A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou na noite desta segunda-feira (3) seu relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2024. A empresa teve queda de 10,5% na produção na comparação entre o quarto trimestre de 2024 com o mesmo período de 2023. Já o volume de vendas subiu 1,3% no quarto trimestre de 2024 em relação ao mesmo ciclo de 2023. Analistas do mercado financeiro dividem opiniões sobre os números e como eles podem impactar os dividendos da petroleira.
Para os analistas da XP Investimentos, a principal conclusão vem do declínio marginal na produção de petróleo, uma tendência que era esperada com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Os analistas lembram que no pré-sal a queda de produção de 3,4% em relação ao trimestre anterior e de 9,1% ante o ano anterior se deve principalmente a paradas de manutenção no campo de Búzios, embora isso tenha sido parcialmente compensado pelas plataformas recém-adicionadas.
Na área do pós-sal, a produção da Petrobras aumentou devido ao desempenho das unidades flutuantes de armazenamento e transferência (FPSOs) Anita Garibaldi e Anna Nery, juntamente com o retorno da produção de plataformas que estavam em manutenção, o que ajudou a mitigar os efeitos do declínio natural. Os especialistas dizem também que o preço do petróleo mais baixo deve impactar o balanço da empresa.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
“Projetamos um Ebitda ajustado da Petrobras para o quarto trimestre de 2024 de US$ 10,5 bilhões, uma queda de 10% em relação ao trimestre anterior, impulsionada por menor produção, redução dos preços do Brent de US$ 79 para US$ 74,9 (-6% em relação ao trimestre anterior, 11% em relação ao ano anterior) e preços de derivativos ligeiramente mais baixos em dólar, resultantes da depreciação do real”, dizem Regis Cardoso e Helena Kelm, que assinam o relatório da XP.
Os analistas do Safra destacam que os números da produção ficaram 9% abaixo do que eles esperavam. Eles também culpam a queda nas vendas dos derivados de petróleo em 0,7% na comparação entre o quarto trimestre de 2024 e período imediatamente anterior devido aos volumes menores de diesel (-3,8%), e ao recuo de 6,2% do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). “Isso aconteceu devido à típica sazonalidade da demanda, mas parcialmente compensada por maiores vendas de gasolina (+9,1% no trimestre) e combustível de aviação (+6,4% no trimestre)”, explicam Conrado Vegner e Vinícius Andrade, que assinam o relatório do Safra.
Segundo informações do Broadcast, os analistas do Citi dizem que apesar da menor produção de petróleo e gás do quarto trimestre de 2024, reportada pela Petrobras, os números operacionais permaneceram sólidos. Em relatório, os analistas Gabriel Barra, Pedro Gama e Andrés Cardona dizem que, no refino, o índice de utilização ficou estável em 95%, implicando produção e vendas estáveis no período. “Assim, esperamos que a empresa apresente números sólidos no quarto trimestre”, afirmam.
Quanto a Petrobras deve pagar em dividendos?
Os analistas se dividem na análise sobre os dividendos da Petrobras. A equipe do Citi comenta que espera redução trimestral no Ebitda ajustado e de dividendos ordinários. A estimativa leva em conta os preços de petróleo durante o trimestre, maiores custos de extração devido às maiores paradas para manutenção e um desembolso de investimentos relevantes durante o trimestre para atingir as projeções (guidance) do ano.
O Citi tem recomendação neutra para a Petrobras, com preço-alvo de US$ 15 para as American Depositary Receipts (ADRs), representando uma potencial de valorização de 5,5% ante o fechamento dos papéis no pregão de ontem. Os analistas continuam receosos com as questões de governança da estatal e o preço do petróleo.
Publicidade
Já os demais analistas são mais otimistas. A XP calcula que, mesmo com queda no preço do petróleo, o dividend yield da Petrobras (rendimento em dividendos) tende a atingir 3,4% no quarto trimestre de 2024. Em termos anualizados, seria equivalente a 13,6%. “Prevemos um Fluxo de Caixa Livre (FCL) de cerca de US$ 4,4 bilhões, o que se traduz em um rendimento trimestral de cerca de 5%. Com base na política de dividendos da Petrobras, esperamos dividendos ordinários de cerca de US$ 3 bilhões (3,4% de yield trimestral)”, apontam Regis Cardoso e Helena Kelm.
Preços-alvo para a ação da Petrobras
A corretora diz esperar lucro líquido de US$ 798 para o quarto trimestre de 2024, queda de 87% na comparação com o mesmo período de 2023. A receita líquida deve atingir o patamar de US$ 21,2 bilhões no quarto trimestre de 2024, recuo de 22% na comparação com o mesmo ciclo do ano anterior. A XP tem recomendação de compra para a ação PETR4 com preço-alvo de R$ 46,00 para o fim de 2025, alta de 22,67% na comparação com o fechamento de segunda-feira (3), quando a ação encerrou o pregão a R$ 37,50.
No caso do Safra, a estimativa é de que a Petrobras apresente Ebitda ajustado consolidado de US$ 11,0 bilhões no quarto trimestre de 2024, queda de 5% na comparação com o terceiro trimestre de 2024. Já o lucro líquido estimado é de 4,4 bilhões, com um pagamento de US$ 2,9 bilhões em dividendos ordinários da Petrobras, um rendimento trimestral de 2,8%, o que seria equivalente a um provento anualizado de 11,2%.
O Safra tem classificação de outperform para a Petrobras, que é equivalente à recomendação de compra. O preço-alvo é de R$ 48 para o fim de 2025, uma potencial alta de 28% na comparação com o fechamento de ontem.
Em linhas gerais, a ação da Petrobras é recomendada pela maioria dos analistas. No entanto, o investidor deve se lembrar de que o ativo é considerado de risco por ser de renda variável e as estimativas dos analistas não são garantias de ganho.
Publicidade
*Com informações do Broadcast