

O Itaú BBA estima que o lucro do Banco do Brasil (BBAS3) neste ano ficará em R$ 37,5 bilhões, próximo ao piso das projeções de desempenho (guidances) fornecidos pela estatal ao mercado. Na visão da casa, o balanço do BB deve se beneficiar menos da alta dos juros que em outros períodos, além do que o custo de crédito deve continuar alto.
Combinados a mudanças regulatórias que pesarão sobre o capital, estes fatores devem pressionar a distribuição de dividendos do BB, de acordo com os analistas. Após elevar para 45% a fatia do lucro paga aos acionistas em 2024 (payout), o Banco do Brasil estabeleceu uma faixa de pagamento entre 40% e 45% neste ano.
“Estamos com uma visão mais conservadora para as despesas com provisões, porque uma carteira renegociada maior impacta o custo de crédito”, afirma a equipe liderada pelo analista Pedro Leduc, em relatório enviado a clientes.
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O BBA afirma que a maior parte do crescimento da carteira renegociada veio dos segmentos de pequenas e médias empresas e de pessoas físicas e que uma fatia menor se deve aos clientes do segmento agro, que tem sido o de maior alta na inadimplência.
Além disso, a carteira renegociada do BB cresceu R$ 8 bilhões em 2024, contra uma redução de cerca de R$ 4 bilhões nos bancos de tamanho similar. “Também temos observado uma cobertura de provisões sequencialmente menor para a carteira renegociada e um aumento significativo nas baixas a prejuízo, indicando maiores perdas efetivas nos portfólios agro e de grandes empresas”, diz Leduc.
Qual o efeito da alta nos juros no Banco do Brasil?
O BBA também vê uma mudança no perfil do balanço do banco que deve reduzir o efeito positivo da alta de juros em relação ao último ciclo de aperto da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Banco Central (BC), entre 2021 e 2022. Naquele momento, de acordo com o BBA, a maior parte dos ativos rentáveis, 52%, estava aplicada em títulos, com a maior parte em pós-fixados e apenas 44% em crédito. Agora, a relação é de 47% e 48%, respectivamente.
Além disso, a porção dos depósitos vinda de fontes como poupança e depósitos judiciais, menos sensíveis à Selic, caiu de 60% para 50% no mesmo período. “Desafios de margem provavelmente serão uma realidade para o BB em 2025, o que não soa bem diante de um custo de crédito em alta.”
O BBA manteve recomendação market perform (equivalente a neutro) para as ações do Banco do Brasil, com preço-alvo de R$ 30, o que indica um potencial de alta de 6,9% em relação ao fechamento da última sexta-feira (7).
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