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Colunista

Estratégia tarifária de Trump coloca EUA no centro da turbulência econômica

Medidas protecionistas abalam relações comerciais, elevam custos internos e favorecem concorrência internacional.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Imagem: Isac Nóbrega/PR/Agência Brasil)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Imagem: Isac Nóbrega/PR/Agência Brasil)

Desde que o presidente Donald Trump iniciou seu segundo mandato em janeiro de 2025, os mercados financeiros globais têm sido abalados por políticas comerciais agressivas, especialmente tarifas elevadas impostas a parceiros econômicos estratégicos como Canadá, México e China. Essas medidas desestabilizaram relações comerciais de longa data, provocaram retaliações e aumentaram a apreensão dos investidores.

A reação imediata do mercado foi intensa. O índice S&P 500 registrou uma queda significativa de 2,7% recentemente, enquanto o Nasdaq-100 recuou 4%, representando algumas das maiores perdas diárias recentes. Esses declínios estão diretamente ligados a preocupações crescentes sobre uma possível recessão nos EUA e ao impacto inflacionário gerado pelas tarifas.

As implicações econômicas mais amplas também são preocupantes. A estratégia tarifária agressiva resultou em custos mais altos para consumidores e empresas americanas, uma vez que exportadores estrangeiros frequentemente repassam os custos adicionais. Esse aumento de preços afetou o sentimento do consumidor e gerou temores de desaceleração econômica.

Nesse cenário de incerteza, a China emergiu como uma grande beneficiária. O país aproveitou o foco isolacionista dos EUA para fortalecer sua posição nos mercados globais. Seu domínio nos setores de energia verde—como produção de baterias, veículos elétricos, módulos solares e turbinas eólicas—solidificou seu papel de liderança nessas indústrias. Apenas em 2024, a China exportou cerca de US$ 340 bilhões em produtos de tecnologia sustentável, reforçando seu compromisso com a inovação e a transição energética global.

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A volatilidade financeira observada desde a posse de Trump pode ser amplamente atribuída às políticas tarifárias de sua administração, que desestruturaram redes comerciais tradicionais e semearam incerteza econômica. Enquanto isso, a China soube explorar esse ambiente, ampliando sua influência e consolidando-se como um dos principais atores da nova ordem global.

Recentemente, o presidente Trump reconheceu que os EUA estão passando por um “período de transição” devido a ajustes econômicos, mas não descartou a possibilidade de uma recessão. Especialistas, como os economistas da Goldman Sachs, reduziram a previsão de crescimento do PIB para 1,7%, citando políticas comerciais adversas como fator contribuinte.

Os desdobramentos das políticas comerciais de Trump revelam um padrão claro: enquanto os Estados Unidos endurecem suas relações comerciais e lidam com volatilidade nos mercados, outros países, especialmente a China, encontram brechas para expandir sua influência global. O risco de recessão não é apenas uma preocupação passageira, mas um reflexo estrutural das mudanças na ordem econômica mundial. O protecionismo pode fortalecer setores estratégicos no curto prazo, mas, no longo prazo, pode isolar a economia americana e acelerar a ascensão de novos líderes globais. Se essa tendência se consolidar, os Estados Unidos podem enfrentar não apenas um desafio econômico interno, mas também uma transformação geopolítica que redefine seu papel no mundo.

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