A Suzano (SUZB3) reportou prejuízo líquido de R$ 6,737 bilhões no quarto trimestre de 2024, mostra documento enviado ao mercado na noite de quarta-feira (12). O número veio 5,8% pior que o esperado pela Prévias Broadcast, que era de prejuízo de R$ 6,367 bilhões. O resultado deste trimestre significa uma reversão do lucro de R$ 4,515 bilhões no mesmo período de 2023. Analistas do mercado financeiro, no entanto, comentam que o resultado amargo já era esperado pelo mercado e o investidor não deve se desesperar.
Os analistas da Genial Investimentos comentam que o resultado operacional da empresa foi “bom, mas os custos preocupam”. Eles comentam que o prejuízo da Suzano de R$ 6,7 bilhões ocorreu devido à variação cambial da dívida bruta e contratos de hedge (proteção) do dólar. No entanto, eles dizem que esses fatores não possuem efeito no fluxo de caixa, portanto, não vão penalizar o investidor.
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O que de fato preocupa os analistas são as despesas da Suzano. Os custos da produção de celulose ficaram em R$ 807 por tonelada, cerca de 4,7% acima do que era esperado pela Genial. Eles afirmam que, mesmo que esse número signifique uma redução de 6,5% dos custos na comparação entre o quarto trimestre de 2024 e o terceiro trimestre de 2024, o ganho de eficiência com a planta em Ribas do Rio Pardo (MS) ficou em um nível um pouco inferior ao que eles estimavam.
“Dessa forma, a diferença positiva da receita líquida e o que esperávamos não foi refletida integralmente no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) consolidado da empresa”, apontam Igor Guedes, Luca Vello, Isabelle Casaca e Iago Souza, que assinam o relatório da Genial.
Vendas de celulose e papel se destacam no balanço da Suzano
Para os analistas da XP Investimentos, os números vieram em linha com o esperado, com o Ebitda ajustado, que mede o resultado operacional, em R$ 6,5 bilhões, cerca de 1% abaixo das estimativas dos analistas. A receita líquida somou R$ 14,2 bilhões, cerca de 7% acima das expectativas da XP. “Destacamos os volumes de vendas de celulose e papel da Suzano como o principal destaque sobre os resultados de hoje, com os preços em reais compensando os preços de referência da celulose mais fracos”, dizem Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, que assinam o relatório da XP.
Já os analistas do Safra afirmam que os resultados superaram as estimativas devido a embarques maiores de celulose e menores despesas operacionais. Eles comentam que tal fator mais do que compensou o maior custo pela tonelada da celulose com menores despesas operacionais, enquanto os preços realizados vieram relativamente em linha com os números calculados pelos especialistas.
O que o investidor deve fazer com as ações SUZB3?
Embora o investidor possa se assustar com o prejuízo, todos os analistas reforçam que ele não passa de uma questão contábil e descartam impacto no caixa da empresa. Por isso, a recomendação é de compra. A XP Investimentos tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 92, alta de 58,7% na comparação com o fechamento de quarta-feira (12), quando a ação encerrou o pregão a R$ 57,97.
“Com um desempenho decente no quarto trimestre de 2024 e considerando nossa perspectiva positiva para os preços da celulose, acreditamos que a Suzano está bem posicionada para capitalizar o ponto de inflexão em curso no ciclo da celulose. Além disso, com o fluxo de caixa significativo após a aceleração do Cerrado, vemos a ação SUZB3 como atraente”, argumentam Laghi, Nippes e Urbano.
Impacto da cotação do dólar para a Suzano
A Genial Investimentos também recomenda compra com preço-alvo de R$ 72,00 para fim de 2025, alta de 24,2% na comparação com o fechamento de quarta-feira (12). Os especialistas dizem que os preços da celulose devem subir ao longo do ano devido à demanda global que se mostra aquecida. Além disso, o preço da celulose antes dos repasses recentes negociava abaixo do custo marginal de players do hemisfério norte, desafios logísticos e paradas de manutenção, que costumam levar a atrasos de entrega e afetar pontualmente a oferta.
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“Os anúncios sobre tarifas aplicadas por Trump acabaram elevando as expectativas de inflação nos EUA, com o banco central local adotando uma postura dura e elevando os juros nos EUA. Com isso, esperamos que a taxa de câmbio volte a subir e rodeie o patamar de R$ 6,00 ao longo do primeiro semestre de 2025, tendendo a ser positivo para a empresa que exporta em dólar”, dizem Guedes, Vello, Casaca e Souza.
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Já a Ativa Investimentos tem recomendação de compra para a Suzano com preço-alvo de R$ 68 para o fim de 2025, alta de 17,3% na comparação com o fechamento de quarta-feira. “Vemos uma companhia bem posicionada para capturar a robustez dos fundamentos atuais do mercado de celulose, que também se beneficia do aumento da relação real ante dólar. A empresa também segue sendo negociada com desconto interessante frente ao múltiplo EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) médio dos últimos três anos”, explica Ilan Arbetman, que assina o relatório da Ativa. O otimismo do mercado financeiro com a Suzano (SUZB3) está alto.