

As ações da Natura (NTCO3) desabaram 29,94% na última sexta-feira (14) após a empresa divulgar um balanço com margens pressionadas. Ainda assim, analistas do Itaú BBA dizem que vale a pena comprar o papel mesmo após a companhia ter reportado um balanço negativo com um prejuízo de R$ 438,3 milhões no quarto trimestre de 2024.
Os analistas do banco dizem que o mercado ficou muito preocupado com as margens pressionadas, mas que acabou se esquecendo de outro ponto do balanço da empresa: a aceleração da receita da Natura. A varejista reportou crescimento de 63,1% deste item no quarto trimestre ante um ano antes, para R$ 7,747 bilhões.
“A receita líquida acelerou, impulsionada pelo forte crescimento da marca Natura, mais do que compensando um desempenho mais fraco da Avon (embora já esperado por alguns). No entanto, esse ponto positivo do balanço acabou sendo ofuscado por tendências de margem mais fracas”, dizem Rodrigo Gastim, Vinicius Pretto, Victor Rogatis e Kelvin Dechen, que assinam o relatório do Itaú BBA.
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Eles comentam que a parte da redução da margem de lucratividade pode estar relacionada com a disparada das receitas, visto que a empresa preferiu um ganho menor para aumentar as vendas, com a proposta de ganhar na quantidade. No entanto, a queda central das margens não veio desse suposto sacrífico.
Custos elevados no balanço fazem ações da Natura desabarem
Conforme os analistas, a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustada, que mede a rentabilidade operacional ajustada, foi de 9,1%, 3,2 pontos porcentuais abaixo das expectativas do Itaú BBA. Esse número foi pressionado por investimentos em projetos estruturais, inovação, despesas de TI e marketing. Ou seja, mesmo o balanço foi prejudicado pelos custos da transição pela qual a empresa está passando, mas no longo prazo, os analistas dizem que a situação tende a melhorar, mas de uma forma um pouco mais lenta.
Essa também é a perspectiva para as ações da Natura. “Os custos de transformação também foram uma surpresa negativa, atingindo R$ 260 milhões (acima dos R$ 132 milhões no terceiro trimestre, e tivemos R$ 137 milhões no quarto trimestre) devido ao fechamento do Centro de Distribuição na Argentina e ao anúncio do novo modelo comercial da Natura no México. O comentário da administração de que o nível de custos de transformação deve ser mantido foi outra surpresa negativa”, apontam os especialistas.
Mesmo assim, os eles comentam que a ação está sendo negociada a múltiplos atrativos e que esse momento atual é uma fase de médio prazo, tornando o papel atraente para investir agora. O Itaú BBA classifica a ação da Natura (NTCO3) como outperform, desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra. O preço-alvo é de R$ 17 para o fim de 2025, alta de 78,94% em relação ao fechamento de sexta-feira (14), quando a ação encerrou o pregão a R$ 9,50.