Entre os principais índices, o índice Nasdaq registrou a maior alta, de 1,28%, a 20,009,34 pontos. O S&P 500 avançou 0,61%, a 6.086,32 pontos, após tocar 6.100,81 pontos. O Dow Jones subiu 0,30%, a 44.156,49 pontos.
A Capital Economics manteve a previsão de que o índice S&P deva encerrar o ano aos 7 mil pontos com a postura de Trump em relação à tecnologia. “Nossa visão otimista sobre o mercado de ações baseia-se fortemente na suposição de que os benefícios da IA continuarão a se materializar rapidamente no S&P 500, embora se difundam lentamente pela economia dos EUA”, avalia a consultoria.
Os papéis da Oracle, uma das empresas de uma joint venture de IA nos EUA, fecharam com ganhos de 6,73%. Na esteira de ganhos, vieram as ações da SoftBank, que cresceram 10,97%, e da Nvidia, com alta de 4,43%. Os papéis da Netflix também encerram o dia em destaque, com ganhos de 9,69%, após resultados para o quatro trimestre de 2024 além do esperado.
Em contrapartida, mesmo com resultados positivos, as ações da United Airlines recuaram 2,31%. As ações da Ford cederam 3,84% em meio a altos estoques de concessionárias e preços mais fracos para carros novos nos Estados Unidos. Na mesma linha, os papéis da General Motors registram queda (-2,10%).
Moedas globais: dólar tem leve alta
O dólar registrava leve alta ante pares, em um mercado que segue reverberando as potenciais implicações das políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Entre as moedas de países suscetíveis a potenciais taxações, o yuan chinês caiu após o republicano citar que pode impor uma alíquota de 10% sobre produtos da China. O peso mexicano se recuperou da queda da véspera e o dólar canadense continuou penalizado por vendas. O peso argentino se desvalorizou após comentários do presidente da Argentina, Javier Milei.
O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis principais moedas, fechou em alta de 0,10%, a 108,167 pontos. O dólar se apreciou a 156,55 ienes. A libra esterlina recuou a US$ 1,2321. O euro se depreciou a US$ 1,0417. A moeda americana avançou a 1,4387 dólar canadense, mas se desvalorizou a 20,5077 pesos mexicanos.
O dólar se apreciava ante o yuan chinês, após o republicano afirmar que discute a imposição de uma tarifa de 10% sobre os produtos importados da China. O porcentual, contudo, aliviou as preocupações de parte do mercado que esperava uma alíquota mais alta. O dólar subia a 7,2815 yuans no mercado offshore e se apreciou a 7,2728 no mercado onshore.
O peso mexicano conseguiu encontrar um suporte. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse na terça-feira que o seu governo defenderia sua soberania e independência, enquanto buscaria coordenação com os EUA após ordens assinadas na segunda-feira por Trump.
Outra moeda norteada por temas associados a Trump foi o peso argentino. Questionado se estaria disposto a retirar o país do tratado sul-americano para fortalecer as negociações com os americanos, Milei disse que “se a condição extrema for essa, sim”. Mas, após uma pausa, ponderou: “há mecanismos que podem ser usados mesmo dentro do Mercosul”. O dólar blue subia a 1,400 pesos argentinos, segundo o Âmbito Financiero. A ausência de divulgação de dados de primeira linha nos EUA e o período de silêncio de dirigentes do Federal Reserve antes da próxima reunião resultaram em uma sessão relativamente tranquila nesta quarta-feira, disse o Morgan Stanley em relatório.
Juros dos EUA avançam
Os juros dos Treasuries operaram em alta, com os rendimentos avançando de olho nas perspectivas para as tarifas durante o mandato do presidente Donald Trump. Desde a posse, na ausência de medidas concretas sobre o tema, os juros chagaram a recuar, mas ganharam novo impulso diante de novas sinalizações sobre tarifas. O tema domina o mercado na semana, mas, dentro dos próximos dias, a proximidade com a primeira decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed) em 2025 deverá ter maior protagonismo.
No fim da tarde, perto do horário de fechamento da Bolsa de Nova York, o retorno da T-note de 2 anos tinha alta a 4,293%. O rendimento de 10 anos estava subindo a 4,600%. O juro do título equivalente de 30 anos avançava a 4,816%.
Trump considerou impor tarifas de 10% em exportações da China em comentários foram feitos em coletiva de imprensa na Casa Branca. O Danske Bank observa que o foco dos mercados deve permanecer em Trump durante a semana, até que as decisões dos principais BCs retome o foco sobre a macroeconomia na próxima semana.
A Capital Economics espera que a força da economia e a incerteza sobre a política de imigração e comércio levem o Fed a interromper o seu ciclo de flexibilização na reunião da próxima semana, apesar das recentes melhorias nas perspectivas de inflação a curto prazo. A rotação anual de votos entre os presidentes regionais da Fed terá pouco impacto nas perspectivas políticas, uma vez que as decisões tendem a se basear no consenso, pontua a consultoria.
Os juros dos Treasuries podem se manter em nível elevado no curto prazo, avalia a Fitch. A agência nota que houve um aumento recente nos prêmio de prazo, à medida que preocupações com riscos para a inflação nos EUA e perspectivas sobre a oferta de títulos do Tesouro pesam sobre os rendimentos.
Bitcoin cai
O bitcoin operou em queda, após o ativo subir com o entusiasmo pelo lançamento de uma força-tarefa pela Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos Estados Unidos do governo de Donald Trump voltada para criptomoedas. Enquanto investidores aguardam novas medidas para a classe de ativos, o lançamento da cripto de Trump e a de sua esposa chegue sendo debatido.
Segundo a Binance, o bitcoin recuava 2,13%, a US$ 104.638,40, por volta das 17h05 (de Brasília). Já o ethereum tinha queda de 2,02%, a US$ 3.269,66.
Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, aponta que as máximas históricas geralmente são seguidos por uma correção. Ele acredita que, se houver continuidade na recuperação e a moeda ultrapassar o novo recorde, há chance do ativo ir para US$ 112.000/113.000 no curto prazo e uma faixa de preço próxima a US$ 120.000 em algumas semanas, desde que continue nessa tendência.
Segundo o Axios, com base em uma amostra aleatória de 1.391 usuários do CoinLedger, de sua base de centenas de milhares de detentores de criptomoedas, 7,47% negociaram o token oficial Trump do novo presidente até 19 de janeiro, apenas dois dias após seu lançamento. E 1,9% dos usuários negociaram o token Melania Meme em seu primeiro dia de negociação.
A questão levantou discussões, e uma série de críticas. “Do ponto de vista ético, o lançamento da moeda digital por Trump, às vésperas de sua posse, levanta sérias preocupações. A utilização estratégica de sua posição política e do contexto instável para fins financeiros ultrapassa o questionável e se aproxima de uma manipulação deliberada. Ao explorar uma situação volátil para obter lucro pessoal, Trump ignora os padrões éticos esperados de um líder público, especialmente no que tange à influência sobre mercados e públicos vulneráveis””, afirma Daniel Abrahão, economista e assessor de investimentos da iHUB Investimentos especialista no mercado de criptomoedas.
Enquanto isso, o Brasil está mais avançado em questões regulatórias para criptoativos do que os Estado Unidos. As mudanças que potencialmente ocorrerão no setor durante o segundo governo Trump no país não devem ter reflexos na construção das regras por aqui, avalia o advogado Rodrigo Caldas de Carvalho Borges, sócio do escritório Carvalho Borges Araujo Advogados e membro-fundador da Oxford Blockchain Foundation.
*Com dados da Dow Jones Newswires