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O Pão de Açúcar (PCAR3) reportou um bom resultado operacional no quarto trimestre de 2024, mas os números da reestruturação ofuscaram o brilho do balanço, dizem analistas consultados pela reportagem nesta quarta-feira (19). Ontem, o Grupo Pão de Açúcar reportou prejuízo líquido consolidado de R$ 1,1 bilhão no quarto trimestre de 2024, piora de 264,6% em relação ao prejuízo consolidado de R$ 303 milhões reportado em igual período de 2023.
Os analistas da Genial Investimentos lembram que a empresa apresentou um bom resultado operacional, com receita bruta de R$ 5,6 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 6,3% na comparação com o mesmo período de 2023. O número ficou 0,7% acima do esperado pela corretora. Eles também destacam que as vendas das mesmas lojas, indicador que mede o crescimento de negócios em um mesmo ponto ao longo de um ano, foi de alta de 9,6%.
Para os especialistas, os números mostram que o Grupo Pão de Açúcar será destaque no setor em termos de crescimento. “Entendemos que a dinâmica positiva pode ser explicada tanto por um impulso dos preços no período quanto pela captura de ganhos de ajustes estratégicos realizados nas bandeiras Pão de Açúcar e Mercado Extra — gerando um aumento consistente de volume de vendas”, explicam Iago Souza e Nina Mirazon, que assinam o relatório da Genial.
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A equipe da XP Investimentos destaca que a rentabilidade do Pão de Açúcar, medida pela margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), cresceu 1,4 ponto porcentual em um ano no fim do quarto trimestre de 2024. A melhora ocorreu devido ao resultando de eficiências em despesas comerciais, gerais e administrativas e alavancagem operacional. Já a rentabilidade bruta, medida pela margem bruta, cresceu 0,2 ponto porcentual por causa de melhores condições comerciais com fornecedores e capturarão de clientes via propagandas na internet (retail media).
De acordo com informações do Broadcast, os resultados operacionais do Pão do Açúcar no quarto trimestre de 2024 foram considerados positivos pelo Citi, que destaca que as vendas tanto no Pão de Açúcar quanto no Extra surpreenderam positivamente. O banco avalia, no entanto, que a empresa ainda precisa melhorar sua estrutura de capital.
Resultado do Pão de Açúcar ainda preocupa analistas
Em relatório, o analista do Citi João Pedro Soares destaca que a disciplina financeira, no que diz respeito a despesas gerais e administrativas, mais do que compensou a margem bruta mais baixa. Apesar dos números positivos, o Citi ainda tem preocupações em relação ao varejista. “Ainda vemos o GPA relatando perdas, mesmo ajustadas para eventos pontuais; isso significa que a empresa ainda precisa melhorar sua estrutura de capital”, afirma o banco.
A XP Investimentos diz que o prejuízo líquido do Pão de Açúcar foi fortemente impactado por R$ 272 milhões em despesas relacionadas a temas estruturais e R$ 291 milhões em despesas relacionadas a provisões fiscais e trabalhistas. Eles dizem que o fluxo de caixa livre atingiu R$ 981 milhões, principalmente devido à conta fornecedores, reduzindo a alavancagem para 1,6 vez no múltiplo Dívida Líquida / Ebitda Ajustado – à parte da Normas Internacionais de Relatório Financeiro (ex-IFRS) –, em comparação a 2,9 vezes no terceiro trimestre de 2024.
“No entanto, devemos ver algumas saídas de caixa relacionadas a acordos fiscais nos próximos trimestres, com uma parte esperada para o primeiro trimestre de 2025 e a outra distribuída ao longo dos trimestres a partir do terceiro trimestre de 2025. A empresa também observou que a reestruturação administrativa deve gerar R$ 100 milhões em economias em 2025”, explicam Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, que assinam o relatório.
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O Grupo Pão de Açúcar vive um momento de reestruturação após uma série de prejuízos seguidos. Os analistas da Genial Investimentos reforçam que a empresa está com R$ 12,57 bilhões de passivos fora do balanço, o que equivale a cerca de 8,7 vezes o atual valor de mercado da companhia. “Apesar de o montante ser bastante significativo, nos últimos 12 meses, o GPA trabalhou extensivamente para reduzir esse valor em R$ 3,16 bilhões. Ainda há muitos desdobramentos a serem feitos em relação a este tópico e acreditamos que, sem dúvidas, ele é o maior responsável pela volatilidade das ações no mercado”, detalham Souza e Mirazon.
Investidor deve comprar as ações do Pão de Açúcar?
De modo geral, os analistas dizem que esse ponto das reestruturações ainda não foram resolvidos e podem continuar pensando sobre o lucro da empresa. O analista do Citi destaca que a varejista ainda luta para ter uma maior conversão de caixa, mesmo com o aumento das vendas da empresa e a melhora da margem de lucratividade. “Enquanto o trabalho avança, preferimos ver uma melhoria mais robusta no lucro líquido e geração de caixa antes de revisitar nossa tese”, afirma o profissional.
O Citi manteve recomendação neutra para as ações do Pão de Açúcar, com preço-alvo de R$ 3,40 para a ação da empresa, representando um potencial de valorização de 16% sobre o fechamento do papel no último pregão. A Genial tem recomendação de manter para PCAR3 com preço-alvo de R$ 3,50 para o fim de 2025, alta de 19,45% em relação ao fechamento de terça-feira (18), quando a ação encerrou o dia a R$ 2,93.
A XP tem recomendação neutra para Pão de Açúcar (PCAR3) com preço-alvo de R$ 3,00 para o fim de 2025, alta de 2,39% na comparação com o último fechamento. “Mantemos nossa recomendação neutra por enxergarmos riscos de execução quanto à reestruturação operacional e notarmos um ambiente competitivo desafiador para as operações do GPA, uma vez que empresas nichadas e regionais continuam expandindo suas operações”, concluem os analistas.
*Com informações do Broadcast
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