

A XP (XPBR31) emitiu uma nova nota sobre o relatório publicado na última quarta-feira (12) por uma pequena casa de análises norte-americana chamada Grizzly Research. No documento, a Grizzly acusa a XP de operar um esquema de pirâmide financeira alimentado pela venda de Certificados de Operações Estruturadas (COEs) e pela atuação de dois fundos de investimento da instituição, o “Gladius” e o “Coliseu”. Na data em que o relatório chegou ao mercado, as ações da empresa de Guilherme Benchimol chegaram a ceder quase 6%.
Neste segundo comunicado, publicado no domingo (16), a XP reafirma o compromisso com a transparência, reforça que as alegações da Grizzly são falsas e explica o funcionamento dos fundos citados. “A XP vai reagir com energia contra mais essa fake news, com todo um arsenal de medidas legais, como já fez no passado contra esse mesmo tipo de acusação inverídica”, afirma, no mais novo comunicado.
De acordo com a corretora brasileira, os fundos Gladius e Coliseu são exclusivos da Tesouraria da instituição e têm a XP como única cotista. Diferentemente do que foi apontado pela Grizzly, o eles não dependeriam da entrada de novos participantes para gerar resultados.
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“O resultado das suas carteiras é fruto da atuação da XP em diversos mercados e instrumentos nos quais a companhia tem uma participação significativa, especialmente, a remuneração por serviços de formação de mercado e liquidez em diversos segmentos de indústria financeira, cobrindo tanto investidores do varejo quanto clientes corporativos e institucionais”, afirma a XP. A casa de análises norte-americana questionou, no polêmico relatório, os ganhos dos dois produtos, de mais de 2.419% em cinco anos e “sem volatilidade”.
A XP diz que os veículos também possuem administradores e custodiantes autônomos, como a BNY Mellon, que, segundo a corretora brasileira, asseguram a conformidade dos ativos, a liquidação das operações e o cumprimento de normas e regulamentos. As carteiras do Gladius e Coliseu também são regularmente examinadas por auditores independentes especializados, como a PwC, “que revisa e certifica as demonstrações financeiras dos fundos, garantindo sua transparência e conformidade com as normas contábeis e regulatórias”.
Dependência de COEs?
Um das principais questões apresentadas pelo relatório da Grizzly é a suposta dependência da venda de COEs para que a XP registre resultados – esses produtos levantam polêmica no mercado e são conhecidos por gerarem comissões atrativas para escritórios, ao passo que nem sempre são vantajosos para os clientes, como explicamos nesta reportagem.
Sobre este ponto, a instituição financeira alega que atualmente tais produtos estruturados representam somente 3% dos investimentos sob custódia. “Além disso, por ter um preço comparável e em linha a outros ativos de investimento, sua relevância para a os resultados da companhia é também similar à sua representatividade em custódia (aproximadamente 3%)”, diz a XP.
A empresa ainda acrescenta que nos últimos três anos, cerca de 80% dos clientes que adquiriram COEs tem performance acima de 100% do CDI, com rentabilidade média de 111% e custos entre 0,7% e 1% ao ano, em linha com “outros produtos compatíveis no mercado.”
Quem é a Grizzly Research?
Grizzly é uma pequena firma de análises financeiras com sede em Nova York e que atua em uma modalidade conhecida como “short seller”, cuja atuação consiste em vasculhar os números de empresas listadas em bolsa de valores em busca de eventuais problemas e fazer apostas no mercado financeiro para lucrar caso as ações dessas companhias se desvalorizem. Depois de feitas as apostas, as consultorias com o perfil da Grizzly soltam relatórios denunciando os supostos problemas das empresas e ganham dinheiro quando os papéis caem – por vezes, em função do próprio conteúdo divulgado nos relatórios.
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Segundo informações da página da empresa no Linkedin, a companhia possui de dois a dez funcionários. O E-Investidor tentou contato com a Grizzly via redes sociais oficiais, já que não há número de telefone disponível, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
“Essas casas lucram derrubando os preços das ações e títulos das empresas que supostamente analisam. Em seguida, as informações falsas são impulsionadas por meio de perfis nas redes sociais que buscam engajamento e cliques a qualquer custo e logo entra em campo uma indústria de litígios”, diz a XP, em nota.