Os juros futuros recuaram nesta terça-feira (14), conduzidos pelo exterior e pelo recuo do dólar e, no fim da sessão, renovaram mínimas com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) que sai amanhã no radar. A inflação no atacado nos EUA, levemente abaixo do esperado, e notícias mais animadoras relacionadas à China favoreceram ativos de economias emergentes como um todo. O alívio nos prêmios de risco se deu num ambiente ainda de liquidez reduzida, e será testado nesta quarta-feira pela divulgação da inflação ao consumidor norte-americano.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 caiu de 14,95% para 14,86% (mínima) e o DI para janeiro de 2027 cedeu a 15,14%, de 15,28%. A taxa do DI para janeiro de 2029 fechou a 15,06%, de 15,29%.
O aumento do apetite ao risco a partir do exterior reduziu a inclinação da curva, com os contratos mais longos cedendo em maior grau. “O PPI nos EUA foi o que deu a direção, tanto o índice cheio quanto em outros recortes. Tivemos ainda o bom desempenho dos novos empréstimos na China, o que ajuda a trazer otimismo aos emergentes, atraindo fluxo, mas o CPI amanhã é que terá maior peso”, afirmou o sócio e estrategista-chefe da EPS Investimentos, Luciano Rostagno.
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O índice de preços ao produtor (CPI, na sigla em inglês) teve alta de 0,2% em dezembro ante novembro, e de 3,3% na comparação interanual, contra medianas de 0,3% e 3,4%, respectivamente, levando a uma pausa no movimento de redução das apostas em corte de juros pelo Federal Reserve.
Da China, o mercado comemorou o forte resultado da concessão de empréstimos em dezembro, que subiram em nível acima do esperado pelos mercados no final de 2024, à medida que Pequim flexibilizou a política monetária. Além disso, segundo a Bloomberg, a equipe econômica do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, estaria discutindo a possibilidade de promover um aumento gradual das tarifas a importações, o que suavizaria impactos inflacionários.
Na seara geopolítica, Israel e Hamas teriam acertado um acordo preliminar de cessar-fogo em Gaza, o que reduz tensões na região. Se o entendimento evoluir para o fim do conflito, haveria um impacto adicional de baixa nos preços do petróleo, que hoje recuaram.
A todo esse cenário, houve resposta positiva do câmbio, com o dólar fechando a sessão abaixo de R$ 6,05, o que suaviza as preocupações com o repasse a preços, servindo também de indutor para o fechamento da curva.
Apesar da queda vista ontem e hoje – e em boa parte das sessões em janeiro -, a maioria das taxas seguem rodando na casa de 15%, encontrando resistência para furar esse nível em função do risco fiscal.
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Rostagno afirma que nos últimos dias têm crescido a expectativa de adoção de medidas complementares ao pacote de corte de gastos lançado em 2024. “As notícias são de que o ministro Fernando Haddad teria conversado com o presidente Lula sobre a necessidade de mais medidas para acalmar o mercado, e ele teria concordado”, diz. “Dá esperança de que o governo pode mudar o rumo da política fiscal.”
Haddad disse hoje que o governo ainda aguarda a aprovação do Orçamento de 2025 para uma definição sobre a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), para garantir que esta faixa atenderá as pessoas que recebem dois salários mínimos. Segundo o ministro, a Fazenda ainda divulgará dados sobre o impacto dessa alteração, mas haverá indicação de medidas de compensação para garantir a mudança sem desequilibrar as contas públicas. “Não tem nada que vai ser feito sem compensação”, garantiu.
Na reta final da sessão, as taxas tiveram alívio extra, renovando mínimas. “Há percepção de que a atividade vai embicar”, afirmou um trader, apontando sinais emitidos por dados antecedentes. Além disso, lembra o profissional, o mercado estaria se preparando para a PMS, amanhã. A mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast aponta queda de 0,5% no volume de serviços em novembro.
Com as taxas recuando desde ontem, a Selic terminal precificada na curva do DI voltou a rodar abaixo de 16%, apontando 15,79% no fim da tarde.
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