nesse cenário, a XP prefere nomes que oferecem carrego sólido (altas TIRs e altos rendimentos de fluxo de caixa), exposição maior ao dólar em suas receitas e balanços fortes. Em termos de setores, a casa tem preferência por Elétricas & Saneamento, Bancos, Commodities, Shoppings e Telecomunicações. “Nós também gostamos de setores com forte dinâmica de lucros, como Construtoras de Baixa Renda e Proteínas”, afirma.