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![A Gerdau, com forte presença nos EUA, foi a menos afetada e pode ser até beneficiada pela medida. Foto: AdobeStock](https://einvestidor.estadao.com.br/wp-content/uploads/2025/02/adobestock-1193771352-editorial-use-only2_110220252214.jpg-710x473.webp)
A ordem executiva de Donald Trump impondo 25% de tarifa sobre importação de aço e alumínio nos EUA impactou de formas distintas as siderúrgicas brasileiras. A Gerdau (GGBR4), com forte presença nos EUA, foi a menos afetada e pode ser até beneficiada pela medida, posição que ficou refletida na sua valorização de cerca de 6% da semana. Já CSN (CSNA3), mais exposta à exportação, sentiu os primeiros impactos, assim como a e Usiminas (USIM5), que se recuperou e passou a entregar ganhos de 5% desde segunda.
O investidor precisa ter em mente que, no curto prazo, a volatilidade vai predominar diante do que os analistas acreditam ser um ruído provocado pelo estilo Trump de negociação. O real impacto de suas medidas dependerá da negociação entre os países. Por isso, especialistas de mercado apontam que os mais conservadores deveriam reduzir exposição no setor, enquanto os de perfil arrojado podem enxergar oportunidades à frente.
Para Victor Bueno, analista da Nord Investimentos, o momento é de cautela já que, primeiro, é preciso saber se as medidas vão, de fato, serem implementadas. “Quem está posicionado em Gerdau, por exemplo, não vai ter grandes impactos. Na verdade o que a gente enxerga é um impacto positivo para as ações”, comenta. Para Usiminas e CSN a tendência é de adaptação e busca por outros mercados. “Ainda que parte da receita dependa do mercado externo, a maior parte dela vem do mercado interno. Então, não seria um impacto catastrófico”, diz Bueno. Por isso o investidor deve ficar com o radar ligado para ver como essas empresas serão afetadas.
A Gerdau tem diferencial por ter fábricas nos EUA, o que permite ampliar sua produção naquele país. Já a Usiminas enfrentaria o risco de ter estoques de laminados de aço encalhados. “Forçaria a companhia a direcionar suas vendas para o mercado interno, para setores de infraestrutura e energia renovável, que terá novos investimentos este ano no Brasil”, argumenta Gustavo Valente, CEO da Sinergy Advisors.
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A Gerdau, que gera cerca de 33% do faturamento nos EUA, se beneficia da medida de Trump. A CSN, porém, é mais prejudicada porque 30% de sua receita vem de exportações. A Usiminas tem uma menor dependência externa, cerca de 15% de seu faturamento.
Por isso, a leitura é de que o tarifaço de Trump seria positivo para a Gerdau e pouco relevante para as outras duas, e também para a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), cuja produção é focada para o mercado nacional. “Investidores das siderúrgicas devem ficar atentos às mudanças no cenário de exportação”, resume Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos.
A nova barganha de Trump
De forma geral, a interpretação é de que medida de Trump pode servir apenas como estratégia de barganha, abrindo espaço para negociações antes de sua implementação definitiva. “Assim como ocorreu com a tarifa sobre a Colômbia, que foi rapidamente descartada por questões comerciais, e com as tarifas sobre Canadá e México. É provável que vejamos uma abordagem similar de Donald Trump ao aço“, diz Matheus Spiess, estrategista da Empiricus.
As ameaças de medidas protecionistas seriam o pretexto para negociar uma melhor competitividade, ou reindustrialização dos Estados Unidos, que nas últimas décadas terceirizou sua produção, principalmente para a China.
“Todas essas companhias são mais ameaçadas pela importação do aço chinês do que pela tarifa de exportação aos Estados Unidos”, diz Luiz Fernando Araújo, diretor de Investimentos da Finacap. Desde 2018, o Brasil enfrenta um aumento expressivo nas importações de aço da China, que mais que triplicaram no período, pressionando a indústria local.
Naquele ano, o próprio Trump impôs tarifa de 25% sobre as importações de aço, afetando diversos países, incluindo o Brasil. Para mitigar os impactos dessa medida, o Brasil negociou um acordo que estabeleceu cotas rígidas sem incidência da tarifa para a exportação de produtos siderúrgicos aos EUA, acordo que vigorou até este novo anúncio de Trump. Ele alega agora que as importações brasileiras de aço da China cresceram significativamente, o que ameaçaria a segurança nacional dos EUA na sua visão.
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Como essas medidas pressionam para cima a inflação dos EUA e consequentemente os juros, em direção oposta aos interesses do governo americano, o mercado acredita que haverá um novo acordo antes da materialização das novas tarifas de Trump. “Eles também têm interesse em não ser tão agressivos”, opina Spiess.